tag:blogger.com,1999:blog-65813819613698680372024-03-29T03:29:30.069+00:00Notas de Circunstância 2o bloco-notasNotícias do Quarentenohttp://www.blogger.com/profile/18007398640380883040noreply@blogger.comBlogger435125tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-7272133840529739612024-03-26T18:05:00.008+00:002024-03-26T18:29:48.367+00:00O plano de urgência que se impõe<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="color: red;"><span style="font-size: medium;">J.-M. Nobre-Correia<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Fala-se muito do futuro do grupo proprietário do <i>Diário de Notícias</i> e do próprio jornal, quando as razões para os salvar são por demais evidentes…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span>Iremos nós ficar ainda mais pobres? É que a paisagem da imprensa de informação geral em Portugal é já singularmente mísera. Sobretudo a da imprensa diária. Com a área e a demografia que são as suas, Portugal conta inacreditavelmente menos diários generalistas do que países europeus até mais pequenos como a Bélgica, a Suíça, a Áustria, por exemplo.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Ora os dois primeiros contam populações de diferentes línguas. E, se excetuarmos o romanche suíço ultraminoritário, nenhum deles dispõe de língua própria, recorrendo à(s) de países limítrofes. Pelo que o potencial de difusão da imprensa nas diversas regiões linguísticas é limitado. Não impede que neles haja diários com por vezes centenas de milhares de exemplares de difusão paga, apesar de os seus cidadãos poderem preferir ler os dos grandes vizinhos e não os do próprio país.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">A situação portuguesa é pois inacreditável para qualquer conhecedor da informação escrita na Europa. O chamado “interior” ao longo da fronteira leste e a sul do Tejo é totalmente desprovido de diários autóctones (com uma pequena exceção em Évora). Diários “regionais” há publicados na faixa oeste do continente, em Braga, Aveiro, Viseu, Coimbra e Leiria, para além dos da Madeira e dos Açores, nenhum deles tendo a pretensão de propor uma atualidade nacional e internacional, em termos políticos, económicos e culturais, suscetível de dispensar a leitura dos “nacionais”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Porém, a situação destes “nacionais” está quase reduzida à sua mais simples expressão: um único título no Porto, <i>Jornal de Notícias</i>, três em Lisboa, <i>Correio da Manhã</i>, <i>Diário de Notícias</i> e <i>Público</i>. Todos eles com circulações baixíssimas, tomando em consideração vendas e assinaturas das edições em papel e em digital. O que não impede que se fale há longos meses do desaparecimento possível do <i>Diário de Notícias</i>…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Depois do 25 de Abril, outros diários históricos desapareceram, é certo: <i>O Século</i>, <i>Diário de Lisboa</i> e <i>Diário Popular</i>, em Lisboa, <i>O Comércio do Porto</i> e <i>O Primeiro de Janeiro</i>, no Porto. Por que procurar então manter em vida o <i>Diário de Notícias</i>? Porque é uma instituição da história do jornalismo nacional: o seu lançamento em 1 de janeiro de 1865<a href="applewebdata://796686C4-B132-400F-BDE3-4A79C88B397A#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference" style="vertical-align: super;"><span class="MsoFootnoteReference" style="vertical-align: super;"><span lang="PT">[1]</span></span></span></a> marca o início da era industrial da imprensa. E ao longo de mais de um século e meio de existência, acompanhou em maior ou menor grau as viravoltas políticas da sociedade portuguesa. Mantendo sempre um estatuto particular no universo da informação jornalística, numa subtil dosagem que visa simultaneamente meios dirigentes e leitorado da classe média. Ao mesmo tempo que, como <i>The Times </i>em Londres, <i>Le Soir</i> em Bruxelas ou <i>Corriere della Sera</i> em Milão, diários que se confundem com a própria história da cidade onde nasceram, o <i>Diário de Notícias</i> está intimamente ligado à de Lisboa.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">O desaparecimento do <i>Diário de Notícia</i> significaria uma acentuação da pobreza da imprensa diária nacional. Deixando a situação entregue a uma informação escrita proveniente apenas do <i>Correio da Manhã</i> e do <i>Público</i>. E se o primeiro já se encontra em preocupante situação de monopólio nos meios populares e de baixa gama média, a informação que se quer de referência ficaria entregue unicamente ao <i>Público</i>. O que seria muito longe de ser salutar para a democracia pluralista e para o próprio jornalismo, desprovido de uma sã concorrência e da vontade de fazer melhor que o outro, propondo uma atualidade com uma sensibilidade diferente, com outros ângulos de abordagem, de perspetivação e de análise da atualidade.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Poderá então o novo governo que vai entrar em funções, esquecer os princípios neoliberais proclamados e fazer o que os últimos governos socialistas não souberam nem quiseram fazer, concebendo um programa de relance da imprensa diária em Portugal? Um programa de urgência se impõe, em todo o caso, para salvaguardar o <i>Diário de Notícias</i>, a bem do jornalismo de qualidade e do pluralismo da informação…</span></span></p><div><span style="font-size: medium;"><br clear="all" /></span><hr align="left" size="1" width="33%" /><div id="ftn1"><p class="MsoFootnoteText" style="font-family: Helvetica; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><a href="applewebdata://796686C4-B132-400F-BDE3-4A79C88B397A#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference" style="vertical-align: super;"><span lang="FR"><span class="MsoFootnoteReference" style="vertical-align: super;"><span lang="FR">[1]</span></span></span></span></a><span lang="PT"> Tradicionalmente, o aniversário do <i>Diário de Notícias</i> é assinalado em 29 de dezembro, dia em que, em 1864, um folheto anuncia o lançamento de um novo jornal. Mas o primeiro número do jornal data de 1 de janeiro de 1865.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="font-family: Helvetica; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT"><br /></span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="font-family: Helvetica; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgcw8ZCrQQP5XVBQayHg6ruwC8HnrHBxojimhfTS9U3FwBHirSYF_htvNtJQSNoyrsBJm_SPfTnTIJI9ZQXrChyvVyWEH3pJk5utci9zFkuCGrH52-iPFzpmihKM9Oj6hHg7cy4vErnDxAQn6PEPhz1ulRWTAQ0xnvuZ3Vl6A-rz3cXZpyBt6A7tFe69E8/s410/Dia%CC%81rio%20de%20Noti%CC%81cias.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="54" data-original-width="410" height="42" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgcw8ZCrQQP5XVBQayHg6ruwC8HnrHBxojimhfTS9U3FwBHirSYF_htvNtJQSNoyrsBJm_SPfTnTIJI9ZQXrChyvVyWEH3pJk5utci9zFkuCGrH52-iPFzpmihKM9Oj6hHg7cy4vErnDxAQn6PEPhz1ulRWTAQ0xnvuZ3Vl6A-rz3cXZpyBt6A7tFe69E8/s320/Dia%CC%81rio%20de%20Noti%CC%81cias.png" width="320" /></a></span></div><span style="font-size: medium;"><br /></span><p></p><p class="MsoFootnoteText" style="font-family: Helvetica; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT"><b>Texto publicado no <i>Diário de Notícias</i>, Lisboa, 26 de março de 2024, p. 14</b>.</span></span></p><p class="MsoFootnoteText" style="font-family: Helvetica; margin: 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;"> </span></span></p></div></div>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-31738873278895783812024-03-19T07:00:00.001+00:002024-03-19T07:00:00.146+00:00Interrogações escamoteadas<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">As eleições legislativas provocaram vagos sobressaltos em meios políticos e mediáticos. Aspetos há porém totalmente “esquecidos”…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: large;">Ao que parece, estamos em tempo de reflexão. É pelo menos o que políticos e editorialistas dizem por aí. Proclamando que há que procurar compreender o que está na origem do abanão provocado pelas eleições legislativas. Há mesmo quem avance já que é na conduta de políticos, partidos e governo que serão encontradas as razões. E é de facto plausível que seja num contexto sociopolítico singular que tais movimentações tenham tendência a operar-se.</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">É pena que os mesmos editorialistas ou analistas não se interroguem sobre o papel que poderão ter tido os média para o que aconteceu. Houve um diretor de informação que propôs “um caldo de cultura” como explicação para a origem do abanão. Esquecendo que são precisamente os média (tradicionais ou novos), e mais especialmente a televisão, socialmente dominante, que sobretudo fornecessem os ingredientes e até o modo de confeção de esse “caldo de cultura”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Ora, de que atualidade nos falaram de preferência as televisões desde há longos anos? Que imagem nos propuseram do mundo, da vida nacional, do viver em sociedade? Que temas selecionaram no que se foi passando dia após dia? Que importância lhes deram? Como os abordaram?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Mais concretamente: por que privilegiaram largamente temas politiqueiros, societais e futebolísticos mais ou menos sensacionais? E por que reforçaram muitas vezes esta caraterística, acrescentando imagens, narrativas e terminologias capazes de desencadear o potencial emotivo dos espectadores? Porquê o recurso tão habitual à noção de confrontação num estilo militaro-desportivo entre personagens?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Porquê dar tanta importância às sugestões de serviços de comunicação de corporações interessadas em criar eventos para puro consumo mediático favorável às suas ambições? Porquê pôr em valor desbocados e provocadores desprovidos de discursos razoáveis e iniciadores de facto de disfuncionamentos sociais radicais? E porquê esta presença constante e até mesmo diária dos mesmos personagens, dando o desagradável sentimento de que os telejornais os “levam ao colo”, promovendo a imagem e o discurso deles junto da opinião pública?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Telejornais e demais emissões ditas de informação constituem boa parte das vezes jogos de massacre quotidianos do que de melhor foi construído pela democracia portuguesa nestes últimos 50 anos, em matéria de assistência médica, de ensino, de apoio social, por exemplo. Em vez de uma prática jornalística serena capaz de levar os cidadãos a melhor compreenderem a complexidade das situações.