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A mostrar mensagens de agosto, 2023

Enquanto vamos esperando…"

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Um livro em que a história da imprensa, da rádio e da televisão portuguesas é devidamente inserida na das suas congéneres dos países europeus mais próximos geográfica e culturalmente…

O meu novo livro

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Como já tinha dito em intervenções minhas no Facebook, o meu novo livro vem finalmente a lume e chega por estes dias às livrarias. Trata-se de uma abordagem dos média e da informação em Portugal pelo cidadão estrangeirado-retornado que sou, que não posso nem quero deixar de ter, regressado ao país de origem mais de 45 anos depois de ter partido para o exílio e de lá ter feito carreira na área precisamente dos média e da informação… Trata-se do meu quinto livro em português  como autor único,  que se vem juntar aos nove em francês …e aos 28 como co-autor em diversas línguas. Estou convencido que este livro terá dois destinos prováveis : ou, como dizem os francófonos, será "posto no cemitério" (ignorando voluntariamente os média o livro que acaba de ser publicado) ou será objeto de ferozes críticas (os jornalistas não suportando que a prática profissional deles seja criticada, eles que tudo e todos se autorizam criticar, sobretudo se as críticas vierem de um académico)… No enta

Inquietante desertificação acelerada

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J.-M. Nobre-Correia Lentamente, a imprensa escrita vai perdendo leitores e desaparecendo. Perante uma espantosa indiferença dos meios dirigentes… Fala-se muito de política quando se evoca a situação da imprensa em Portugal: a erosão das tiragens seria consequência de opções ideológicas das publicações. Raramente se evocam as condições económicas de exercício desta indústria singular. Pouco se diz dos meios humanos de que dispõem as empresas para a produção e a gestão das publicações. E a digitalização como a internet são citadas sobretudo pelos aspetos negativos que tiveram na crise atual. Ora, a primeira constatação que salta aos olhos no que se refere à imprensa em Portugal é que ela tem índices de consumo baixíssimos, os mais baixos mesmo de toda a Europa ocidental. Consequência de uma situação histórica decorrente de altos e duradouros níveis de analfabetismo; de comunicações difíceis das duas principais cidades onde se editavam jornais com o resto do país; da totalmente insatisfat

Saber cantar o seu país…

J.-M. Nobre-Correia O falecimento de Toto Cutugno surpreende-me e entristece-me. Pura coincidência: ainda ontem ouvi algumas das suas célebres canções, ignorando porém que ele se encontrava hospitalizado e nos seus últimos momentos de vida. Cutugno foi um formidável cantautor, compositor, autor de textos de canções e até um animador de programas de divertimento televisivo (lembro-me bem dele quando dirigia “Domenica in” nas tardes de domingo da RAI Uno). Compôs e escreveu para vários cantores franceses e italianos de primeiro plano (gente desconhecida, é certo, num país chamado Portugal que passou tristemente a ser no plano musical uma colónia quase exclusiva do imperialismo anglo-estado-unidense!). A canção mais célebre de Cutugno é certamente “L’Italiano”. Uma melodia que convida ao canto e à dança, e um maravilhoso texto descritivo da sociedade italiana, do seu funcionamento, dos seus hábitos e de …un partigiano come presidente. E até mesmo, para além da Península, da própria socied

Que d’étranges sentiments…

J.-M. Nobre-Correia Me voilà éprouvant des sentiments étranges et singulièrement contradictoires probablement… Je viens d’apprendre le décès du général responsable de la reconstruction de la cathédrale de Notre-Dame, à Paris, après son incendie de 2019. Et j’éprouve très étrangement un sentiment d’émotion. Alors que je ne connaissais pas l’homme. Que je suis clairement antimilitariste et tout aussi clairement agnostique et anti-calotin. Pourtant, je dois avouer que, quand je passais par Paris (ce qui m’est arrivé des dizaines de fois, y ayant même donné cours pendant dix ans), je visitais souvent Notre-Dame. Par la beauté de son architecture et de ses vitraux. Par le silence et le sentiment de paix qu’on y respire, alors même que c’est l’ébullition qui règne tout autour dans Île de la Cité. Que l’homme qui dirigeait sa reconstruction de main de maître disparaisse à 74 ans, lors d’une randonnée en solitaire dans les Pyrénées, m’émeut. Car, tragiquement, il ne verra pas la conclusion de

Quando um novo livro é anunciado

Os meus três mais recentes livros em português publicados pela Almedina, antes de ser publicado (dentro de quatro semanas exatamente) o meu próximo livro em matéria de média e de jornalismo… Estes livros podem ser adquiridos nas chamadas "boas livrarias" ou, em linha, pela Almedina.net

Compreender o que parece incompreensível

Nunca fui nem serei comunista por razões intelectuais e políticas ! Mas tenho um profundo respeito pelo que foi historicamente o PCP na resistência (durante muitos anos quase única) ao salazarismo. E pelo que representou na emigração, nomeadamente em Bruxelas, como apoio aos futuros refugiados… Mas os meus amigos comunistas terão que me explicar melhor um dia a posição deles sobre a intervenção militar russa na Ucrânia (que compreendo até que não seja a que domina nos média portugueses e ocidentais),  a posição sobre a eutanásia na Assembleia da República e  a posição sobre a Igreja Católica (isto a propósito nomeadamente do artigo de João Oliveira hoje no "Público" sobre a recente visita do papa)… Há da parte deles um baralhar de cartas dificilmente compreensível e até mesmo intolerável para quem experimenta uma certa solidariedade com o que o PCP representou na história contemporânea portuguesa em tempos de salazarismo…

Um jornalismo seguidista

J.-M. Nobre-Correia Hoje, senti-me profissionalmente obrigado a lançar uma e outra olhadelas mais ou menos duradoiras às nossas televisões. Num dia de que ouviremos repetidamente falar durante algum tempo. E que será depois evocado em grandes ocasiões comemorativas do calendário da Igreja Católica e da vida nacional. Fui assim levado uma vez mais a constatar que há uma contribuição de fundo portuguesa para os géneros jornalísticos em prática nas televisões: o dos longos acompanhamentos dos veículos, geralmente autocarros, que transportam altas personalidades, papas ou jogadores de futebol, por exemplo. Por ocasião da chegada deles a Lisboa, da deslocação das personalidades para os hotéis ou residências onde ficarão alojados, da ida depois destas para os destinos de acontecimentos importantes, do regresso do lugar deste acontecimento para outro de consagração dos seus heróis, e, por fim, da deslocação para o aeroporto quando as personalidades deixam finalmente Portugal. Momentos que, ma

Em homenagem a J. Alferes Gonçalves

J.-M. Nobre-Correia Não é fácil. Nada fácil mesmo decidir regressar a Portugal depois de se terem feito os estudos superiores e a carreira profissional inteiramente no estrangeiro durante mais de 45 anos. Sejam quais forem as razões do regresso, o estatuto de estrangeirado-retornado é visto, por uns e outros, com desconfiança. E o titular de tal estatuto mantido devidamente à distância… No que me diz respeito, a distância do meio jornalístico e mediático é clássica em relação a quem se ocupa destas áreas em termos académicos: eles que escrevem e falam de tudo, não aceitam que gente exterior ao meio se permita falar e escrever sobre eles. E quando à distância dos académicos, várias hipóteses de explicação são possíveis: ponha o Leitor a imaginação especulativa no poder!… João Alferes Gonçalves, que faleceu ontem, era um jornalista diferente da grande generalidade dos profissionais da área. Responsável do  Clube de Jornalistas em linha  (de que tinha feito um sítio de consulta diária obr