Da quieta melancolia à morte lenta…

J.-M. Nobre-Correia

A informação geral impressa vai pouco a pouco definhando. Perante a indiferença do mundo político…

Na outrora chamada Europa ocidental, Portugal é o país onde se leem menos jornais. E onde são publicados menos jornais diários, tendo em conta a superfície e a demografia do país. O pós-25 de Abril fez desaparecer a maioria dos diários de informação geral ditos “nacionais” de Lisboa e do Porto. Mas a crise da imprensa em Portugal é manifestamente grave desde há decénios. Nela se conjugaram erosão consequência da proliferação de rádios, televisões e média em linha com o velho descrédito da informação jornalística e a tradicional iliteracia. Veio depois juntar-se-lhes a mais recente crise dos investimentos publicitários e do poder de compra dos cidadãos, dando uma machadada abaladora ao sector.
Porém, parlamentos e governos sucessivos têm preferido ignorar tal situação. Até porque desde que os média escaparam à alçada do Estado, o mundo político prefere não afrontá-los, essenciais que são para proporem aos cidadãos uma imagem indispensável em democracia eletiva. Mas também por manifesto desinteresse do mundo político pelo bom funcionamento da democracia representativa, para a qual a qualidade da informação é todavia um elemento contributivo essencial.
Nestes novos tempos de maioria parlamentar das esquerdas, esperava-se que parlamento e governo tomassem iniciativas determinantes na matéria. Um ano depois, nem uma agulha buliu na quieta melancolia do sector !…


 Texto publicado no blogue A Vaca Voadora, Lisboa, 16 de outubro de 2016.

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