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A mostrar mensagens de janeiro, 2021

O novo folhetim diário

  O folhetim diário agora na estação dita de “serviço público”, a RTP, é o do número de ambulâncias no Hospital de Santa Maria. O género de “reportagem” que não pede esforço: é ali mesmo ao lado e basta estender o micro e a câmara a um ou outro, pouco importa quem!…  

Procura-se assunto para novo folhetim…

Que chatice! Os média portugueses vão deixar poder de dar continuidade ao folhetim baseado em “fugas” instrumentalizadoras que nos propuseram tão diligentemente durante longas semanas… Agora, para além da pandemia, vão ter que arranjar outro assunto para um indispensável folhetim que não exija investigação jornalística e seja só dar seguimento às “fugas-de-boas-fontes”… A propósito: ouviram falar desta decisão do Conselho da União Europeia? Longamente? Detalhadamente? É que os média amadores de folhetins não gostam mesmo nada que lhes estraguem o enredo!…  

Já é tempo, mais que tempo!…

Quando é que as rádios e as televisões deste país param de estender diariamente, em todos os jornais, os micros e as câmaras a todos os mais diversos representantes de ordens, associações e sindicatos de médicos e enfermeiros em procura da notoriedade pessoal e de instrumentalização “engagée”? Quando é que os jornalistas passarão a documentar-se devidamente e irem para “o terreno” para fazerem (verdadeiras) reportagens e (verdadeiras) entrevistas que nos permitam compreender o que se passa? O que se passa não só em termos negativos, catastróficos, mas também em termos de iniciativas positivas, prometedoras? Quando é que os jornalistas das rádios e das televisões deste país vão deixar de anunciar dados novos da pandemia em termos de resultados de futebol? E deixarão de falar em termos ansiogénicos de caos, de pânico, reforçando irresponsavelmente o clima depressivo em que vivemos? Quando é que, um ano depois, os jornalistas deste país se decidem fazer um balanço crítico do que foi a prá

Não!, Não!, poupem-me este horror!…

Non!, mais ce n’est pas possible!  Entrei em greve de televisão portuguesa, saturado que estou com o que vejo como tratamento jornalístico da atualidade. Limito-me a ver apenas o primeiro e, por vezes, o segundo minutos iniciais para ver …si le ciel nous est tombé dessus! Vejo todos os dias o telejornal das 12h55 (11h55 em Portugal) da RTBF belga e o das 20h00 (19h00 em Portugal) de France 2 para me sentir informado. Mas horror dos horrores: o segundo assunto do telejornal francês é sobre a pandemia em Portugal, com uma reportagem e uma entrevista de um dos sinistros médicos que nos massacram quase diariamente na RTP! É uma das dificuldades a que é confrontado um repórter: chega a um país estrangeiro a pergunta, a um colega com quem entra em contacto ou então a alguém da sua embaixada, quem poderá entrevistar sobre o assunto da reportagem. E, a maior parte das vezes, indicam-lhe alguém que passa regularmente numa televisão deste país estrangeiro! La boucle est bouclée!… Os detentores d

Haja quem lhes explique!…

Quem é que explica a estes detentores da carteira de jornalista da RTP que um sumário de um telejornal não tem que se limitar a apenas três títulos? Um sumário é um primeiro apanhado rápido dos principais assuntos da atualidade. Os espectadores apressados ou com falta de tempo contentar-se-ão com este primeiro apanhado. Outros haverá que considerarão que não há assuntos suficientemente interessantes para poderem ficar pelos títulos e não terem que ver todo o telejornal. Outro princípio que deveria ser explicado aos ditos detentores da carteira de jornalista é que um dos três títulos não tem que ser imperativamente sobre futebol, como o é de facto diariamente. Em país nenhum da Europa o futebol é um assunto considerado como obrigatoriamente importante e a ser necessariamente tratado pelos média.    

Da responsabilidade dos média

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  J.-M. Nobre-Correia A evolução da pandemia como da vida política põe seriamente em questão a qualidade do jornalismo de que dispomos… Os jornalistas formam um meio profissional singular. E uma das caraterísticas do meio é sentir-se autorizado a falar de tudo e todos (felizmente) e a criticar tudo e todos (embora desprovido por vezes de pertinência). Outra, é detestar que haja quem, no exterior, se permita falar do jornalismo praticado e ouse criticá-lo. E, como são os jornalistas que fazem os média, a crítica tem pouco acesso a estes. Acrescente-se o facto de “a classe” gostar pouco que exercícios internos de crítica sejam levados ao conhecimento de leitores, ouvintes ou espectadores. Porém, nos dias de horror que vivemos, há razões sobejas para nos interrogarmos sobre o jornalismo em matéria de pandemia e de eleições. Quando o covid 19 atacou Portugal, diversas agremiações e personagens do mundo médico-sanitário tomaram de assalto os média. Assalto tanto mais facilitado que se prati

