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Uma opção que é sempre um erro

  J.-M. Nobre-Correia Pode um jornal que se quer   “ de referência ”, como o  Diário de Notícias ,  considerar que a demissão das direções de outros diários , como o  Jornal de Notícias  e  O Jogo ,  não é acontecimento suficientemente importante (num país que conta tão poucos diários) para ser noticiada na s suas  ediçõ es  em papel  e  em linha? E o facto destes mesmos diários fazerem parte do mesmo grupo que o próprio   Diário de Notícias   será suficiente para explicar esta ausência   do assunto? É que tal conceção editorial  levará  certamente boa parte d os seus leitores a sentirem-se insuficientemente informados e a procurarem informar-se em média concorrentes . O que não constitui nunca uma opção positiva em termos de estratégia comercial como de reforço da ligação de confiança do leitorado com “o seu” jornal…  

Como é possível?!

J.-M. Nobre-Correia Como é possível que a direção da informação da RTP tenha ousado pôr um José Rodrigues dos Santos, personagem altamente tendencioso em toda a informação que trata, a entrevistar um candidato ao secretariado geral do Partido Socialista e potencial primeiro-ministro ?! Basta ver os assuntos com que aborda inicialmente a entrevista. Por enquanto (às 20h45) nada, absolutamente nada, diz respeito ao futuro do partido e do governo. Nada sobre projetos para o futuro ! À s  20h46 evoca então o futuro. Mas uma vez mais o que lhe interessa é saber o que se passará em termos de alianças com outros partidos ! E mais concretamente se se vai aliar com os papões BE e PCP ! Assim a atitude do entrevistado perante os casos atualmente em justiça referente a personagens do PS. Como é que a pública RTP não tem VERGONHA, vergonha, de deixar este indivíduo cheio de tiques de toda a ordem apresentar um telejornal e entrevistar um homem político, seja ele qual for ? E como é que os homens p

Reequacionar a abordagem

J.-M. Nobre-Correia Captar o burburinho do mundo de outro modo, explorar o potencial de novas ferramentas e escrever numa linguagem capaz de seduzir novas gerações… Um dos “grandes” grupos de média portugueses foi objeto de importantes alterações na propriedade do capital. Pelo que a composição do seu conselho de administração foi modificada. E os novos responsáveis acharam por bem proceder rapidamente a um “despedimento coletivo” de 150 trabalhadores, iniciativa que tem tido numerosos antecedentes no mundo dos média, e mais particularmente da imprensa escrita, por essa Europa fora. Para esta maneira de proceder é dada quase sempre a mesma justificação: a crise económica dos média. Crise para a qual são avançadas explicações conhecidas: proliferação do sector audiovisual a partir dos anos 1970, com a inevitável fragmentação das receitas entre numerosos atores; crise dos investimentos publicitários, consequência de movimentos de fundo que alteraram fortemente a partilha entre imprensa e

Como explicar esta indiferença?

J.-M. Nobre-Correia O Global Media quer despedir 150 a 200 trabalhadores. Pondo assim em questão o futuro do  Diário de Notícias , do  Jornal de Notícias  e da  TSF … Ontem o  Jornal de Notícias , do Porto, não foi publicado. O seu pessoal estava em greve e desfilou pelas ruas da cidade. Uma cidade “apática, indiferente, distante”, a acreditar no texto publicado no Facebook por um jornalista de reconhecidos méritos que acrescentava: “ Que Porto é este que se incendeia pelos desentendimentos da bola e não sai à rua pela defesa do  JN , enquanto é tempo? ” Esta interrogação circunstancial tem de facto uma dimensão bem mais larga. O que leva as gentes da cidade e da região portuense a deixarem morrer  O Comércio do Porto  e  O Primeiro de Janeiro , e a nem sequer sair agora à rua em apoio ao  Jornal de Notícias , o último diário generalista a ser ainda publicado no Porto? Poderá a segunda maior cidade do país, a autointitulada “capital do Norte”, não dispor de pelo menos um grande diário