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Nesta procura obsessiva e omnipresente de sentimentos de revolta, de enternecimento, de risos e de lágrimas, instituições e serviços públicos foram permanentemente denunciados. Quando são “esquecidas” instituições e empresas privadas das mesmas áreas, onde cidadãos, que dispõem de meios para aceder a elas, são confrontados a experiências por vezes mais insatisfatórias. Como soberbamente esquecida é a vida quotidiana de cidadãos que trabalham, produzem, criam, sonham e se divertem, por média ditos nacionais, de costas largamente voltadas aliás para “a província”, para o vasto “interior”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Nos telejornais, o discurso diário permanente é o de uma sociedade que não funciona, de políticos não credíveis, desonestos e quantas vezes corruptos. Embora saibamos bem que calendários, horários, compromissos e respeito pelos outros e pelo espaço público são noções muito vagas no seio da sociedade portuguesa. E que os cidadãos deste país são muito mais adeptos de direitos do que de deveres, de comportamentos desregrados do que de respeito pela lei.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Como espantar-se depois que um eleitorado biberonado quotidianamente com esta visão deprimente do país, a provocar descontentamento arrepios e sentimentos de revolta, vote depois como votou?… Se a democracia portuguesa, 50 anos depois, tiver que ser reconstruída, há que começar por propor aos cidadãos uma informação concebida numa cultura jornalística que lhes permita melhor compreender o mundo em que vivem e acreditar como possível um futuro melhor do que o presente…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Professor emérito de Informação e Comunicação da Université Libre de Bruxelles.</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ75H61zgUbCHc_3ofGNRlB_-UTfp_8a9PzgxexZ0MUMM4zJVD33fPtvIspSR2Qbetj3Xt-UxiMx6Dd5iAajffY6MUy_DuQp71l4RE_VLO0wcizqrqbHubHO865WJUJ6C-aOG_En83eSqYOfpmCZ1xPA5EviVdLi1_BE-cAG_Mkm44MqWT5fuF5OJtxRbT/s54/Pu%CC%81blico.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="54" data-original-width="51" height="54" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ75H61zgUbCHc_3ofGNRlB_-UTfp_8a9PzgxexZ0MUMM4zJVD33fPtvIspSR2Qbetj3Xt-UxiMx6Dd5iAajffY6MUy_DuQp71l4RE_VLO0wcizqrqbHubHO865WJUJ6C-aOG_En83eSqYOfpmCZ1xPA5EviVdLi1_BE-cAG_Mkm44MqWT5fuF5OJtxRbT/s1600/Pu%CC%81blico.png" width="51" /></a></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;"><p class="MsoNormal" style="line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Texto publicado no diário <i>Público em linha</i>, </span></span></span><span style="font-family: Helvetica; font-size: medium;">Lisboa, 18 de março de 2024.</span></p></span></span></span><p></p><br /><div><br /></div>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-13918287941601615332024-03-18T10:30:00.003+00:002024-03-19T21:31:32.575+00:00O residente de Belém ganhou mesmo?<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Com o golpe de Estado palaciano de 7 de novembro, quis alargar os poderes que se foi atribuindo para além do que estipula a Constituição. Como irresponsável congénito, pouco lhe importa o caos de que acendeu a mecha…</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Sabíamos que o atual residente em Belém foi dispensado de prestar serviço militar nas colónias porque o papá era ministro salazarista e o “padrinho”</span><span style="font-family: Helvetica;"> </span><i style="font-family: Helvetica;">in petto</i><span style="font-family: Helvetica;"> </span><span style="font-family: Helvetica;">era presidente do Conselho. Como sabíamos que, por ocasião do Congresso da Oposição de 1973 em Aveiro, escreveu ao “padrinho” para denunciar as manobras comunistas (quando a sorte que a Pide reservava aos comunistas era particularmente dolorosa). Como sabíamos ainda que passou uma boa quarentena de anos a intrigar e a instrumentalizar os cidadãos, do</span><span style="font-family: Helvetica;"> </span><i style="font-family: Helvetica;">Expresso</i><span style="font-family: Helvetica;"> </span><span style="font-family: Helvetica;">à</span><span style="font-family: Helvetica;"> </span><i style="font-family: Helvetica;">TVI</i><span style="font-family: Helvetica;"> </span><span style="font-family: Helvetica;">(e Francisco Pinto Balsemão como Paulo Portas que o digam), em intervenções a que chamava “comentário político”.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Não impede que esta omnipresença em jornais, em rádio e em televisões lhe deu uma tal notoriedade que o dispensou largamente de fazer grandes esforços e investimentos financeiros para se fazer eleger como presidente da República em janeiro de 2016. E mesmo de se fazer reeleger com a máxima facilidade em janeiro de 2021 para um segundo mandato com o inacreditável e imponderado apoio do Partido Socialista e mais particularmente do primeiro-ministro e secretário geral do PS.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Ora, durante o primeiro mandato, o residente de Belém transformou-se num incontinente verbal. O seu egocentrismo exibicionista levou-o a uma presença quase diária e mesmo multidiária nos média e mais particularmente nas televisões (que são os média socialmente dominantes), falando sobre tudo. Mostrando-se a fazer as mais inacreditáveis declarações e a ter atitudes de caráter teatral pouco ou mesmo nada dignas de um chefe de Estado. Dando uma imagem desastrosa e perfeitamente inconcebível por parte de presidentes, reis, príncipe ou grão-duque no resto da Europa democrática.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Paralelamente, foi alargando progressivamente os seus poderes, ultrapassando claramente o que estabelece a Constituição nesta matéria e intervindo repetida e manifestamente em áreas de outros poderes. O que só foi possível porque, durante a primeira legislatura, o governo minoritário do PS precisava da tolerância do presidente para se poder manter no poder. O que levou o governo socialista a admitir atitudes perfeitamente inadmissíveis por parte do presidente.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">A dissolução prematura da Assembleia da República em dezembro de 2021 pôs em evidência a vontade do residente em Belém de querer ter uma intervenção mais percetível nos destinos dos poderes legislativo e executivo. E, de facto, as suas interferências na vida política tornaram-se constantes e cada vez mais juridicamente inaceitáveis, o exemplo mais evidente foi o da tentativa publicamente afirmada de querer demitir um ministro. Para não falar das intoleráveis e repetidas ameaças de dissolução da Assembleia da República. Não falando já do inacreditável caso das gémeas brasileiras. Até chegar ao ponto em que, tudo leva a crer, montou um golpe de Estado palaciano com a cumplicidade de uma procuradora manifestamente incapaz de assumir a função para que fora designada.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Poder-se-á dizer que o primeiro-ministro, perante as insinuações postas a correr com a ajuda generosa dos média, foi demasiado rápido a apresentar a sua demissão. O que se pode compreender no que diz respeito à vontade de preservar uma imagem de político íntegro. Mas também poder-se-á provavelmente imaginar que estava com pressa de poder preparar a tempo a anunciada futura alta função na União Europeia. Embora a justiça lhe possa trocar as voltas, retardando sadicamente a decisão que o poderá lavar de qualquer suspeita.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Sem querer ouvir a proposta do PS que avançou o nome de outra personalidade de reconhecida competência para primeiro-ministro (embora esta personalidade nem seja aderente do PS), nem sequer a opinião partilhada pelos membros do Conselho de Estado, considerou o residente em Belém que a sua hora tinha chegado. Hora de tentar com novas eleições antecipadas levar os seus correligionários da direita a formar governo. Hora também de alargar ainda mais os seus poderes e as suas interferências na vida política, sabendo, como todos os cidadãos um pouco atentos, que de novas eleições só poderia sair o sobressalto da extrema direita e uma inquietante fragmentação da representação parlamentar.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">A realidade ultrapassou porém os seus sonhos: a extrema direita saiu do escrutínio bem mais forte do que ele provavelmente imaginara; e o seu PSD saiu bem menos vigoroso do que ele esperava, minoritário na Assembleia da República e quase em pé de igualdade com o PS. O que não o impediu de começar imediatamente a manobrar no sentido prioritário dos seus interesses (dele) e não propriamente nos do seu partido. É que o residente de Belém vê-se desde já como o personagem suficientemente poderoso para poder de facto ter a mão sobre os fragilizados poderes legislativo e executivo. Não querendo ver o ciclo de instabilidade em que ele irresponsavelmente fez entrar o país, só pensando no papel chave pessoal que ele quer absolutamente assumir.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Tudo leva a crer que, mais cedo ou mais tarde, o PSD (e acessoriamente o ressuscitado minúsculo CDS) vai mesmo ter que aliar-se ou fazer um acordo com o Chega. Se não, o governo da Aliança Democrática não terá uma vida longa. No primeiro caso, o papá ministro salazarista e o “padrinho” presidente do Conselho, se ainda fossem deste mundo, sentiriam orgulho num pupilo que fez regressar o país a “bases sãs”, suficientemente reacionárias. No segundo, ele será levado a dissolver de novo a Assembleia da República, o que não conduzirá necessariamente a uma configuração parlamentar promissora de estabilidade.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">O atual residente em Belém ficará tristemente na história como o personagem egocêntrico exibicionista doentio, violador regular do espírito e da letra da Constituição, fomentador permanente da fragilização e da destabilização do Estado de direito e da Democracia portuguesa. Pelo que esperemos que, apesar da proteção prevista pelo artigo 130° da Constituição, ele venha um dia a ser julgado e condenado…<o:p></o:p></span></span></p><p><br /></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-39380824026489463962024-02-14T19:10:00.000+00:002024-02-14T19:10:01.939+00:00Um exemplo para Portugal?<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">O Conselho de Estado francês, a mais alta jurisdição administrativa do país, após recurso de Reporters sans Frontières (RSF), acaba de impor à Arcom (Autoridade de Regulação da Comunicação Audiovisual e Digital) a obrigação de exigir que CNews, televisão do grupo Bolloré, respeite as suas obrigações em matéria de pluralismo. Dando-lhe seis meses para que o pluralismo seja devidamente respeitado pelo conjunto dos participantes nas emissões, nomeadamente pelos “comentadores, animadores e convidados”. E o cálculo no que diz respeito a este pluralismo deverá doravante ser mais qualitativo do que quantitativo, sem que as contas referentes ao tempo de antena sejam no entanto postas em questão.