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A mostrar mensagens de abril, 2018

Fim de um longo capítulo

J.-M. Nobre-Correia Média :  O texto aqui publicado ontem suscitou grande curiosidade (confirmada pelo número de páginas vistas). Acrescentemos-lhe então duas informações complementares sobre a atualidade vindoira do  Jornal do Fundão . A primeira : no número da próxima quinta-feira, o  Jornal do Fundão  publicará um texto de Maria Teresa e Maria José Paulouro (filhas de António Paulouro, fundador e primeiro diretor do semanário), assim como de Fernando Paulouro Neves (sobrinho de António Paulouro e seu sucessor como diretor), explicando a saída da família da empresa editora do jornal. A segunda : os novos proprietários do  Jornal do Fundão  serão obrigados a deixar as instalações atuais situadas na rua …Jornal do Fundão ( ! ) o mais tardar dentro de dois meses, sendo o edifício propriedade das irmãs Maria Teresa e Maria José Paulouro. Um edifício da varanda do qual o presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, em visita, saudou o povo do Fundão em janeiro de 1963…

Do hermetismo à transparência

J.-M. Nobre-Correia Média : A mudança de propriedade do  Jornal do Fundão  que vai ser anunciada parece tomar aspetos de  matriosca  russa : a boneca mostrada ao público esconderá talvez outra que não convém ser vista… Uma antiga redatora do  Jornal do Fundão  retoma no  Facebook  o editorial do diretor interino do semanário na sua última edição. O que leva o leitor negligente a ter que ler o dito editorial, o que não é nada hábito, dado o estilo pouquíssimo jornalístico da dita prosa. E a peça da página 2 do jornal de ontem prova uma vez mais o hermetismo de uma escrita para iniciados, quando é a limpidez que deve ser caraterística do jornalismo. Claramente, o dito editorial (intitulado enigmaticamente “Só nós ou também os outros ?”) deixa antever o próximo anúncio da mudança de propriedade do  Jornal do Fundão [ 1 ] . É sabido já há algum tempo que as filhas do falecido António Paulouro, fundador e primeiro diretor do  Jornal do Fundão , venderam ao grupo Global Média a parte

Espantos de um estrangeirado-retornado

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J.-M. Nobre-Correia * Para quem viveu toda a vida profissional na “capital da Europa”, Portugal é uma caixinha de surpresas mediáticas e de tristes constatações ! As surpresas não vêm das estruturas socioeconómicas dos média, de que se tomou conhecimento de longe. Mas sim da prática quotidiana da informação e, no caso do audiovisual, da conceção da programação. Na maior parte dos média, a informação diária é construída em torno de três ingredientes : o sensacional (que provoca medo, repulsa, revolta), a partidarite (sobretudo em torno de comunicados e declarações de líderes, de ministros e do inevitável presidente da República) e o futebol (com especial enfâse para as elucubrações de treinadores, presidentes e capitães). A hierarquização entres eles varia porém de um dia para o outro. O resto, pouca importância merece. A atualidade estrangeira e internacional é diminuta e tratada segundo as agências anglo-norte americanas. Enquanto a economia e a cultura, fora da abordagem polít

Vivemos num país formidável ! 2

J.-M. Nobre-Correia Ordens : Vivemos de facto num país formidável : a sorte que nós temos !… E eu é que vivi quase toda uma vida (mais de 45 anos) num país atrasadito ! Um país que, é certo, foi historicamente o segundo na Europa a iniciar o processo de industrialização. De velha tradição democrática. Que nunca conheceu censura desde a sua independência. E que só a universidade em que estudei e trabalhei conta o dobro de prémios Nobel de Portugal inteiro. Mas um país que, apercebo-me agora, não tem a felicidade de contar, como Portugal, com um sem número de corporações que usufruem de formidáveis regalias e ultrapassam claramente a suas razões de ser teóricas, funcionando como perturbadores permanentes da vida política do país… A propósito do “Dia da Saúde”, o  Diário de Notícias de hoje abre as suas colunas ao “bastonário da Ordem dos médicos”, à “bastonária da Ordem dos enfermeiros” e à “bastonária da Ordem dos farmacêuticos”. E, na mesma área, ainda lá faltam pelo menos a d