Julgavam que era a coutada deles…

J.-M. Nobre-Correia O caso da gémeas brasileiras tratadas em Santa Maria tem dado lugar a manobras que põem em evidência a verdadeira natureza do autor da cunha…   Este Marcelo Rebelo de Sousa quer tomar-nos por parvos! No seu estilo manobreiro e intriguista inato, procura absolutamente convencer-nos estes dias que não é em nada responsável da inacreditável história das gémeas brasileiras! Como se nós não soubéssemos bem que qualquer chefe de Estado por essa Europa fora dispõe de uma coorte de próximos colaboradores, reunidos nomeadamente nas chamadas “casa civil” e “casa militar”. E, bem evidentemente, não é ele que atende todos os telefonemas, que abre e lê todos os sms, “mails” e correios postais. Que não é ele que recebe todos os visitantes no palácio presidencial. Nem é ele que dá todos os telefonemas nem escreve todas as mensagens ou cartas que emanam do dito palácio. Mas, claro está, quando alguém tem contactos orais ou escritos com colaboradores diretos do dito chefe de Estado,

Evitar a vertigem do precipício

J.-M. Nobre-Correia “Piano, piano se va lontano”, dizem os nossos amigos italianos. Como esta velha novela político-mediática que parece finalmente eclodir… Ele vai implicar toda a gente possível e imaginável , toda  ! Começou por  fazer  evocar antigos governantes e altos responsáveis na área da saúde. Passou depois para colaboradores seus na Casa Civil. E já vai na família e até mais particularmente no  seu próprio  filho. Mostrando assim de que massa é feito .   E  do que é capaz sem uma onça de escrúpulos e de vergonha… Mas em geral, os média  sempre lhe  acharam graça e foram-se deixando instrumentalizar .   Até   por que ele passou a ser um grande fornecedor de histórias que lhes permitiam encher  facilmente  espaço e tempo de antena.  E já lá vão cinquenta anos que isso acontece.  Pelo que é pouco provável que agora o deixem cair . Aliás, n enhum tem suficiente autoridade  em termos de audiência e de prestígio  para poder  realmente  tomar tal atitude… A acumulação de caçarolas

Faz mesmo falta animar a malta?

J.-M. Nobre-Correia Num tempo de eleições partidárias e legislativas, seria desejável que a prática jornalística fosse para além das “opiniões” e das sondagens… Desde que o coautor e mesmo principal autor do golpe de Estado palaciano que o levou irresponsavelmente a dissolver uma vez mais a Assembleia da República, os nossos média andam num grande estado de excitação. Com as eleições internas do futuro secretário-geral do Partido Socialista. E com as anunciadas eleições legislativas de março. Porém, em vez de mandarem para o terreno jornalistas competentes em matéria política, para indagarem como se desenrola a campanha interna no seio do PS, o que pensam os seus militantes e como regem aqueles que participarão nas eleições do futuro líder do partido, as redações tomam sobretudo dois tipos de iniciativas. Põem uns “colunistas” (quantas vezes meros achistas) a pontificar sobre o “Carneiro” (apelido) e o “Pedro Nuno” (nome próprio) — ignorando assim uma regra elementar do jornalismo. E,

Os nossos “brandos costumes”

J.-M. Nobre-Correia Os média portugueses ditos “nacionais” vão mudando de proprietários e de direções perante a indiferença geral dos “meios dirigentes”…   As grandes fortunas estão muitas vezes envoltas em mistérios. E era o caso da dos irmãos gémeos ingleses David e Frederick Barclay que, entre muitas outras atividades de negócios, tinham tomado o controlo em junho de 2004 de  The Daily Telegraph  e  The Sunday Telegraph , célebres diário e semanário middle-market conservadores, propriedade até então do milionário canadiano Conrad Black. Entretanto David Barclay faleceu, as dívidas da família Barclay foram-se acumulando. Pelo que o banco credor, Lloyds Bank, pôs à venda o grupo de imprensa. E entre os interessados surge RedBird IMI, de que são acionistas o fundo estado-unidense RedBird Capital e o fundo de Abu Dabi IMI (controlado de facto pelo sheik Mansour Ben Zayed), detendo este 75% do capital. Em 29 de novembro, 18 deputados conservadores publicam uma carta aberta na qual afirma

Um silêncio que o denuncia!