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">A televisão CNews pratica cada vez mais uma informação ostensivamente militante de extrema direita. Mas a Arcom tinha recusado anteriormente dar seguimento ao recurso de RSF, considerando não ter poderes para intervir. O Conselho de Estado impõe-lhe agora que exija da CNews que respeite o princípio da honestidade, da independência e do pluralismo da informação. O que poderia muito bem servir de exemplo para o que se passa com o audiovisual em Portugal, onde a independência e o pluralismo da informação deixam muitíssimo a desejar, como se tem tornado particularmente evidente nestes últimos tempos… </span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> </span></span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-52938550986936147642024-02-13T23:03:00.000+00:002024-02-13T23:03:31.830+00:00Uma estranha emissão<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Viram aquela emissão que passou hoje à noite na RTP1 entre as 21h00 e as 21h30?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">A primeira constatação espantosa foi ver como autora de uma emissão de política nacional uma jornalista que nestes últimos meses aparece frequentemente em ligações diretas do estrangeiro. Ligações que nos são anunciadas como “reportagens” (e foi aliás o caso hoje no telejornal das 20h00), embora pouco tenham de reportagens: as imagens próprias produzidas de acontecimentos e de situação são raras. Trata-se antes do mais, de facto, de correspondências pouco sintéticas e bastante editorializadas…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Pois hoje, após o telejornal, a dita “repórter” em matérias estrangeiras propôs-nos uma emissão inacreditável. Inacreditável porque num estilo de perguntas previamente escritas sobre política nacional e sem que fosse ela a formulá-las na emissão. Sendo a mesma pergunta feita sucessivamente aos líderes dos partidos com representação na Assembleia da República. E depois mais uma segunda pergunta aos ditos líderes, e mais uma terceira pergunta, e mais outra, e assim de seguida. Estando os mesmos líderes instalados nos mais diversos enquadramentos, inclusivamente num quartel de bombeiros…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Só que a ausência de pertinência e de coerência das perguntas no desenrolar da emissão era por demais evidente, partindo nos sentidos mais estapafúrdicos. Sem que isso nos permitisse de modo algum conhecer melhor as personalidades que pretendem vir a ser nossos representantes na futura Assembleia da República e até no futuro Governo da nação. Como se de facto se tratasse muito simplesmente, para a jornalista, dar provas de trabalho feito e, para a direção da informação, preencher tempo de antena sobre a temática atual das eleições que se aproximam…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Assim vai a informação na televisão “de serviço público”!…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-21833973807934893432024-02-08T10:20:00.003+00:002024-02-08T10:20:59.895+00:00Estamos tristemente assim<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Faço uma ida e volta até à que chamo “a capital do império” (porque muitos dos seus naturais ainda estão convencidos que assim é). Desço na estação de Lisboa Oriente e entro no primeiro carro da fila de táxis.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Tínhamos andado apenas uns dez metros quando oiço a motorista dizer: “oh pá!, se pusesses os piscas-piscas era melhor !”. E de acrescentar depois para mim: “estes tipos vêm de lá onde não há regras e pensam que aqui é o mesmo!”. Digo que não reparei no que acontecera. E ela: “era um chamusca”…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Achei muito estranho que a motorista pudesse dizer que se tratava de alguém da Chamusca, dado que as placas dos automóveis em Portugal não permitem saber a origem geográfica do proprietário, contrariamente ao que acontece em França ou na Suíça, por exemplo.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">O meu mal-entendido foi porém rapidamente esclarecido pela motorista: “estes chamuças vêm para aqui, mas não querem trabalhar. Só querem tirar proveito das nossas regalias sociais”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Vejo-me então naturalmente levado a dizer: “olhe que eu vivi mais de 45 anos no estrangeiro e nunca vi ninguém emigrar apenas para tirar proveito das regalias sociais do país de acolhimento”. Mas a motorista tinha manifestamente a resposta na ponta da língua: “isso devia então ser nesse país” (mas não me perguntou qual era). “Mas vá ao centro de Lisboa e logo verá!”<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Respondi-lhe que eu conhecia o centro de Lisboa. E que se estava a referir-se ao Martim Moniz, de que tanto se falara nestes últimos dias, eu não via onde estava o problema…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">O resto da viagem passou-se em silêncio. E a motorista não teve uma palavra para despedir-se do cliente. Um cliente que ia precisamente para um almoço-encontro de antigos exilados em Bruxelas e Paris. E que foi tristemente pensando neste Portugal em que, vai para 50 anos, os europeus, sobretudo os europeus de esquerda, depositaram tantas esperanças, e em que a mentalidade fascistoide vai ganhando furiosamente terreno. Contando para isso com a colaboração diária, inconsciente e irresponsável, dos média dominantes…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-size: medium;"> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-1148121697827044002024-01-19T07:00:00.002+00:002024-01-19T07:00:00.137+00:00Superar uma debilidade congénita<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Seria um engodo resolver a crise atual de um grupo, sem adotar medidas de fundo capazes de relançar o pluralismo da imprensa…</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">De repente, jornalistas e políticos dão-se conta que a imprensa em Portugal se encontra em crise! Como se os sinais de crise não datassem logo dos primeiros anos após o 25 de Abril. Para não ir mais longe e ver na situação da imprensa um subdesenvolvimento histórico que a autoestima corporativista dos jornalistas preferia não ver e que dava muito jeito a políticos que não tinham assim que dar satisfações aos cidadãos. E claro, descoberta agora a crise, aparecem logo, à boa maneira nacional, uma série de tudólogos espontaneamente competentes em matéria de média…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Ora, a crise tem razões históricas longínquas que fizeram que a imprensa nunca tenha tido em Portugal um desenvolvimento à altura da dimensão demográfica e geográfica do país. Porque o analfabetismo foi sempre bastante elevado. Porque o poder de compra da maior parte dos cidadãos foi reduzido durante longos anos para permitir a aquisição de um “produto de luxo”. Porque a distribuição foi sempre insatisfatória, os jornais ditos “nacionais” chegando tarde e a más horas à “província”, quando não no dia seguinte (a rádio tendo já anunciado desenvolvimentos mais recentes). Porque os jornais não chegavam e continuam a não chegar a vilas e aldeias do “interior”. Porque a questão da entrega cedo dos jornais nas caixas do correio dos assinantes nunca foi resolvida. Porque os jornais ditos “nacionais” concentravam e continuam a concentrar a cobertura da atualidade na faixa costeira centro-norte, com especial incidência na região de Lisboa e bastante menos na do Porto. Porque os diversos períodos de censura e de repressão descredibilizaram a informação proposta aos cidadãos. Porque o fraco desenvolvimento económico do país não era particularmente favorável a uma atividade publicitária capaz de constituir uma receita complementar importante dos jornais (para além das vendas e das assinaturas).<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Portugal teve assim durante longos decénios poucos diários ou semanários “nacionais” de informação geral. E os seus níveis de tiragem e de difusão (“circulação”) foram e são inacreditavelmente baixos, em comparação com os de países europeus geográfica e demograficamente mais pequenos. A esta triste situação veio acrescentar-se depois do 25 de Abril uma inacreditável série de erros, com a gestão das empresas de edição assumida por gente sem a menor competência no sector. Enquanto a conceção jornalística foi largamente dominada pelo militantismo, a exaltação e o proselitismo, quando não pela partidarice.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Depois, no tempo do salazarismo, como antes dele, as escolas de jornalismo não existiam, contrariamente ao que até era o caso nos congéneres fascista, nazi e franquista. Agora as escolas superiores proliferam de maneira pouco razoável, propondo formações diversas em “comunicação” e áreas quejandas (mas não em jornalismo) a jovens muitas vezes pouco interessados pela informação e que nem sequer leem jornais de espécie nenhuma.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Depois, quando nos anos 1990 a digitalização e a internet vieram revolucionar profundamente o tratamento da informação, a produção, a distribuição e a comercialização dos jornais, o meio editorial português reagiu tardia e desajeitadamente, com consequências que ainda hoje são visíveis. Ora é toda uma nova conceção do funcionamento do sector que tem que ser posta em aplicação. Considerando nomeadamente que a edição em papel passará inevitavelmente a ser subalterna e mesmo residual em relação à edição em linha e à edição em PDF digital. Que os jornais ditos “nacionais” terão doravante que realizar, em páginas regionais devidamente identificadas por separadores, uma cobertura mais capilarizada da atualidade, sem perder de vista que o público potencial é agora o dos lusófonos espalhados pelo mundo, interessados por uma informação proveniente de Europa, vista com a sensibilidade portuguesa.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">É certo que há por estes dias que tomar medidas urgentes para salvaguardar os média do GMG. Para salvaguardar postos de trabalhos e sobretudo para proteger um pluralismo já tristemente raquítico e acanhado. Mas há que ir mais longe e procurar dinamizar uma paisagem mediática de uma infinita pobreza. Criando um robusto e duradoiro Fundo para o Pluralismo dos Média de Informação Jornalística, com contribuições financeiras públicas (nacionais e europeias) e privadas. Legiferando de modo a favorecer fiscalmente os doadores deste Fundo, as empresas editoras de imprensa escrita, assim como empresas, instituições e particulares assinantes de jornais. De maneira a incentivar iniciativas novas dos jornais existentes em matéria de redação e de administração, mas também, e sobretudo, a suscitar criações de novos jornais (especialmente no norte-centro interior, como no país a sul do Tejo) por equipas de jornalistas e de gestores profissionais, acionistas das próprias editoras. E de modo a provocar um alargamento muito substancial do leitorado de jornais escritos.