O grau zero do jornalismo

Estes detentores da carteira de jornalista não sabem documentar-se, recolher elementos de informação, gravar-filmar gente relevante ligada ao assunto, elaborar um trabalho de síntese, montar a peça e apresentá-la? Ou, ao que parece, só sabem mesmo estender micros e câmaras, e fazer “diretos” com o mesmíssimo género de personagens dos dias anteriores ou com o/a homem/mulher que passa ali mesmo à mão? Desgraçado “jornalismo” este que é o grau zero da profissão! E pobres de nós!…

Como no tempo dos jornalistas-todo-o-terreno…

  O jornalismo praticado na RTP é de facto inacreditável!… É aquele que foi enviado para Inglaterra para cobrir os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia (como especialista dos assuntos europeus, supõe-se) que entrevista a ministra da Saúde (como especialista de assuntos médicos, supõe-se). Depois é o especialista do futebol apresentador do telejornal que entrevista um médico amigo (supõe-se) tratando-o por Bernardo e este tratando-o por Carlos (tudo entre amigalhaços)… Vivemos na incompetência assumida irresponsavelmente como competência. Como se ainda estivéssemos nos tempos dos jornalistas-todo-o-terreno e na consequente incompetência! O que explica que sejamos assim tão escandalosamente mal informados por uma televisão pública que todos pagamos!… No telejornal das 13h00 tivemos hoje direito a 43 minutos de covid! Boa parte dos telejornais europeus já teriam terminado há muito. Depois, o especialista de futebol, apresentador de telejornal, …anunciou futebol para depois da

Um verdadeiro horror!

Eu que, em criança e adolescente, fui um grande consumidor de jornais e de rádios, e depois, já adulto, de televisões, já não suporto mais ver este desfile quotidiano de médicos no telejornal da RTP 1 e esta conceção ansiogénica da cobertura jornalística da atualidade. Um verdadeiro horror quotidiano! Felizmente, graças à minha antena parabólica, posso ver telejornais estrangeiros! O que se passa em Portugal é jornalisticamente trágico, absolutamente trágico! E democraticamente inquietante!…    

Há telejornais e telejornais!

Hoje vi o telejornal das 12h55 (11h55 em Portugal) da RTBF, a televisão pública belga francófona, o telejornal das 13h00 da RTP 1, o telejornal das 20h00 (19h00 em Portugal) da pública France 2 e o telejornal das 20h00 da RTP 1. Os telejornais da RTP são insuportavelmente ansiogénicos, insuportavelmente demonstradores de o-que-não-está-a-funcionar-bem (esquecendo-se que eles é que estão a funcionar horrivelmente mal!) e insuportavelmente quase-monotemáticos!… Nos telejornais da RTBF e de France, o tratamento da pandemia é importante, mas não catastrofista, não ansiogénico. Dão nomeadamente grande importância a iniciativas pró-ativas, positivas, perante a crise. E não se esquecem do resto da atualidade no país e que o mundo, a economia e a cultura também existem …”esquecendo-se” a maior parte das vezes de falar de futebol!… Vi dolorosamente o telejornal das 13h00 até ao fim, às 14h16! Agora, com o telejornal das 20h00, aproveito o (escandaloso) “intervalo” publicitário das 20h40 …para i

Deixem-me fazer uma confissão!…

J.-M. Nobre-Correia Amanhã vou (antecipadamente) votar. E deixem-me fazer-lhes uma confissão: pela primeira vez na vida, em eleições belgas ou portuguesas, vou votar em alguém que não é exatamente do meu agrado. Mas vou votar seguindo um raciocínio tático e direi até estratégico que vale o que vale, mas é o meu. Vou votar, primeiro, contra o candidato da extrema direita fascistoide, o que é uma evidência para mim e o que nem sequer merece mais explicações da minha parte. Direi apenas o que é uma evidência: quanto mais eleitores votarem nos outros candidatos, mais a percentagem de votos daquele indivíduo será reduzida. Vou votar, em seguida, contra o atual detentor da função. Porque detesto esta omnipresença egocêntrica exibicionista de alguém que ultrapassa regularmente as suas funções de presidente da República, que procura mostrar que é ele que governa e faz (quando não governa nem faz), que não assume as suas responsabilidades quando deveria assumi-las (como em Tancos, por exemplo)

O facho foi à polícia!

Será normal que um candidato a eleições políticas (neste caso presidenciais) entre numa esquadra de polícia para fazer campanha? Ou serei eu que vivi a maior parte da minha vida num país de velha democracia consolidada e faço este tipo dde perguntas? E vou ser claro: diria isto mesmo a propósito de qualquer partido. Mas acrescento também que acho absolutamente inadmissível que as autoridades (nomeadamente a nível local) tenham permitido esta intrusão na dita esquadra. Serão estas autoridades locais devidamente repreendidas?… As forças de segurança não devem manter e afirmar uma atitude de neutralidade nas nossas sociedades democráticas?!…  

