Sinal dos tempos em que vivemos

J.-M. Nobre-Correia
Homenagem, ontem, a José Afonso, por ocasião da passagem do 32° aniversário do seu falecimento. Estavam presentes umas 150 pessoas. Mas nem uma com menos de uns 50-60 anos ! Todas com uns 60, 70 ou mesmo mais de 80 anos…
As novas gerações deste país desconhecem o que José Afonso representou nos tempos do salazarismo. O que as letras de muitos dos seus cantos manifestavam como resistência à ditadura, à miséria, à repressão. O que as músicas de muitos dos seus cantos representavam como redescoberta de um formidável cancioneiro popular lamentavelmente esquecido.
Esta ausência dos jovens traduz de facto um triste sinal dos tempos em que vivemos. E um triste reflexo dos programas de média audiovisuais nacionais em que impera a música anglófona, mais umas brasileirices e as musiquinhas dos amigalhaços/as com quem se partilham copos, comezainas, festas e namoradas/os.
Média audiovisuais que soberanamente ignoram as músicas espanhola, francesa, italiana,… Músicas de países que, como Portugal, fazem parte da mesma União Europeia e que, em pé de igualdade com a música anglófona, tanto se tocavam e cantavam nos anos 1960 deste país.
Média audiovisuais que arrogantemente ignoram a riqueza extremamente diversificada da música que se toca e canta nas aldeias e nos campos recônditos deste Portugal que os pedantes alfacinhas ignoram e mesmo desconhecem…
Longa vida ao cancioneiro de José Afonso !…

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