O respeitinho é muito bonito !
J.-M. Nobre-Correia
Fundão : Quando os leitores de um blogue são particularmente numerosos, abstendo-se no entanto
cuidadosamente de assinalar uma presença e de manifestar uma opinião…
Dentro de precisamente um mês, este blogue
fará quatro anos. E até agora, o texto que teve mais sucesso foi um sobre a
noção de censura (“Uma indesejável confusão”). Só que este texto foi publicado
em 30 de julho de 2015 e já foi retomado no Facebook por ocasião do primeiro e
do segundo aniversários da sua publicação, multiplicando por conseguinte as
consultas. E trata-se de um texto que interessou certamente estudantes e
professores de jornalismo, o que explica o seu sucesso.
Porém, logo a seguir, em vias mesmo de
ultrapassá-lo, vem o texto sobre o Jornal
do Fundão (“Em fase de grandes manobras” [1])
publicado há apenas três semanas, em 14 de março. E o texto publicado anteontem
(“Esta terra merece melhor…”), em 3 de
abril, aproxima-se a passos largos dos dois textos evocados.
No entanto, e muito curiosamente, estes
últimos dois textos, se bem que muito consultados, dão lugar a muito poucos
“gosto” e ainda menos “comentários”. O que quererá significar três coisas :
que, no fim de contas, os textos sobre o Fundão interessam muitos leitores
deste blogue ; que estes leitores se interessam particularmente por uma leitura
crítica da vida da cidade (e não à l’eau
de rose como lhe propõem os média locais) ; mas daí até manifestarem
publicamente, aos olhos do mundo, que gostaram e que até têm comentários a
fazer vai uma grande distância…
Este último aspeto leva a concluir que a
“cultura” do salazarismo, com o respeitinho imposto às instituições e aos “notáveis”
da terra, deixou profundas marcas no comportamento das pessoas. E que, quase 44
anos depois, os cidadãos continuam a considerar que mais vale viver arredados
de assuntos que deveriam democrática e civicamente interessar-nos a todos. De
modo a que os pequenos potentados locais [2]
não continuem a impor-nos soberanamente as suas decisões arbitrárias e os seus
atentados à legalidade…
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