Os horizontes de uma ambição

J.-M. Nobre-Correia Detida pelo Estado e um grupo privado, a situação da agência  Lusa  é pouco favorável à sua desejável expansão… O   artigo  que publiquei  no  Público [ 1 ]   a propósito das mudanças anunciadas no capital da Vasp e da  Lusa , suscitou algumas interrogações, sobretudo a respeito da agência de informação. Concretamente, como fazer que a  Lusa  possa vir a ser uma grande agência internacional de língua portuguesa? Isto é: uma agência capaz de cobrir a atualidade no mundo e de interessar média, instituições e empresas dos países de língua portuguesa? A  primeira iniciativa deveria ser a de reforçar o capital da agência alargando significativamente o leque dos acionistas por intermédio de  uma série de sociedades que representem (os) diferentes tipos de clientes : > uma sociedade que reagrupe             • a imprensa nacional e regional  de informação jornalística,             • as rádios nacionais e regionais,             • as televisões nacionais e regionais,      

"Marcelo", "Marcelo", "Marcelo"…

  Os detentores da carteira de jornalista da RTP sabem que Marcelo Rebelo de Sousa é candidato às próximas eleições presidenciais? E dão-se conta de como estão a tratar a (não-)infeção de Rebelo de Sousa pelo covid (e escrevo não-infeção porque ainda não se sabe exatamente o que se passa em termos médicos)? Não acham que estão a fazer uma cobertura altamente exagerada do assunto referente a Rebelo de Sousa? Espantem-se depois que Rebelo de Sousa não precise de fazer campanha!…    

Fartos de médicos-pavões !…

Contando a RTP com a colaboração de um médico infectologista que tem o sentido da pedagogia para explicar (quase) diariamente a situação em matéria de pandemia, por que é que depois temos direito a todo um desfile de médicos-pavões que querem absolutamente passar na televisão por pura vaidade egocêntrica ou por puro cálculo de promoção social, profissional ou política? Estamos fartos, fartos, fartos de médicos-pavões! Fartos de médicos que, em vez de trabalharem, de darem o seu contributo para resolver a trágica situação atual, passam o tempo a fazer relações públicas pessoais nos média e sobretudo na televisão! Basta desta caricatura de jornalismo…  

Interrogações que se querem evitar

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  J.-M. Nobre-Correia O futuro da distribuidora de jornais como o da agência de informação são postos em questão, perante uma estranha indiferença… A notícia da mudança de acionistas da Vasp e da Lusa caiu numa quase total indiferença. O silêncio foi praticamente total, da parte dos média como dos poderes públicos, o que é significativo. Quando é o futuro mesmo da informação e dos média em Portugal que dependerá das mudanças anunciadas. Com a venda de 33,33% do capital da Vasp pela Impresa (de Francisco Pinto Balsemão) ao Grupo Bel (de Marco Galinha), este, que controla já o Global Media Group, passa a deter 66,66% da distribuidora, conservando a Cofina (de Paulo Fernandes) os outros 33,33%. O que quer dizer que Galinha poderá decidir doravante, soberanamente, os destinos de boa parte da imprensa portuguesa. Decidindo dos custos da distribuição de diários e periódicos (não diários) e da remuneração dos editores (seus concorrentes) como dos vendedores. Decidindo também da maior ou menor

O jornalismo televisivo que temos

J.-M. Nobre-Correia Assuntos escassos e tratamento técnico rudimentar redundam numa cobertura da atualidade, no mínimo, inconsistente… Quando se veem regularmente, e até quase quotidianamente, telejornais de diversas estações públicas europeias, os principais telejornais da RTP 1 são absolutamente confrangedores. Muito embora durem duas, três e até mesmo quatro vezes mais tempo do que os das colegas europeias, a pobreza do conteúdo é manifesta: uma variedade de assuntos muito limitada, tratados com uma indigência de meios técnicos e humanos evidente. Esquematicamente, os principais telejornais das 13h00 e das 20h00 começam com um sumário em três títulos (seguidos de publicidade), em que um é quase sempre mais ou menos sensacionalista e outro imperativamente sobre futebol. Depois, o alinhamento é esquematicamente o seguinte: um  jornalismo-em-folhetins  que é desde há longas semanas o covid. Com os inevitáveis números do dia de contágios, internamentos e falecimentos. Com a evocação, di

A indispensável redefinição

J.-M. Nobre-Correia Nestes últimos meses, o lado bastante insatisfatório da informação e dos conteúdos propostos pelos média tornou-se mais evidente… O ano que findou, com a horrível pandemia que nos assolou e a campanha eleitoral que começou, pôs particularmente em evidência as insuficiências do panorama mediático português, do jornalismo que nele se pratica e da programação que o audiovisual propõe. Manifestamente, há urgência em redefinir prioritariamente os contornos, as estruturas de funcionamento e as missões dos serviços públicos de rádio, de televisão e em linha; e em redefinir também os critérios de exigência técnica e cultural de contratação do seu pessoal. Como há que procurar absolutamente relançar uma imprensa por ora extremamente frágil, exageradamente pouco plural (não há uma só publicação dita « nacional » com uma sensibilidade levemente progressista !) e nada « regionalizada », de modo a que a informação dos cidadãos não continue a ser exclusivamente concebida pelos mi