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Portugal não pode continuar a viver no quase deserto atual de pluralismo mediático e de um centralismo lisboeta que ignora largamente o resto do país. Como não pode continuar a satisfazer-se com um jornalismo que, globalmente, não está à altura do que melhor se faz na União Europeia, para além da fronteira que nos separa dela. Há pois que conceber uma imprensa escrita como um real pilar essencial da democracia pluralista e da cultura cívica, de uma informação de qualidade dos cidadãos, como de vigilância e controlo dos poderes constituídos.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Mas não é só a situação da imprensa escrita que tem que ser posta em questão. É mais largamente todo o sector dos média em Portugal que tem que ser repensado. E também a conceção mesmo da informação que não pode continuar arreigada antes do mais a serviços de comunicação de instituições e empresas, transformada em meros canais de promoção quotidiana das “verdades” oficiais da Presidência da República, dos ministros, dos partidos, das ordens, dos sindicatos e dos clubes de futebol. Há também que sair de um jornalismo de segunda mão no que diz respeito ao estrangeiro e de um “jornalismo sentado” em relação que se passa em Portugal, indo ao encontro dos cidadãos nas suas vidas quotidianas, preocupações e ambições. Antes que a “democracia portuguesa” se venha a transformar num triste qualificativo para um simulacro de uma plutocracia pouco recomendável…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Professor emérito de Informação e Comunicação da Université Libre de Bruxelles.</span></span></b></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipAQt1ys9bPbtf8g6Jh7BFsCUK66gne8K0PPaFj5NHpldLEZhxrX5la4loPO4dNR7xB7o-rWcOb8NWpB3Z4eTPC87EHoPypduozzvCsVvo4woER4zod-aLIf_jliHrCR4gpBFVr5oHIjo4_CNOfvs3fRHX1QLO4Gv01_Z18_hmvqq-jcUNBZY06YLg4f2u/s54/Pu%CC%81blico.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="54" data-original-width="51" height="54" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipAQt1ys9bPbtf8g6Jh7BFsCUK66gne8K0PPaFj5NHpldLEZhxrX5la4loPO4dNR7xB7o-rWcOb8NWpB3Z4eTPC87EHoPypduozzvCsVvo4woER4zod-aLIf_jliHrCR4gpBFVr5oHIjo4_CNOfvs3fRHX1QLO4Gv01_Z18_hmvqq-jcUNBZY06YLg4f2u/s1600/Pu%CC%81blico.png" width="51" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: medium;">Texto publicado no <i>Público em linha</i>, Lisboa, 18 de janeiro de 2024</span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-50465139881972681852024-01-18T11:34:00.003+00:002024-01-18T14:50:37.914+00:00Quinze anos de um combate inglório<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;"><br />Como vejo pouco a televisão portuguesa, só ontem à noite fui alertado para o magazine "É ou não é" da RTP 1 sob o tema "A crise do jornalismo".</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">Vi ontem à noite a primeira parte e esta manhã a segunda parte (depois da interrupção publicitária, o que é legalmente proibido fazer em diferentes países da Europa na</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">s</span><span style="font-family: Helvetica;"> emissões de informação).</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">Embora tenham sido feitas algumas propostas concretas, que deveriam ser devidamente estudadas, foi pena que, boa parte das vezes, o debate tenha caído em intervenções sem conteúdo preciso e especializado…</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">Deixem-me então recordar aqui que</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">• em setembro de 2007 — vivia eu então em Bruxelas há 40 anos — tomei a iniciativa de redigir um longo relatório intitulado "Para uma informação regional em Portugal" que enderecei a diversas instituições e personalidades ligadas ao meio mediático português. Daí resultaram apenas dois encontros : um com a direção do Gabinete para os Meios de Comunicação Social e outro (após um encontro fortuito num avião para Lisboa) com um administrador da Fundação Gulbenkian,</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">• devidamente adaptado este documento foi publicado no trimestral do Clube de Jornalistas, "Jornalismo e Jornalistas", n° 37, de janeiro-março de 2009,</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">• este texto foi depois retomado no meu livro "Média, Informação e Democracia" (Almedina, fevereiro de 2019, pp. 209-219),</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">• formulei novas propostas no capítulo intitulado "A urgente necessidade de uma política dos média" do meu mais recente livro "Média e Jornalismo em Portugal" (Almedina, setembro de 2023, pp. 79-86)<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">Isto para não alinhar aqui os diversos artigos sobre o assunto que fui publicando </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">em </span><span style="font-family: Helvetica;">diversos jornais e sobretudo no "Público"</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">Depois do meu regresso a Portugal, vai para 12 anos, tive a ocasião de abordar o assunto com todos os ministros ou secretários de Estado com a tutela dos média, com uma única exceção, e quase sempre por iniciativa deles próprios.</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">Já lá vão portanto mais de 16 anos de um combate inglório. Mas não me venham dizer que a "crise da imprensa e do jornalismo" data de agora e que não tem havido propostas concretas para superar a(s) crise(s). Tem é havido demasiada gente que não tem querido ver !…</span><o:p></o:p></p><p><br /></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-82205833904865229022024-01-02T13:45:00.006+00:002024-01-02T13:45:55.592+00:00Estes nossos telejornais tão invejados<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Estava a começar o jornal da televisão pública belga francófona (RTBF) quando vi que o assunto dos aviões no aeroporto de Tóquio era para aí o quinto título do sumário. Depois, a assunto apareceu só aos 17 minutos do jornal e foi tratado em breves segundos. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Disse eu à A.: queres apostar que o assunto será a abertura dos jornais das três televisões generalistas portuguesas?! E vais ver: depois de longos minutos sobre esta história de aviões, vamos ter direito às ações diárias das corporações de médicos e de enfermeiros em favor das clínicas e hospitais privados. Ou então à homilia de ontem do golpista incontinente de Belém. Qual será o segundo assunto e o terceiro? Disso não estou certo, mas será um destes dois, seguido do outro.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Prognostiquei também que o assunto japonês seria tratado pelas nossas queridas televisões durante longos, longos minutos… Só é pena que eu não seja tão perspicaz com o Euromilhões (que muito rarissimamente compro) como a adivinhar os menus altamente previsíveis dos telejornais portugueses …que toda a Europa democrática nos inveja!…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-69195342328583636742023-12-15T09:42:00.003+00:002023-12-15T09:43:20.629+00:00Uma opção que é sempre um erro<p> <b style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">J.-M. Nobre-Correia</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Pode um jornal que se quer</span><span style="font-family: Helvetica;"> <span lang="PT">“</span></span><span style="font-family: Helvetica;">de referência</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">”, como o <i>Diário de Notícias</i>,</span><span style="font-family: Helvetica;"> considerar que a demissão das direções de outros diários</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">, como o <i>Jornal de Notícias</i> e <i>O Jogo</i>,</span><span style="font-family: Helvetica;"> não é acontecimento suficientemente importante (num país que conta tão poucos diários) para ser noticiada na</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">s suas</span><span style="font-family: Helvetica;"> ediçõ</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">es </span><span style="font-family: Helvetica;">em papel </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">e</span><span style="font-family: Helvetica;"> em linha?</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">E o facto destes mesmos diários fazerem parte do mesmo grupo que o próprio<span class="apple-converted-space"> </span><i>Diário de Notícias</i><span class="apple-converted-space"> </span>será suficiente para explicar esta ausência</span><span style="font-family: Helvetica;"> <span lang="PT">do assunto? É que tal conceção editorial</span></span><span style="font-family: Helvetica;"> levará </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">certamente boa parte d</span><span style="font-family: Helvetica;">os seus leitores a sentirem-se insuficientemente informados e a procurarem informar-se em média concorrentes</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">. O que não constitui nunca uma opção positiva em termos de estratégia comercial como de reforço da ligação de confiança do leitorado com “o seu” jornal…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;"> </span></span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-77835776960154730112023-12-13T21:12:00.009+00:002023-12-13T21:39:34.800+00:00Como é possível?!<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Como é possível que a direção da informação da RTP tenha ousado pôr um José Rodrigues dos Santos, personagem altamente tendencioso em toda a informação que trata, a entrevistar um candidato ao secretariado geral do Partido Socialista e potencial primeiro-ministro ?!</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Basta ver os assuntos com que aborda inicialmente a entrevista. Por enquanto (às 20h45) nada, absolutamente nada, diz respeito ao futuro do partido e do governo. Nada sobre projetos para o futuro !</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">À</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">s</span><span style="font-family: Helvetica;"> 20h46 evoca então o futuro. Mas uma vez mais o que lhe interessa é saber o que se passará em termos de alianças com outros partidos ! E mais concretamente se se vai aliar com os papões BE e PCP ! Assim a atitude do entrevistado perante os casos atualmente em justiça referente a personagens do PS.</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Como é que a pública RTP não tem VERGONHA, vergonha, de deixar este indivíduo cheio de tiques de toda a ordem apresentar um telejornal e entrevistar um homem político, seja ele qual for ?</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">E como é que os homens políticos de esquerda não </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">REJEITAM</span><span style="font-family: Helvetica;"> pura e simplesmente ser entrevistados por tal militante político (o quer não quer dizer forçosamente militante partidário : ignoro se o é) ostensivamente tendencioso ?