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A mostrar mensagens de janeiro, 2017

Um paroquialismo indesejável

J.-M. Nobre-Correia Média : Há maneiras de escrever na imprensa portuguesa, e nomeadamente pelos chamados “comentadores”, que põem em evidência o que a separa fundamentalmente das suas congéneres europeias… Vicente Jorge Silva tem o nome já gravado na história contemporânea da imprensa portuguesa. Porque esteve na origem do relançamento do Comércio do Funchal que, em tempos de salazarismo, passou a ter evidente audiência em meios jovens e intelectuais do continente. Porque criou a “Revista” do Expresso , onde a reportagem e a investigação passaram a fazer parte do jornalismo português. Porque lançou o Público , que constituiu uma lufada de ar fresco e inovador na imprensa nacional. Hélas !, trois fois hélas ! , Silva dá-nos hoje no Público — a que regressou e onde é agora titular da última página das edições de domingo — uma triste ilustração do que há de paroquial no jornalismo deste país. Pela boa razão que a função de Silva, neste caso concreto, é ser cronista

Um pedido de boicote absurdo

J.-M. Nobre-Correia Média : Um grande nome da literatura portuguesa propõe que se deixe “de comprar o Público ”. Sugestão tanto mais estranha que os escritores se queixam dos baixos índices de leitura. Ou será que os jornais são assim tão lidos ?… Um dos romancistas portugueses mais em vista, fez esta madrugada uma estranha proposta aos seus “5000 amigos” no Facebook : “Por favor, deixem de comprar o Público ”. Com a seguinte argumentação : “ O jornal foi abastardado, transformou-se numa tarjeta panfletária de interesses muito localizados, muito desmascarados, muito à mostra. Todo um fingimento descaradamente foleiro. Não há, a nenhum respeito, a menor confiança naquilo. Um cartaz ou uma pichagem («Vivam os nossos amados patrõezinhos, mai-las suas opiniões !») resolvia-lhes o servilismo, escusavam de tanto aparato de letras e bonecos. Menos 5000 leitores, eu sei, significa pouco. Basta que o engenheiro beneficiário suba o preço de alguns iogurtes e estará compensado. Mas o sent

Amálgamas que impedem de ver claro

J.-M. Nobre-Correia Média : Quando os defensores daquilo que consideram ser um jornalismo de qualidade manifestam solidariedades estimáveis, mas fazem processos de intenção que são teoricamente inadequados… Anda por aí uma grande agitação nas chamadas redes sociais ! E isto porque vários cronistas (“colunistas” como se diz em português traduzido do inglês) têm sido dispensados, uns atrás dos outros, por novas direções de jornais. Como já acontecera antes por ocasião da entrada em funções de outros novos diretores. É sempre desolador quando jornalistas do quadro ou jornalistas permanentes avençados são despedidos pelos média. Que mais não seja porque é esse o ganha pão deles. E a extremamente circunscrita paisagem mediática portuguesa não lhes garante que consigam arranjar de novo emprego na mesma área. Ainda menos quando a situação financeira dos média é globalmente bastante crítica, como é o caso atualmente. Por outro lado, é trágico ver profissionais arredados de uma prof

A triste demonstração…

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J.-M. Nobre-Correia Média : Sabíamos que vivíamos num país onde a informação de qualidade é escassa e até bastante ligeira. Mas o falecimento hoje de Mário Soares trouxe a prova de uma situação ainda mais desoladora… Há um princípio de base aplicado em todas as redações dos grandes jornais (impresso, radiofónicos ou televisivos) e sobretudo nos jornais de referência : preparar   o mais cedo possível a necrologia de um(a) grande homem (ou mulher). A partir do momento em que ele (ela) ocupa altas funções. Quando passa a ter uma idade avançada. Quando adoece com séria gravidade. Pela simples razão que ele (ela) pode vir a desparecer de um momento para o outro. É preciso ter então os textos e ilustrações, os documentos sonoros ou vídeo, devidamente preparados para dar resposta à procura dos leitores, ouvintes ou espectadores. E ter a lista cuidadosamente preparada dos especialistas que convirá convidar para escrever ou entrevistar. Para procurar ser editorialmente melhores e mais