J.-M. Nobre-Correia Já reparam que aquele tipo com fama de inteligente, mas de facto tragicamente imaturo e até mesmo atardado, filho de fascista, “afilhado”  in petto  de fascista, denunciador de democratas do Congresso de Aveiro como sendo “comunistas”, que conseguiu impor-nos intrigas, manobras e palhaçadas permanentes na imprensa semanal, em rádios e em televisões durante 50 anos, ao ponto de nos atordoar com um, duas, três, quatro e até cinco aparições diárias em telejornais, desapareceu desde o golpe de Estado palaciano que urdiu com a cumplicidade de uma incapaz procuradora-geral da República que vimos depois festejar o “25 de Novembro”? Há três semanas que os senhores bispos deste país, de quem ele tanto gosta de beijocar os anéis, deveriam ter-lhe sugerido de se demitir para não continuar a profanar princípios que teoricamente tanto apregoam. Enquanto vamos esperando que haja por aí um escritório de advogados reconhecidamente democratas lhe instaure um processo por ter, com as

Deux ou trois souvenirs, 48 ans après…

J.-M. Nobre-Correia Malgré un long déplacement urgent pour une situation imprévue inquiétante, tous les contacts avec les médias me rappellent que nous sommes aujourd’hui le 25 novembre. Et qu’une certaine droite portugaise plus ou moins réactionnaire a décidé cette année de fêter le 25 novembre 1975 qui a mis fin à ce qu’on a appelé « la Révolution des œillets »… Je me souviens alors d’un épisode me concernant. Je résidais à Bruxelles depuis neuf ans et j’écrivais alors sur l’actualité au Portugal, aussi bien dans le quotidien  La Libre Belgique , que dans les hebdomadaires  Notre Temps  et  Hebdo . Celui-ci m’a ainsi demandé un article sur ce qui venait de se passer au Portugal. Ce que j’ai fait en intitulant mon papier « Requiem pour une révolution ». Or ce titre comme le papier lui-même ont été jugés « intolérables » par celle qui avait de facto la haute main sur la rédaction d’ Hebdo . La « révolution allait continuer », « devait continuer », selon les dires de ladite rédactrice e

Tão contentinhos que eles estão!…

J.-M. Nobre-Correia Há muito, muito tempo que perdi a paciência para ver telejornais portugueses. Mas vejo todos os dias telejornais de dois outros países europeus :  um à hora de almoço e outro à hora de jantar. E depois vou vendo o que se passa  em  televisões de outros países, segundo a atualidade  do dia . Com as televisões portuguesas, limito-me a ouvir os títulos de abertura, quando eles existem, para ver, como eu digo  com ironia  aos meus próximos, "se o Marcelo já se demitiu" , hipótese que constituiria certamente o título e a peça de abertura! … Mas hoje fiz bem em ver o telejornal das 20h00 da RTP 1 do princípio ao fim. Vi assim aquela deliciosa peça em que o diretor da informação se regozija com a "informação de excelência" (sic) da RTP, num país classificado em segundo lugar ("no ranking", como eles dizem numa  abastardada  língua portuguesa) num estudo europeu. Pena é que  não  expliquem ,  aos autores do estudo e ao  contentinho  interprete