</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Este indivíduo é um claro simpatizante das opções populistas de extrema direita, em campanha permanente contra o Estado democrático e pluralista. O que uma televisão pública não deveria tolerar há muito</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">, muito </span><span style="font-family: Helvetica;">tempo…</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p><br />NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-35867355685909942272023-12-10T04:00:00.000+00:002023-12-10T04:11:27.991+00:00Reequacionar a abordagem<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Captar o burburinho do mundo de outro modo, explorar o potencial de novas ferramentas e escrever numa linguagem capaz de seduzir novas gerações…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Um dos “grandes” grupos de média portugueses foi objeto de importantes alterações na propriedade do capital. Pelo que a composição do seu conselho de administração foi modificada. E os novos responsáveis acharam por bem proceder rapidamente a um “despedimento coletivo” de 150 trabalhadores, iniciativa que tem tido numerosos antecedentes no mundo dos média, e mais particularmente da imprensa escrita, por essa Europa fora.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Para esta maneira de proceder é dada quase sempre a mesma justificação: a crise económica dos média. Crise para a qual são avançadas explicações conhecidas: proliferação do sector audiovisual a partir dos anos 1970, com a inevitável fragmentação das receitas entre numerosos atores; crise dos investimentos publicitários, consequência de movimentos de fundo que alteraram fortemente a partilha entre imprensa e audiovisual, mas também de repetidos sobressaltos da atividade económica e financeira; aparecimento da internet em fins dos anos 1990 e proliferação gigantesca de novos média que absorveram boa parte dos antigos leitores, ouvintes e espectadores, assim como receitas que foram abandonando os média tradicionais.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Outra explicação de que pouco se fala é a dificuldade de muitos administradores e diretores de redação em compreender a dimensão das mutações que atravessam o mundo dos média de informação. E nomeadamente duas: os cidadãos têm agora diretamente acesso gratuitamente a factos e a opiniões de toda a espécie, a todo o momento, onde quer que se encontrem; e, por seu lado, as empresas e as instituições deixaram de precisar dos média tradicionais para comunicar com clientes ou utentes, injetando diretamente as suas comunicações na internet.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Desde logo, os média de informação têm que ser repensados e reposicionados em termos editoriais, sociológicos e económicos. Nas publicações escritas, diárias ou periódicas, impressas, em PDF digital ou até mesmo em linha, a prioridade já não é anunciar os acontecimentos, até porque os cidadãos já tomaram conhecimento deles pelos mais diversos intervenientes na internet, assim como pela rádio ou pela televisão. Há pois que propor aos potenciais compradores-leitores abordagens diferentes da atualidade. O que supõe um reequacionamento dos assuntos, com uma seleção e uma hierarquização diferentes, com horizontes temáticos mais vastos, mas sobretudo com um tratamento dos factos diferente em termos de interpretação, de análise e de escrita, que se traduza em conteúdos com uma mais valia indiscutível.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Paralelamente, perante a nova geografia mediática, a imprensa escrita tem que adotar um novo modelo económico, nomeadamente em termos de preços praticados e de promoção das assinaturas junto de públicos novos. Públicos mais jovens e naturalmente utentes quotidianos de telemóveis, tabletes e computadores. Públicos com um nível de instrução que lhes permita fazer a diferença entre informação não-jornalística e informação produzida segundo critérios jornalísticos por redações de indiscutível competência, dotadas de equipas capazes de proceder às desejáveis seleção, verificação, hierarquização, interpretação e análise dos factos de atualidade. O que supõe, bem mais do que antes, um reforço substancial destas equipas em termos quantitativos como de competências diversificadas. A evolução nesta matéria na Europa é aliás bastante significativa: os grandes diários “de referência” nunca tiveram redações tão numerosas, nem tantos assinantes e leitores em papel, computador, tablete e telemóvel.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">É certo que, apesar do caso dos diários “de referência”, a difusão global das publicações escritas impressas terá tendência a diminuir, passando a ser aquilo que foram até meados do século XIX: produtos de luxo destinados a públicos com um nível de instrução superior, exigentes em termos de conteúdo e capazes de pagar um preço relativamente elevado pelo que lhes seria dificilmente acessível de outro modo. As placas tectónicas do mundo mediático deslizaram. Há pois que reequacionar a nova arquitetura de modo a responder às necessidades dos cidadãos que esperam que os jornalistas lhes permitam compreender como vai o mundo e como interpretar a complexidade da sociedade em que vivem…</span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Professor emérito de Informação e Comunicação da Université Libre de Bruxelles.</span></span></b><p><br /></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-47798858616357375222023-12-08T16:58:00.000+00:002023-12-08T16:58:01.217+00:00Como explicar esta indiferença?<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">O Global Media quer despedir 150 a 200 trabalhadores. Pondo assim em questão o futuro do <i>Diário de Notícias</i>, do <i>Jornal de Notícias</i> e da <i>TSF</i>…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">Ontem o <i>Jornal de Notícias</i>, do Porto, não foi publicado. O seu pessoal estava em greve e desfilou pelas ruas da cidade. Uma cidade “apática, indiferente, distante”, a acreditar no texto publicado no Facebook por um jornalista de reconhecidos méritos que acrescentava: “</span><span style="background: white; color: #050505; font-family: Arial, sans-serif;">Que Porto é este que se incendeia pelos desentendimentos da bola e não sai à rua pela defesa do <i>JN</i>, enquanto é tempo?</span><span lang="PT" style="background: white; color: #050505; font-family: Arial, sans-serif;">”</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Esta interrogação circunstancial tem de facto uma dimensão bem mais larga. O que leva as gentes da cidade e da região portuense a deixarem morrer <i>O Comércio do Porto</i> e <i>O Primeiro de Janeiro</i>, e a nem sequer sair agora à rua em apoio ao <i>Jornal de Notícias</i>, o último diário generalista a ser ainda publicado no Porto? Poderá a segunda maior cidade do país, a autointitulada “capital do Norte”, não dispor de pelo menos um grande diário de informação geral?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Reparem em Barcelona, em Marselha, em Milão e por aí fora e por aí fora: todas estas segundas cidades mais importantes contam com um e até mais do que um diário generalista. Em Portugal, Coimbra e Braga contam com mais de um diário generalista. O que terá acontecido no Porto para que se tenha chegado a uma situação tão preocupante?…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Para além de algumas particularidades, o caso do Porto é consequência de uma trágica evolução da situação da imprensa em Portugal no após 25 de Abril. Os diários e semanários de informação geral passaram a ser tomados de assalto por gente que, na maior parte dos casos, não sabia minimamente o que era administrar uma empresa de edição, nem conhecia as mais elementares regras da prática jornalística.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Como se isso não fosse já inquietante, as direções administrativas e redatoriais foram-se sucedendo por vezes a uma estonteante rapidez. Movimentos que impediram consolidações de projetos editoriais, fazendo perder aos jornais a indispensável coerência jornalística e os laços de confiança que tinham com os seus leitores habituais. Leitores que foram assim abandonando jornais que “faziam parte da família”, do tempo dos pais e até dos avós.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Depois, os jornais enveredaram quase sempre por uma prática de porta-vozes oficiosos de meios dirigentes políticos, económicos, sociais, culturais, desportivos. Deixando largamente de ir “para o terreno”, auscultar a vida quotidiana dos cidadãos, dando eco às suas preocupações como às suas ambições. E os cidadãos foram-se lentamente desligando de uma imprensa que não falava do mundo deles.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Ao que parece, o Porto “não sai[u] à rua pela defesa do <i>JN</i>”. Os dirigentes do <i>Jornal de Notícias</i> e os seus jornalistas deveriam pois interrogar-se sem complacência sobre o que poderá explicar tal indiferença da parte dos portuenses perante o destino do único diário que lhes resta…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"> </span></span> </p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-78845018151609014522023-12-08T10:40:00.000+00:002023-12-08T10:40:01.264+00:00Julgavam que era a coutada deles…<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">O caso da gémeas brasileiras tratadas em Santa Maria tem dado lugar a manobras que põem em evidência a verdadeira natureza do autor da cunha…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;"> </span></span></b><span style="font-family: Helvetica; font-size: large;">Este Marcelo Rebelo de Sousa quer tomar-nos por parvos! No seu estilo manobreiro e intriguista inato, procura absolutamente convencer-nos estes dias que não é em nada responsável da inacreditável história das gémeas brasileiras!</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Como se nós não soubéssemos bem que qualquer chefe de Estado por essa Europa fora dispõe de uma coorte de próximos colaboradores, reunidos nomeadamente nas chamadas “casa civil” e “casa militar”. E, bem evidentemente, não é ele que atende todos os telefonemas, que abre e lê todos os sms, “mails” e correios postais. Que não é ele que recebe todos os visitantes no palácio presidencial. Nem é ele que dá todos os telefonemas nem escreve todas as mensagens ou cartas que emanam do dito palácio.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Mas, claro está, quando alguém tem contactos orais ou escritos com colaboradores diretos do dito chefe de Estado, esse alguém conclui muito naturalmente que essa é a reação ou a decisão do chefe de Estado. E no caso de que se fala atualmente, é por demais evidente que quaisquer que tenham sido os intermediários entre o chefe de Estado e o Hospital de Santa Maria, o pedido (se não a decisão, a ordem) irrecusável provinha de Rebelo de Sousa.