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A mostrar mensagens de junho, 2014

Questão de vida ou de morte

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J.-M. Nobre-Correia Jornais : Em matéria de informação jornalística, a situação em Portugal é cada vez mais grave e mesmo desesperante, perante a incúria dos responsáveis… A situação da informação jornalística em Portugal é bastante insatisfatória e até globalmente medíocre. E a dos média de informação jornalística é inacreditavelmente subdesenvolvida. Ultra-subdesenvolvida mesmo, para um país com esta demografia, este nível cultural (apesar de tudo) e este desenvolvimento económico (não obstante a crise). Só que, em matéria de média e mais particularmente de imprensa em papel, não há uma reflexão séria sobre o assunto… Políticos e homens de negócios só pedem a deus-nosso-senhor que as coisas continuem assim. Quanto menos informação séria houver, melhor eles estão de saúde, mantendo os cidadãos na ignorância do que se passa nessas esferas do poder. E, felizes por frequentarem os bastidores essas esferas do poder, editores e diretores preferem nem sequer se interr

Uma arma absoluta

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J.-M. Nobre-Correia Economia : Quando os média perdem “o sentido das responsabilidades”, os meios dirigentes dispõem de um instrumento todo poderoso, geralmente decisivo… Os jornalistas não são necessariamente grandes democratas amadores de pluralismo. Geralmente, são sim amadores de personagens que fazem declarações estrondosas. E, no caso da televisão, adoram os que criam um clima de espetáculo e de polémica contundente. Pouco lhes importa, no plano político, que o que dizem esses personagens seja interessante, coerente, plausível. O que é preciso é “animar a malta” e fazer subir a parte de audiência da estação… As televisões privadas espanholas estão assim a dar grande importância ao líder de Podemos, que obteve 7,97 % dos votos nas eleições europeias. Sucesso tanto maior e inesperado que este partido político foi constituído em março, dois meses e meio antes do escrutínio. Só que o governo de direita conservadora no poder não aprecia nada que Pablo Iglesias,

Interrogações de um estrangeirado perplexo

J.-M. Nobre-Correia Um após outro, os diários deste país (mas não só eles) vão desaparecendo. E Portugal é dos países europeus que contam com menos títulos. Para não falar já no facto que boa parte dos diários por aí publicados são claramente insuficientes em termos de cobertura dos diferentes aspetos da atualidade. Uma após outra, as redações vão-se esvaziando. Quantitativamente e até qualitativamente. Porque, no entender dos editores, é preciso reduzir os custos. Equipas menos numerosas têm evidentemente custos mais baixos. Como têm custos mais baixos equipas mais jovens, contando com menos antiguidade. E juventude que quer dizer também, na maior parte dos casos, menos experiência, menos competência. E o que não é indiferente para os editores e diretores : maior maleabilidade, maior flexibilidade. Uma crise que vem de longe É por demais evidente que, desde há seis anos, a crise dos investimentos publicitários acentuou a crise da imprensa portuguesa. Acentuou mas

A incompreensão da História

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J.-M. Nobre-Correia Abdicação : Juan Carlos de Borbón decide retirar-se do poder, surpreendendo os espanhóis. E os diários madrilenos reagem como se nada tivesse mudado desde há cinquenta anos… Foi tempo em que muitos diários tiravam várias edições ao longo do dia. Os editores queriam acompanhar a atualidade e propor aos leitores os seus últimos desenvolvimentos. Até porque os hábitos de aquisição dos jornais eram diversos : antes de ir para o trabalho, à hora de almoço, à saída do trabalho, antes de voltar a casa para jantar,… Fim dos anos 1960, princípios dos anos 1970, jornais havia na Europa do centro-norte que tiravam ainda sete edições diárias ! A multiplicação dos jornais nas rádios e nas televisões, nos anos 1960-70, veio fazer abrandar esta estratégia comercial. E o aparecimento das rádios e das televisões de informação contínua, a partir dos anos 1980, pôs-lhe fim, deixando compreender aos editores que era necessário repensar o posicionamento dos diário

Um anacronismo absurdo

J.-M. Nobre-Correia Os monárquicos em geral, e os monárquicos portugueses em particular, adoram contos de embalar com reis, rainhas, príncipes e princesas. E recusam ver o que há de escandaloso e absurdo em tais narrativas… A demissão de Juan Carlos de Borbón tem posto em êxtase essas relíquias de “Ancien Régime” que são os monárquicos portugueses. Gente, por vezes inteligente e culta, que se põe a fazer considerações totalmente desprovidas de bom senso. Dizendo por exemplo que as monarquias são um modelo de estabilidade e moralidade, e as repúblicas se caraterizam pela instabilidade e a corrupção. Limitando por vezes tais afirmações às monarquias do norte e às repúblicas do sul da Europa. Demonstrando assim, no primeiro como no segundo casos, cegueira ou desonestidade. Começando pela distinção enganadora entre o norte e o sul da Europa, esses monárquicos pseudo-subtis esquecem voluntariamente a diferença histórica entre ética protestante e ética católica. E, que se s