Tão caladinho que ele anda!…

J.-M. Nobre-Correia Sou capaz de andar distraído com reais questões privadas…  Parece-me, no entanto, que o residente incontinente de Belém — grande fornecedor de “comentários” sobre todas a espécie de matérias, tão apreciados pelo jornalismo-à-portuguesa largamente praticado nos nossos média — anda caladinho como um rato. Já não vai como os zés-ninguém buscar uns dinheiritos a um multibanco, nem sequer a lamber publicamente um gelado como os putos lá do bairro… Decididamente, estas histórias do decote canadiano, da parvoada sobre a Palestina e do golpe de Estado palaciano que lhe permitiu enfim dissolver uma vez mais a Assembleia da República em menos de dois anos estão a ter consequências mediáticas incalculáveis. Embora seja verdade que também lhe permitiram tentar fazer esquecer esta história dos quatro milhões de euros das gémeas brasileiras, a documentação sobre esta enormíssima cunha tendo milagrosamente desaparecido da administração hospitalar, por obra e graça do Divino Espíri

Esclarecimentos necessários

J.-M. Nobre-Correia Quando é que os nossos jornalistas, em nome da deontologia profissional, se decidem esclarecer (e nos esclarecer) sobre quem é(são) esta(s) "fonte(s) de Belém" tão omnipresente(s) nos nossos média de informação?… É que vai aumentando por aí um sentimento cada vez mais desagradável de que há porta-vozes oficiosos (na impossibilidade de serem decentemente oficiais) que são utilizados como instrumentos de manobras inconfessáveis. Hoje, por exemplo, esta "informação" que diz que "Procuradora-Geral da República redigiu o último parágrafo do comunicado que levou à demissão do primeiro-ministro. Belém garante que nada teve a ver com o seu teor": quem procura queimar quem? E quem procura sair ileso do incêndio?… Outro aspeto desta mesma atualidade:  Marcelo Rebelo de Sousa e Lucília Gago já se demitiram das funções que ocupam na hierarquia do Estado português, como  cor responsáveis da atual grave crise do regime democrático? Augusto Santos Sil

As turbulências de um personagem inconsistente

J.-M. Nobre-Correia Intrigas e manobras permanentes não foram suficientes para pôr mão no governo da nação. Havia pois que urdir um golpe de Estado palaciano… O guião estava delineado nas suas grandes componentes. E os cidadãos dispunham de elementos suficientes para poderem antever o que seria a dramaturgia concebida pelo personagem. Sobretudo os chamados líderes de opinião, políticos e intelectuais, conheciam bem o itinerário do candidato ao longo de mais de uma quarentena de anos para saberem que egocentrismo e exibicionismo, intriguismo e manobrismo eram os fundamentos mesmo da sua personalidade. Componentes a que vinha juntar-se uma grande dose de irresponsabilidade sobre as consequências das suas artimanhas de miúdo reguila atardado. Era pois urgente denunciá-lo e pôr termo à sua agitação. Só que os tais líderes de opinião, e sobretudo os políticos, tinham-se inspirado na tudologia que ele tinha inaugurado em vésperas de um 25 de Abril que o deixou escapar entre as malhas de uma

Dos folhetins e dos bombos

J.-M. Nobre-Correia No jornalismo-à-portuguesa, os média adoram os folhetins (covid, Ucrânia, Palestina, demissão do primeiro-ministro…) com longos, longos e sucessivos episódios, os folhetins seguintes fazendo largamente esquecer os folhetins anteriores. Mas os ditos média adoram também os bombos da festa. Depois de J. A. Azeredo Lopes e Eduardo Cabrita, houve o pobre João Galamba sobre o qual batiam sem piedade há um horror de tempo, escandalosamente inspirados pelo residente incontinente em Belém sem a mais elementar vergonha. Em seguida foi a vez de António Costa, numa manobra concertada entre uma justiça escandalosamente incapaz e o mesmo residente incontinente. Mas, em termos pessoais, a manobra parece ter-se seriamente esvaziado e feito psichtt (como diria o falecido Jacques Chirac)… Agora é Mário Centeno que é transformado em bombo da festa, como já o tinha sido quando foi da sua nomeação para o Banco de Portugal… O jornalismo-à-portuguesa precisa de folhetins e de bombos da fe

Saber “tirar as castanhas do lume”