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Quando este mesmo Rebelo de Sousa recebeu o pedido do filho “doutor Nuno” (!), só tinha uma atitude a tomar: contactar diretamente este filho e dizer-lhe que, dadas as suas funções de chefe de Estado, não podia permitir-se intervir num assunto privado. Só que os ditos Rebelo de Sousa pai e filho consideraram que Portugal era uma coutada privada deles. Pelo que podiam agir como a família estava habituada nos tempos do pai e avô Baltazar…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Só que os tempos mudaram e “Marcelo” parece não ter-se ainda dado conta. E anda agora como uma barata tonta a tentar implicar o governo, antigos e atuais governantes, colaboradores da Presidência, administradores e clínicos do Hospital, e até o próprio filho, sacudindo a água do seu capote de responsável. As manobras são aliás por demais evidentes. Esperemos porém que desta vez os cidadãos não se deixarão ludibriar e rejeitarão o engodo…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"> </span></span> </p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-69317315898047924252023-12-04T22:46:00.002+00:002023-12-04T22:46:42.946+00:00Evitar a vertigem do precipício<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">“Piano, piano se va lontano”, dizem os nossos amigos italianos. Como esta velha novela político-mediática que parece finalmente eclodir…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Ele vai implicar toda a gente possível e imaginável</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">, toda</span><span style="font-family: Helvetica;"> ! Começou por </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">fazer </span><span style="font-family: Helvetica;">evocar antigos governantes e altos responsáveis na área da saúde. Passou depois para colaboradores seus na Casa Civil. E já vai na família e até mais particularmente no </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">seu próprio </span><span style="font-family: Helvetica;">filho. Mostrando assim de que massa é feito</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">.</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"> </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">E</span><span style="font-family: Helvetica;"> do que é capaz sem uma onça de escrúpulos e de vergonha…</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">Mas em geral, os média </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">sempre lhe </span><span style="font-family: Helvetica;">acharam graça e foram-se deixando instrumentalizar</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">.</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"> </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">Até</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"> </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">por</span><span style="font-family: Helvetica;">que ele passou a ser um grande fornecedor de histórias que lhes permitiam encher </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">facilmente </span><span style="font-family: Helvetica;">espaço e tempo de antena. </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">E já lá vão cinquenta anos que isso acontece. </span><span style="font-family: Helvetica;">Pelo que é pouco provável que agora o deixem cair</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">.</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"></span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">Aliás, n</span><span style="font-family: Helvetica;">enhum tem suficiente autoridade </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">em termos de audiência e de prestígio </span><span style="font-family: Helvetica;">para poder </span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">realmente </span><span style="font-family: Helvetica;">tomar tal atitude…</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">A acumulação de caçarolas destas últimas semanas deveria levar um político responsável a apresentar naturalmente a sua demissão. Mas</span><span lang="FR" style="font-family: Helvetica;">, para isso,</span><span style="font-family: Helvetica;"> era preciso que ele o fosse…</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></span></p><p><br /></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-9233240105953214412023-12-04T10:00:00.017+00:002023-12-04T11:37:42.110+00:00Faz mesmo falta animar a malta?<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Num tempo de eleições partidárias e legislativas, seria desejável que a prática jornalística fosse para além das “opiniões” e das sondagens…</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Desde que o coautor e mesmo principal autor do golpe de Estado palaciano que o levou irresponsavelmente a dissolver uma vez mais a Assembleia da República, os nossos média andam num grande estado de excitação. Com as eleições internas do futuro secretário-geral do Partido Socialista. E com as anunciadas eleições legislativas de março.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Porém, em vez de mandarem para o terreno jornalistas competentes em matéria política, para indagarem como se desenrola a campanha interna no seio do PS, o que pensam os seus militantes e como regem aqueles que participarão nas eleições do futuro líder do partido, as redações tomam sobretudo dois tipos de iniciativas. Põem uns “colunistas” (quantas vezes meros achistas) a pontificar sobre o “Carneiro” (apelido) e o “Pedro Nuno” (nome próprio) — ignorando assim uma regra elementar do jornalismo. E, segunda hipótese, procuram pôr-se de acordo com outros média não concorrentes, de outro tipo, para partilharem os custos de sondagens.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">O mesmo fazem em relação às distantes eleições legislativas. Abundam as “opiniões” e não tanto as análises histórica e sociologicamente fundamentadas de reconhecidos especialistas. Em vez de mandarem para o terreno jornalistas claramente competentes em matéria de reportagem, de investigação e de entrevista. Para nos proporem um balanço concreto da obra do governo “sortant”, com os seus aspetos positivos, (in)satisfatórios e negativos. E para auscultarem o estado da opinião, os encantos e desencantos das gentes deste país, aquilo que esperam do próximo governo, e até mesmo do futuro, em termos nacionais, locais e pessoais.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Mas as sondagens, elas, já começaram a surgir uma atrás das outras, a pretender mesmo dizer quem vai ganhar a três ou quatro meses de distância. Quando, em dois livros publicados este ano, Luís Paixão Martins disse em termos suficientemente claros o interesse e a reserva com que tais exercícios de auscultação deveriam ser acolhidos. Só que, para os média portugueses, provocar alarido e sensações emocionantes com sondagens, custa bem mais barato do que dispor de uma redação suficientemente numerosa, especializada e aguerrida para desenvolver a vasta empreitada jornalística que a atualidade deveria supor…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-size: medium;"> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-64667261856632207182023-12-02T18:13:00.005+00:002023-12-02T18:13:47.546+00:00Os nossos “brandos costumes”<p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 24px; margin: 8pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="color: red; font-family: Helvetica;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR" style="color: red; font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Os média portugueses ditos “nacionais” vão mudando de proprietários e de direções perante a indiferença geral dos “meios dirigentes”…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">As grandes fortunas estão muitas vezes envoltas em mistérios. E era o caso da dos irmãos gémeos ingleses David e Frederick Barclay que, entre muitas outras atividades de negócios, tinham tomado o controlo em junho de 2004 de <i>The Daily Telegraph</i> e <i>The Sunday Telegraph</i>, célebres diário e semanário middle-market conservadores, propriedade até então do milionário canadiano Conrad Black.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Entretanto David Barclay faleceu, as dívidas da família Barclay foram-se acumulando. Pelo que o banco credor, Lloyds Bank, pôs à venda o grupo de imprensa. E entre os interessados surge RedBird IMI, de que são acionistas o fundo estado-unidense RedBird Capital e o fundo de Abu Dabi IMI (controlado de facto pelo sheik Mansour Ben Zayed), detendo este 75% do capital.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">Em 29 de novembro, 18 deputados conservadores publicam uma carta aberta na qual afirmam que tal transação constitui “uma ameaça potencial muito real para a segurança nacional”. O que leva o governo britânico (de direita, recorde-se) a intervir, recorrendo em 30 de novembro ao Ofcom (Office of Communications) e à CMA (</span><span style="background: white; color: #202122; font-family: Helvetica;">Competition and Markets Authority</span><span lang="PT" style="background: white; color: #202122; font-family: Helvetica;">).<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="background: white; color: #202122; font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Estas duas entidades reguladoras deverão assim decidir se tal aquisição é de natureza a fazer correr um risco ao interesse público do Reino Unido, quer em termos de “apresentação justa das informações” quer da “liberdade de expressão nos jornais”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="background: white; color: #202122; font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Muito recentemente o grupo português Global Média foi objeto de profundas mudanças na composição do seu capital, como do seu conselho de administração e das direções de diferentes média, a que veio acrescentar-se um “despedimento coletivo” de 150 trabalhadores. Perante uma quase total indiferença da nossa Assembleia da República e do nosso governo. Num país que, contrariamente ao Reino Unido, quase já não conta com média que procedam a uma “apresentação justa das informações” e capazes de praticar uma desejável “liberdade de expressão”…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT" style="background: white; color: #202122; font-family: Helvetica;">No pretenso “país de brandos costumes” a propriedade dos média está a saque, perante a indiferença geral</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica;">…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="background-color: white; color: #202122; font-family: Helvetica; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"> </span></span> </p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-48678565300434845682023-11-28T19:10:00.004+00:002023-11-28T19:10:44.477+00:00Um silêncio que o denuncia!<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span lang="PT" style="color: red;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;"><br />Já reparam que aquele tipo com fama de inteligente, mas de facto tragicamente imaturo e até mesmo atardado, filho de fascista, “afilhado” <i>in petto</i> de fascista, denunciador de democratas do Congresso de Aveiro como sendo “comunistas”, que conseguiu impor-nos intrigas, manobras e palhaçadas permanentes na imprensa semanal, em rádios e em televisões durante 50 anos, ao ponto de nos atordoar com um, duas, três, quatro e até cinco aparições diárias em telejornais, desapareceu desde o golpe de Estado palaciano que urdiu com a cumplicidade de uma incapaz procuradora-geral da República que vimos depois festejar o “25 de Novembro”?