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A mostrar mensagens de agosto, 2015

Deslumbre e inquietude

J.-M. Nobre-Correia Média : A evolução das tecnologias da comunicação são cada vez mais de natureza a tonar possível uma informação rigorosa e exigente. E, no entanto, derrapagens e derivas são dia a dia mais frequentes… Vivemos tempos simultaneamente entusiasmantes e preocupantes. Entusiasmantes sobretudo para os que ficam deslumbrados, fascinados, com as revoluções sucessivas e intermináveis em termos tecnológicos. Revoluções que fazem que, em matéria de média e de informação, o mundo em que vivemos pouco tenha ainda a ver com o de há 40 anos ou o de apenas 20. Com as formidáveis implicações que tiveram na vida quotidiana de todos nós e, mais pontualmente, na maneira como passámos a poder ter acesso a uma colossal proliferação das fontes de informação. E até como pudemos, cada um de nós, deixar de ser apenas receptores e sermos também doravante emissores de informação. E no entanto, vivemos tempos preocupantes no que diz respeito à qualidade da informação a que t

Uma iniciativa nada inocente...

J.-M. Nobre-Correia Média : Maria de Belém Roseira escolheu o momento em que António Costa era entrevistado na Sic para anunciar a sua intenção de se candidatar à Presidência da República. O que é estrategicamente significativo… A lista dos exemplos poderia ser longa. Limitemo-nos porém a recordar aqui um só, célebre, que data de há quase um quarto de século : em 16 de março de 1981, em vésperas de eleições presidenciais de 26 de abril e 10 de maio, François Mitterrand, primeiro secretário do Partido Socialista francês, é o convidado anunciado da prestigiosa emissão de televisão “Cartes sur table”, na Antenne 2 (futura France 2 ). O presidente da República Valéry Giscard d’Estaing consegue então contrariar o impacto de tal emissão na imprensa do dia seguinte, convidando no mesmo dia catorze diretores de diários de província ao Eliseu e dando-lhes uma entrevista. Consequência desta iniciativa de Giscard d’Estaing : a imprensa do dia seguinte partilha de facto primei

A máquina de perder está em marcha !

J.-M. Nobre-Correia Política : Há razões objetivas que não deveriam deixar de ser favoráveis a um regresso da esquerda ao governo e à presidência da República. Mas há também aparelhos e prima-donas que apostam apenas neles próprios… Estamos em tempo de eleições. Ou, pelo menos, elas aproximam-se a passos largos. Primeiro as legislativas, depois a presidenciais. Teoricamente as condições de fundo são em princípio favoráveis à vitória da esquerda, nas primeiras como nas segundas. Haja embora o “caso José Sócrates” que risca de explodir em qualquer altura (judiciosamente escolhida pela juiz de instrução, pretendem alguns) [ 1 ] . E haja também a ideia (no mínimo curta), que a direita e os média ao seu serviço conseguiram impor, de que o governo socialista precedente (e apenas ele) foi o responsável pela atual situação financeira e económica do país. Para além destas duas contrariedades, todo o resto (ou quase) é potencialmente favorável a resultados eleitorais maiorit