J.-M. Nobre-Correia Luís Paixão Martins tem sobre a grande maioria de outros autores de livros três grandes trunfos [“atouts”]: foi jornalista (em agência, em jornal diário e em rádio), passou para o outro lado da barricada e criou uma agência de comunicação de sucesso (LPM Comunicação), e nasceu e viveu sempre em Lisboa. O que quer dizer que conhece certamente o microcosmo mediático-jornalístico bem melhor do que esses outros autores. O que constitui a priori uma grande vantagem… Esta grande vantagem foi magnificamente ilustrada nestes últimos dias, com o que se assemelha claramente a um “plano média” delineado por mão de mestre. Assim, nos últimos dias de setembro, começa Paixão Martins por nos anunciar repetidamente em “redes sociais” a publicação de um novo livro,  Como mentem as sondagens . Bem cedo, mas já em outubro, anuncia também a apresentação do livro para sábado 28, ao fim da tarde, num importante centro comercial de Lisboa, por nada menos do que uma ministra do atual gover

Jornalismo e propaganda

J.-M. Nobre-Correia PAREM DE FALAR da "guerra de Israel com o Hamas", Senhores Jornalistas! A guerra é de facto entre Israel e a PALESTINA!  De Israel contra a Palestina! Ao dizerem e escreverem Hamas em vez de Palestina estão de facto a distorcer a realidade dos factos e a submeter-se à propaganda do governo israelita de extrema direita. Propaganda que pretende que se trata “apenas” de uma guerra de um Estado contra uma organização política e não contra todo um POVO que foi expulso da sua terra e vive há longos decénios numa prisão a céu aberto superlotada e em condições globalmente miseráveis. Haja decência! E pratiquem conscientemente JORNALISMO e não irresponsavelmente PROPAGANDA! Sejamos claros: este reparo diz respeito aos média portugueses, mas também a demasiados média europeus. Mas há lá fora quem diga isto…    

Há quem não esteja contente…

J.-M. Nobre-Correia A propósito da informação que por aí circula sobre a classificação de jornalistas na sua relação com agências de comunicação (assunto sobre o qual  já  escrevi aqui  hoje:  "Uma anomalia interessante"), o  Público  faz referência a uma tomada de posição do Sindicato dos Jornalistas. Lê-se a certa altura no texto do  Público : "A estrutura sindical diz ainda saber que há jornalistas que surgem naquela lista associados ao orgão de comunicação em que trabalham, 'que não foram informados da sua inclusão'". O que é que isto quer dizer ?! O interesse da informação que veio a público é precisamente a de virmos a saber que há jornalistas que são especialmente bem vistos pelas agências de relações públicas, com as quais trabalham em colaboração mais ou menos estreita e até esquecendo muito provavelmente princípios essenciais da prática e da deontologia jornalísticas. Ora, se os indivíduos em questão tivessem sido informados previamente, muitos ter

Uma anomalia interessante

  J.-M. Nobre-Correia Circula por aí uma classificação (perdão: um “ranking”, em português modernaço americanizado!) dos jornalistas que são particularmente apreciados pelas agências de comunicação (conhecidas antes pela terminologia mais explícita de “relações públicas”). E há até um jornal económico que, muito estranhamente, não tem pejo algum em vangloriar-se de ter ficado tão bem classificado, sendo “um dos meios de comunicação social com menções por parte dos profissionais de agências de comunicação quando questionados sobre os ‘jornalistas que mais admiram’”, como está escrito no seu próprio sítio (perdão: “site”, saite) na internet!… Ora, e sta classificação e  a sua  publicação  são, na sua anomalia, particularmente interessantes. Pela boa e simples razão que põem  em evidência o descalabro em que se encontra a informação dita jornalística em Portugal.  Uma informação altamente instrumentalizada pelas mais diversas “assessorias de comunicação” de instituições e empresas, de par

