As palavras como traição

J.-M. Nobre-Correia
Há sempre qualquer coisa de estranho quando um média fala de um cidadão estado-unidense dizendo ou escrevendo “afro-americano”. Mas, claro — já repararam? —, nunca dizem ou escrevem um “euro-americano”!…
No primeiro caso, trata-se de um “negro”: é isso que os média nos querem significar. No segundo caso, não o qualificam com um prefixo porque se trata de um estado-unidense “branco”, que faz parte do grupo étnico que globalmente detém o poder económico, político e militar.
Depois, as raras vezes que os média têm que falar daqueles que são os verdadeiros americanos, que têm historicamente como origem a América, o continente americano, chamam-lhes “índios”…
O que quer dizer que os termos que os média utilizam nunca são neutros. São muitas vezes fruto de uma mera inconsciente irresponsabilidade, atribuível até à pura ignorância. Porque os termos que os média empregam são de facto traiçoeiros e traduzem, com maior ou menor subtileza, uma maneira de nos propor uma leitura da história e uma perceção particular da realidade social…

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