Vivemos num país formidável ! 1

J.-M. Nobre-Correia Telejornais : Vivemos de facto num país formidável : a sorte que nós temos !… Nos anos 1950-60, a televisão foi impondo o seu ritmo nos lares europeus. Sobretudo com o telejornal, as famílias começaram progressivamente a iniciar o jantar (e mais tarde, nos anos 1970, o almoço) à hora do programa de informação. No caso português, a aberração que consiste em que as três televisões generalistas tenham os seus telejornais à mesma hora, faz que 20h00 seja a hora em que muitas famílias se sentam à mesa para jantar e se informar. Pois bem, hoje às 20h00, a  RTP 1 (…televisão de “serviço público”, ao que parece) transmitia um encontro de futebol feminino entre a Bélgica e Portugal (aliás nestas últimas semanas, os “diretos” de futebol às 20h00 têm sido muito frequentes). Por seu lado, na  SIC , o telejornal começou manifestamente antes da hora para logo à hora normal nos anunciar durante quase um quarto de hora a “crise no Sporting” ! E para bem informar os cid

O que há de inédito no jornalismo português

J.-M. Nobre-Correia O jornalismo português tem práticas absolutamente inéditas no jornalismo europeu (…mas é verdade que eu não conheço todos, todos os jornais europeus) ! Assim o caso Rui Tavares, cronista trissemanal de última página (uma boa meia página !) do  Público . Crónica assinada como “historiador, fundador do Livre”. O que significa que o facto de se ser dirigente de um partido político em Portugal não impede que se seja também cronista periódico de um jornal português !… Mas há mais, hoje (sexta-feira 6 de abril) o dito cronista periódico (o que faz dele um homem da casa) é entrevistado e fotografado em página inteira no mesmo jornal !… Decididamente, o jornalismo português tem práticas que o jornalismo europeu desconhece !… Para que não haja mal-entendidos : Rui Tavares é um intelectual perfeitamente estimável. O que não é estimável é este triplo estatuto que o  Público  o faz assumir hoje : dirigente político, cronista e comissário de conferência entrevistado…

O respeitinho é muito bonito !

J.-M. Nobre-Correia Fundão : Quando os leitores de um blogue são particularmente   numerosos, abstendo-se no entanto cuidadosamente de assinalar uma presença e de manifestar uma opinião… Dentro de precisamente um mês, este blogue fará quatro anos. E até agora, o texto que teve mais sucesso foi um sobre a noção de censura (“Uma indesejável confusão”). Só que este texto foi publicado em 30 de julho de 2015 e já foi retomado no Facebook por ocasião do primeiro e do segundo aniversários da sua publicação, multiplicando por conseguinte as consultas. E trata-se de um texto que interessou certamente estudantes e professores de jornalismo, o que explica o seu sucesso. Porém, logo a seguir, em vias mesmo de ultrapassá-lo, vem o texto sobre o Jornal do Fundão (“Em fase de grandes manobras” [ 1 ] ) publicado há apenas três semanas, em 14 de março. E o texto publicado anteontem (“Esta terra merece melhor…”), em   3 de abril, aproxima-se a passos largos dos dois textos evocados. No entan

Esta terra merece melhor…

J.-M. Nobre-Correia Fundão : Quando incompetência e ilegalidades têm transformado a cidade numa mostra de ruínas e de atentados aos mais elementares princípios da estética arquitetónica e urbanística… Tão longe quanto a memória permite ir, sempre correu água no Chafariz das Oito Bicas. De duas, de três ou de quatro bicas, mas nunca das oito ao mesmo tempo, é certo. Mas agora a grande novidade é que o Chafariz das Oito Bicas está seco, totalmente seco ! E isto depois das obras que, felizmente, graças à intervenção crítica de cidadãos, não caíram no ridículo arquitetónico e urbanismo desenhado por “especialistas” camarários. Os mesmos, ao que parece, que se esqueceram de estudar previamente a questão das condutas de água que abastecem o chafariz ! Que o mais emblemático chafariz público do Fundão esteja a seco é tragicamente significativo do descalabro urbanístico e arquitetónico em que se encontra esta terra. É verdade que isso não data de agora. E até talvez se possa dizer que