<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Há três semanas que os senhores bispos deste país, de quem ele tanto gosta de beijocar os anéis, deveriam ter-lhe sugerido de se demitir para não continuar a profanar princípios que teoricamente tanto apregoam. Enquanto vamos esperando que haja por aí um escritório de advogados reconhecidamente democratas lhe instaure um processo por ter, com as suas intrigas, manobras e demais palhaçadas, violado regularmente o Estado de direito e fragilizado a Democracia portuguesa, como nenhum outro antes dele depois do 25 de abril de 1974.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Ao ameaçar irresponsavelmente repetidas vezes e provocar de facto duas dissoluções prematuras e injustificáveis do parlamento, o residente incontinente de Belém concebeu de facto uma estratégia para tentar trazer os seus para o governo e, se possível, para “normalizar” os sucessores do papá e do “padrinho” fascistas, gente que reconhece como sendo os da sua laia, daquela linha Estoril-Cascais de que tantas saudades tem como puto brincalhão irresponsável a quem pouparam devidamente a ida à guerra nas colónias. E que agora, ao que tudo leva a pensar, mete cunhas para gémeas brasileiras conhecidas do filho que custaram nada menos de 4 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde. Depois de ter dado uma trágica imagem da Democracia portuguesa, fazendo considerações ridículas sobre o decote de uma emigrante ou perfeitamente ignorantes sobre a dolorosa questão palestiniana…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Só que o silêncio atual do residente incontinente de Belém não pode satisfazer de modo algum democratas vítimas do salazarismo que, cada um à sua maneira, se bateram por pelo regresso de Portugal à democracia: só a demissão do irresponsável Marcelo Rebelo de Sousa lhes pode dar o sentimento de que a Democracia portuguesa pode ainda ter felizes dias de esplendor no futuro…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"> </span></span> </p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-52769020314045891252023-11-25T19:07:00.014+00:002023-11-25T21:49:12.035+00:00Deux ou trois souvenirs, 48 ans après…<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span lang="FR" style="color: red;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="FR"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="FR"><span style="font-size: medium;"><br />Malgré un long déplacement urgent pour une situation imprévue inquiétante, tous les contacts avec les médias me rappellent que nous sommes aujourd’hui le 25 novembre. Et qu’une certaine droite portugaise plus ou moins réactionnaire a décidé cette année de fêter le 25 novembre 1975 qui a mis fin à ce qu’on a appelé « la Révolution des œillets »…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="FR"><span style="font-size: medium;">Je me souviens alors d’un épisode me concernant. Je résidais à Bruxelles depuis neuf ans et j’écrivais alors sur l’actualité au Portugal, aussi bien dans le quotidien <i>La Libre Belgique</i>, que dans les hebdomadaires <i>Notre Temps</i> et <i>Hebdo</i>. Celui-ci m’a ainsi demandé un article sur ce qui venait de se passer au Portugal. Ce que j’ai fait en intitulant mon papier « Requiem pour une révolution ».<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="FR"><span style="font-size: medium;">Or ce titre comme le papier lui-même ont été jugés « intolérables » par celle qui avait de facto la haute main sur la rédaction d’<i>Hebdo</i>. La « révolution allait continuer », « devait continuer », selon les dires de ladite rédactrice et son compagnon de l’époque, dont le gauchisme les a amenés quelque temps plus tard à intégrer le militantisme bien rémunéré au service du Parti socialiste (belge) plutôt social-démocrate. Et mon papier a été jeté aux oubliettes !<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="FR"><span style="font-size: medium;">Comme dans le microcosme journalistique bruxellois tout se sait, le directeur du rival <i>Notre Temps</i> a pris contact avec moi et a insisté pour publier mon article. Ce que fut fait quelques jours après. Et la suite de l’histoire a plutôt semblé donner raison au titre et à l’analyse que j’esquissais dans mon papier.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="FR"><span style="font-size: medium;">Cette évocation de <i>Notre Temps</i> me rappelle d’ailleurs une autre histoire. Je collaborais régulièrement dans cet hebdomadaire et, à un moment donné, la direction du journal a décidé de faire une enquête auprès des lecteurs (ou des seuls abonnés, je ne me souviens plus), enquête coordonnée par mon chef de service d’alors à l’Université, enquête dans laquelle je n’étais absolument pas impliqué.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="FR"><span style="font-size: medium;">Quelque temps après j’ai appris que, à la question sur le collaborateur préféré, dont on appréciait les papiers, les lecteurs m’avaient placé à la toute première place, ce que j’ai très modestement attribué (et attribue toujours) plus à la thématique des papiers (surtout sur le Portugal de la « révolution des œillets ») qu’aux éventuelles qualités de l’auteur même de ces papiers. Mais, cette première place ne fut jamais écrite dans <i>Notre Temps</i>, car mon chef de service y a mis son veto, la question des collaborateurs préférés n’ayant donc pas donné lieu à la citation de noms dans le compte-rendu publié dans le journal !<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="FR" style="line-height: 24px; text-align: start;">Cela ne m’a pas surpris. Et quelques mois plus tard, en avril 1976, quand j’ai publié un article, toujours dans <i>Notre Temps</i>, sur les accords entre les quotidiens <i>Le Rappel</i> du catholique réactionnaire Pol Vandromme, de Charleroi, et <i>La Dernière Heur</i>e du réactionnaire libéral Maurice Brébart, de Bruxelles, ledit chef de service a tout simplement interdit le jeune assistant que j’étais alors de continuer à écrire sur les médias !</span><span face="-webkit-standard" style="text-align: start;"></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="FR"><span style="font-size: medium;">48 ans après, il y des « accidents de parcourt » dont j’ai enfin envie de parler…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-1379995982793804492023-11-23T21:28:00.001+00:002023-11-23T21:28:13.266+00:00Tão contentinhos que eles estão!…<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span lang="PT" style="color: red;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT"><br /></span>Há muito, muito tempo que perdi a paciência para ver telejornais portugueses. Mas vejo todos os dias telejornais de dois outros países europeus<span lang="PT">:</span> um à hora de almoço e outro à hora de jantar. E depois vou vendo o que se passa <span lang="PT">em</span> televisões de outros países, segundo a atualidade<span lang="PT"> do dia</span>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Com as televisões portuguesas, limito-me a ouvir os títulos de abertura, quando eles existem, para ver, como eu digo <span lang="PT">com ironia </span>aos meus próximos, "se o Marcelo já se demitiu"<span lang="PT">, hipótese que constituiria certamente o título e a peça de abertura!</span>…<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Mas hoje fiz bem em ver o telejornal das 20h00 da RTP 1 do princípio ao fim. Vi assim aquela deliciosa peça em que o diretor da informação se regozija com a "informação de excelência" (sic) da RTP, num país classificado em segundo lugar ("no ranking", como eles dizem numa <span lang="PT">abastardada</span> língua portuguesa) num estudo europeu. Pena é que <span lang="PT">não </span>expliquem<span lang="PT">,</span> aos autores do estudo e ao <span lang="PT">contentinho</span> interprete do estudo<span lang="PT">,</span> as <span lang="PT">tristes </span>razões de tal classificação…<o:p></o:p></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-5993709570445200732023-11-22T19:13:00.000+00:002023-11-22T19:13:04.610+00:00Tão caladinho que ele anda!…<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b><span lang="PT" style="color: red;">J.-M. Nobre-Correia</span></b><b><span lang="PT"><o:p></o:p></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT"><br /><span style="white-space: pre-wrap;">Sou capaz de andar distraído com reais questões privadas…</span> Parece-me, no entanto, que o residente incontinente de Belém — grande fornecedor de “comentários” sobre todas a espécie de matérias, tão apreciados pelo jornalismo-à-portuguesa largamente praticado nos nossos média — anda caladinho como um rato. Já não vai como os zés-ninguém buscar uns dinheiritos a um multibanco, nem sequer a lamber publicamente um gelado como os putos lá do bairro…</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT">Decididamente, estas histórias do decote canadiano, da parvoada sobre a Palestina e do golpe de Estado palaciano que lhe permitiu enfim dissolver uma vez mais a Assembleia da República em menos de dois anos estão a ter consequências mediáticas incalculáveis. Embora seja verdade que também lhe permitiram tentar fazer esquecer esta história dos quatro milhões de euros das gémeas brasileiras, a documentação sobre esta enormíssima cunha tendo milagrosamente desaparecido da administração hospitalar, por obra e graça do Divino Espírito Santo, certamente, até porque, como beijoqueiro dos anéis episcopais, o residente incontinente bem merece…</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT">Chego a recear que os média venham um dia destes a pôr-se em greve contra a falta de matéria produzida diretamente em Belém ou por diversas fontes “heterónimas", em “fugas” sagazmente canalizadas para as redações, deixando assim de alimentar devidamente o enchimento dos chouriços quotidianos…</span><o:p></o:p></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-13472485599630024062023-11-17T11:03:00.004+00:002023-11-17T11:05:44.565+00:00Esclarecimentos necessários<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;"><span style="color: red;">J.-M. Nobre-Correia</span><o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Quando é que os nossos jornalistas, em nome da deontologia profissional, se decidem esclarecer (e nos esclarecer) sobre quem é(são) esta(s) "fonte(s) de Belém" tão omnipresente(s) nos nossos média de informação?…</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT">É que vai aumentando por aí um sentimento cada vez mais desagradável de que há porta-vozes oficiosos (na impossibilidade de serem decentemente oficiais) que são utilizados como instrumentos de manobras inconfessáveis.