Ilustração de uma deriva…

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  J.-M. Nobre-Correia O fim de seman a que passou foi particularmente significativo de como está a evoluir cada vez mais o jornalismo praticado em Portugal… Assim o caso das primeiras páginas do  Diário de Notícias  e do  Jornal de Notícias  de ontem, domingo 29 de outubro. Em princípio, o primeiro é um jornal que se quer de “referência”, apesar do manifesto raquitismo da redação, reduzida a apenas 20 jornalistas (…a comparar com os 540 atualmente do parisiense  Le Monde  e os “mais de 400” do madrileno  El País [1] ), e o magro conteúdo que propõe diariamente aos seus leitores. Enquanto o segundo é, em termos sociológicos, um jornal “popular” de gama média-baixa. Ora, estes posicionamentos editoriais diferentes supõem seleções diferentes dos factos a propor ao leitor, assim como tratamentos jornalísticos diferentes caso haja factos que sejam propostos num e noutro. Por outro lado, um diário “de referência” tem que privilegiar a atualidade política, económica, societal e cultural, rela

Assim se foi destruindo o património…

J.-M. Nobre-Correia Quando, por uma razão ou outra, entro naquela que é agora designada como “Sala de Imprensa” do Casino Fundanense, experimento invariavelmente um sentimento de tristeza, de nostalgia e de revolta… É que, aquela enorme sala vazia — onde se encontram apenas umas poucas máquinas da velha tecnologia tipográfica, inclusivamente uma interessante cópia do prelo de Gutenberg — era antes uma bela sala de teatro à italiana. Com plateia, frisas, balcão, camarote, geral e o seu enorme pano de cena vermelho escuro. Uma bela sala de teatro onde havia cinema (três vezes por semana, se bem me lembro) e algumas vezes espetáculos de teatro e de música. Uma sala que continuou a projetar filmes mesmo depois de ter sido inaugurado em 1958 o Cine-Teatro Gardunha, construído por iniciativa do ex-emigrante António Solipa Pereira. Até que fechou, a demografia do Fundão, e até provavelmente a capacidade financeira das suas gentes, não sendo de natureza a permitir a existência de duas salas de

A minha peregrinação

J.-M. Nobre-Correia Em estadia puramente turística em Cabo Verde, na Ilha de Santiago, considerei ser meu dever de antigo exilado anti-salazarista visitar o Campo de Concentração do Tarrafal, o “campo da morte lenta”. Lá experimentei então três sentimentos. Primeiro, o horror de saber que tantos homens e mulheres foram ali prisioneiros em condições degradantes que só poderiam ter sido absolutamente terríveis. Muitos lá deixaram a saúde e até a vida. Porque ousaram bater-se pela liberdade e/ou melhores condições de vida, perante um regime de terror e de injustiça, reacionário e fascizante, ostensivamente apoiado pelo clericalismo católico. Senti depois uma deceção em relação ao limitado aproveitamento pedagógico de tão vasto espaço de caráter museológico. Não seria desejável que houvesse um entendimento entre os governos de Cabo Verde e de Portugal para que seja este a assumir a manutenção de um vasto espaço em que um único funcionário se limita cobrar o direito de entrada (de 200 escud

Entrevista no quinzenário "JL Jornal de Letras"

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J.-M. Nobre-Correia Após  os  seus vários livros sobre  a  informação  e a comunicação  na Europa, o que o levou a escrever este  Média e jornalismo em Portugal  e como o situa em relação às sua s  obras anteriores? Sem falar dos meus livros em francês, os meus quatro precedentes livros em português tinham antes do mais um caráter académico. Este quinto livro é sobretudo uma abordagem da situação dos média e da prática jornalística em Portugal pelo cidadão estrangeirado por mais de 45 anos de residência em Bruxelas e retornado ao país de origem. Um regresso que me tem deixado perplexo perante a pobreza da paisagem mediática portuguesa e as caraterísticas bastante insatisfatórias do jornalismo que por cá se pratica. Este novo livro é pois uma espécie de diagnóstico crítico da situação em Portugal, partindo nomeadamente do que escrevi sobretudo nas minhas  História dos média na Europa  e  Teoria da informação jornalística , editadas pela Almedina. Durante muito anos, e enquanto ensinava