</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT">Hoje, por exemplo, esta "informação" que diz que "Procuradora-Geral da República redigiu o último parágrafo do comunicado que levou à demissão do primeiro-ministro. Belém garante que nada teve a ver com o seu teor": quem procura queimar quem? E quem procura sair ileso do incêndio?…</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT">Outro aspeto desta mesma atualidade: </span>Marcelo Rebelo de Sousa e Lucília Gago já se demitiram das funções que ocupam na hierarquia do Estado português, como <span lang="PT">cor</span>responsáveis da atual grave crise do regime democrático?</span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica; line-height: 24px;">Augusto Santos Silva, como segundo personagem na hierarquia do Estado, já assumiu <i>ad interim</i> a função de presidente da República até às próximas eleições presidenciais?</span><span lang="PT" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px;">…</span></span><p><span style="font-size: medium;"> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-7664385427982955392023-11-16T19:47:00.008+00:002023-11-16T19:49:46.352+00:00As turbulências de um personagem inconsistente<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;"><span style="color: red;">J.-M. Nobre-Correia</span><o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Intrigas e manobras permanentes não foram suficientes para pôr mão no governo da nação. Havia pois que urdir um golpe de Estado palaciano…<o:p></o:p></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">O guião estava delineado nas suas grandes componentes. E os cidadãos dispunham de elementos suficientes para poderem antever o que seria a dramaturgia concebida pelo personagem. Sobretudo os chamados líderes de opinião, políticos e intelectuais, conheciam bem o itinerário do candidato ao longo de mais de uma quarentena de anos para saberem que egocentrismo e exibicionismo, intriguismo e manobrismo eram os fundamentos mesmo da sua personalidade. Componentes a que vinha juntar-se uma grande dose de irresponsabilidade sobre as consequências das suas artimanhas de miúdo reguila atardado.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Era pois urgente denunciá-lo e pôr termo à sua agitação. Só que os tais líderes de opinião, e sobretudo os políticos, tinham-se inspirado na tudologia que ele tinha inaugurado em vésperas de um 25 de Abril que o deixou escapar entre as malhas de uma tolerância demasiado benévola. E, de então para cá, as diabruras mais ou menos teatrais foram cada vez mais apreciadas por média estruturalmente frágeis. Um tal fornecedor em fluxo contínuo de matéria para encher páginas e tempo de antena, só podia ser carinhosamente estimado, embora a diferença essencial entre informação e entretenimento fosse assim dolorosamente negligenciada.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Chegado que foi o momento de se apresentar à eleição para a magistratura suprema, nem foi preciso investir muito na campanha, tão massiva era já a sua presença de longa data nos média e inocente a cumplicidade dos jornalistas, sem comparação possível com as de que outros pobres candidatos podiam usufruir. E, uma vez eleito, a sua margem de manobra em termos de intriga passou a ser progressivamente sem limites. Falando sobre tudo, metendo o bedelho em tudo, procurando fazer passar a ideia que era ele que decidia tudo (e não os reais responsáveis por tais decisões), interferindo na vida das mais diversas instituições e sobretudo na vida do governo. E tal megalomania omnipresente era tanto mais possível que os média adoravam este tipo de momentos diversificados, largamente pré-anunciados, que supunham uma “cobertura” com meios técnicos e humanos limitados e, portanto, com custos bastante reduzidos em termos de produção.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Levando cada vez mais longe os poderes que ele próprio mediaticamente se atribuiu, ignorando soberanamente o que dizem a legislação na matéria como a própria Constituição, foi perdendo toda e qualquer noção da decência que convém num Estado de direito. E como, a dada altura, o responsável do poder executivo — que cometera antes o imperdoável erro de fazer crer ao eleitorado de esquerda que seria normal que ele fosse naturalmente reeleito para um segundo mandato — ousou fazer-lhe frente, então o homem do espetáculo mediático permanente, aproveitou a aflitiva incompetência de uma procuradora manifestamente inapta para urdir um golpe de Estado palaciano.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Tendo o primeiro-ministro tomado imediatamente a iniciativa de se demitir, a questão que se punha então, em termos formais, era a da dissolução do Parlamento ou a designação de outro primeiro-ministro proveniente da maioria absoluta parlamentar. Foi esta segunda hipótese a preconizada por metade do Conselho de Estado que considerou muito responsavelmente que era preciso assegurar uma continuidade e estabilidade governamental num período particularmente conturbado da atualidade mundial. Mas não era esta alternativa que permitiria a um manobreiro sem escrúpulos antever a hipótese com que sonhava há tanto, tanto tempo, pronunciando repetidamente ameaças de dissolução. Para ele, só assim seria potencialmente possível levar os seus ao “pote” e concretizar o seu projeto de um presidencialismo não constitucional, mas mediaticamente reconhecido, e sem limites para exercer a sua megalomania.<o:p></o:p></span></span></p><span lang="PT" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px;"><span style="font-size: medium;">O seu sonho perverso, pôr os da sua laia no poleiro e instituir-se grande timoneiro, parece assim passar a ser uma probabilidade que desponta no horizonte. Possa ele ficar doravante na História como um lamentável político de opereta, desestabilizador permanente do Estado de direito e da Democracia. Enquanto vamos esperando o momento em que lhe serão pedidas contas e que a Justiça (uma justiça a sério: competente, eficiente e democrática) o fará pagar pesadamente pela tragicomédia que nos impôs durante todos estes anos…</span></span><p><span style="font-size: medium;"> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-52970706229740074002023-11-14T09:35:00.016+00:002023-11-14T20:16:01.554+00:00Dos folhetins e dos bombos<p><b style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: red;"><span style="font-size: medium;">J.-M. Nobre-Correia</span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">No jornalismo-à-portuguesa, os média adoram os folhetins (covid, Ucrânia, Palestina, demissão do primeiro-ministro…) com longos, longos e sucessivos episódios, os folhetins seguintes fazendo largamente esquecer os folhetins anteriores. Mas os ditos média adoram também os bombos da festa.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Depois de J. A. Azeredo Lopes e Eduardo Cabrita, houve o pobre João Galamba sobre o qual batiam sem piedade há um horror de tempo, escandalosamente inspirados pelo residente incontinente em Belém sem a mais elementar vergonha.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Em seguida foi a vez de António Costa, numa manobra concertada entre uma justiça escandalosamente incapaz e o mesmo residente incontinente. Mas, em termos pessoais, a manobra parece ter-se seriamente esvaziado e feito psichtt (como diria o falecido Jacques Chirac)…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span lang="PT">Agora é Mário Centeno que é transformado em bombo da festa, como já o tinha sido quando foi da sua nomeação para o Banco de Portugal…</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">O jornalismo-à-portuguesa precisa de folhetins e de bombos da festa. Pensando conquistar assim audiência. Quando perde sobretudo credibilidade…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;"> </span></span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6581381961369868037.post-76323005030546731352023-11-02T20:34:00.000+00:002023-11-02T20:34:03.151+00:00Saber “tirar as castanhas do lume”<p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 24px; margin: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;"><span style="color: red;">J.-M. Nobre-Correia</span><o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Luís Paixão Martins tem sobre a grande maioria de outros autores de livros três grandes trunfos [“atouts”]: foi jornalista (em agência, em jornal diário e em rádio), passou para o outro lado da barricada e criou uma agência de comunicação de sucesso (LPM Comunicação), e nasceu e viveu sempre em Lisboa. O que quer dizer que conhece certamente o microcosmo mediático-jornalístico bem melhor do que esses outros autores. O que constitui a priori uma grande vantagem…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Esta grande vantagem foi magnificamente ilustrada nestes últimos dias, com o que se assemelha claramente a um “plano média” delineado por mão de mestre. Assim, nos últimos dias de setembro, começa Paixão Martins por nos anunciar repetidamente em “redes sociais” a publicação de um novo livro, <i>Como mentem as sondagens</i>. Bem cedo, mas já em outubro, anuncia também a apresentação do livro para sábado 28, ao fim da tarde, num importante centro comercial de Lisboa, por nada menos do que uma ministra do atual governo e um conhecido tudólogo. Depois, como por encanto, na véspera desta apresentação, o <i>Expresso</i> de sexta-feira 27 consagra-lhe uma página e meia na sua “revista”. E no sábado 28, coincidência perfeitamente inaudita, os dois diários “de referência”, publicam entrevistas do dito autor: uma página inteira no <i>Diário de Notícias</i> (com chamada na primeira página) e uma página e meia no <i>Público</i>, antes da apresentação nesse mesmo dia em Lisboa. Antes de outra apresentação prevista para o dia seguinte, domingo 29, na Feira do Livro e do Disco Políticos, em Setúbal, precedendo o encerramento oficial. Enquanto uma nova apresentação está prevista para este fim de semana no Porto, com nada menos do que o ex-presidente do partido de direita, a diretora do portuense <i>Jornal de Notícias</i> e uma apresentadora de telejornal da <i>RTP</i>. Outras apresentações estão também já anunciadas. E isto para não falar de referências ao dito livro em emissões de rádio e de televisão por diversas eminências tudológicas…<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="font-family: Helvetica; line-height: 18pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span lang="PT"><span style="font-size: medium;">Digam lá depois que as agências e os especialistas de comunicação não sabem perfeitamente manobrar os cordelinhos de acesso aos média de informação deste país? Os francófonos chamam a isto “savoir tirer les marrons du feu” [saber tirar as castanhas do lume], o que é claramente adequado não só à época atual, mas ilustra também bem um funcionamento bastante generalizado no jornalismo português…<o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-size: medium;"> </span></p>NChttp://www.blogger.com/profile/10572146366445961851noreply@blogger.com0