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A mostrar mensagens de dezembro, 2023

Uma opção que é sempre um erro

  J.-M. Nobre-Correia Pode um jornal que se quer   “ de referência ”, como o  Diário de Notícias ,  considerar que a demissão das direções de outros diários , como o  Jornal de Notícias  e  O Jogo ,  não é acontecimento suficientemente importante (num país que conta tão poucos diários) para ser noticiada na s suas  ediçõ es  em papel  e  em linha? E o facto destes mesmos diários fazerem parte do mesmo grupo que o próprio   Diário de Notícias   será suficiente para explicar esta ausência   do assunto? É que tal conceção editorial  levará  certamente boa parte d os seus leitores a sentirem-se insuficientemente informados e a procurarem informar-se em média concorrentes . O que não constitui nunca uma opção positiva em termos de estratégia comercial como de reforço da ligação de confiança do leitorado com “o seu” jornal…  

Como é possível?!

J.-M. Nobre-Correia Como é possível que a direção da informação da RTP tenha ousado pôr um José Rodrigues dos Santos, personagem altamente tendencioso em toda a informação que trata, a entrevistar um candidato ao secretariado geral do Partido Socialista e potencial primeiro-ministro ?! Basta ver os assuntos com que aborda inicialmente a entrevista. Por enquanto (às 20h45) nada, absolutamente nada, diz respeito ao futuro do partido e do governo. Nada sobre projetos para o futuro ! À s  20h46 evoca então o futuro. Mas uma vez mais o que lhe interessa é saber o que se passará em termos de alianças com outros partidos ! E mais concretamente se se vai aliar com os papões BE e PCP ! Assim a atitude do entrevistado perante os casos atualmente em justiça referente a personagens do PS. Como é que a pública RTP não tem VERGONHA, vergonha, de deixar este indivíduo cheio de tiques de toda a ordem apresentar um telejornal e entrevistar um homem político, seja ele qual for ? E como é que os homens p

Reequacionar a abordagem

J.-M. Nobre-Correia Captar o burburinho do mundo de outro modo, explorar o potencial de novas ferramentas e escrever numa linguagem capaz de seduzir novas gerações… Um dos “grandes” grupos de média portugueses foi objeto de importantes alterações na propriedade do capital. Pelo que a composição do seu conselho de administração foi modificada. E os novos responsáveis acharam por bem proceder rapidamente a um “despedimento coletivo” de 150 trabalhadores, iniciativa que tem tido numerosos antecedentes no mundo dos média, e mais particularmente da imprensa escrita, por essa Europa fora. Para esta maneira de proceder é dada quase sempre a mesma justificação: a crise económica dos média. Crise para a qual são avançadas explicações conhecidas: proliferação do sector audiovisual a partir dos anos 1970, com a inevitável fragmentação das receitas entre numerosos atores; crise dos investimentos publicitários, consequência de movimentos de fundo que alteraram fortemente a partilha entre imprensa e

Como explicar esta indiferença?

J.-M. Nobre-Correia O Global Media quer despedir 150 a 200 trabalhadores. Pondo assim em questão o futuro do  Diário de Notícias , do  Jornal de Notícias  e da  TSF … Ontem o  Jornal de Notícias , do Porto, não foi publicado. O seu pessoal estava em greve e desfilou pelas ruas da cidade. Uma cidade “apática, indiferente, distante”, a acreditar no texto publicado no Facebook por um jornalista de reconhecidos méritos que acrescentava: “ Que Porto é este que se incendeia pelos desentendimentos da bola e não sai à rua pela defesa do  JN , enquanto é tempo? ” Esta interrogação circunstancial tem de facto uma dimensão bem mais larga. O que leva as gentes da cidade e da região portuense a deixarem morrer  O Comércio do Porto  e  O Primeiro de Janeiro , e a nem sequer sair agora à rua em apoio ao  Jornal de Notícias , o último diário generalista a ser ainda publicado no Porto? Poderá a segunda maior cidade do país, a autointitulada “capital do Norte”, não dispor de pelo menos um grande diário

Julgavam que era a coutada deles…

J.-M. Nobre-Correia O caso da gémeas brasileiras tratadas em Santa Maria tem dado lugar a manobras que põem em evidência a verdadeira natureza do autor da cunha…   Este Marcelo Rebelo de Sousa quer tomar-nos por parvos! No seu estilo manobreiro e intriguista inato, procura absolutamente convencer-nos estes dias que não é em nada responsável da inacreditável história das gémeas brasileiras! Como se nós não soubéssemos bem que qualquer chefe de Estado por essa Europa fora dispõe de uma coorte de próximos colaboradores, reunidos nomeadamente nas chamadas “casa civil” e “casa militar”. E, bem evidentemente, não é ele que atende todos os telefonemas, que abre e lê todos os sms, “mails” e correios postais. Que não é ele que recebe todos os visitantes no palácio presidencial. Nem é ele que dá todos os telefonemas nem escreve todas as mensagens ou cartas que emanam do dito palácio. Mas, claro está, quando alguém tem contactos orais ou escritos com colaboradores diretos do dito chefe de Estado,

Evitar a vertigem do precipício

J.-M. Nobre-Correia “Piano, piano se va lontano”, dizem os nossos amigos italianos. Como esta velha novela político-mediática que parece finalmente eclodir… Ele vai implicar toda a gente possível e imaginável , toda  ! Começou por  fazer  evocar antigos governantes e altos responsáveis na área da saúde. Passou depois para colaboradores seus na Casa Civil. E já vai na família e até mais particularmente no  seu próprio  filho. Mostrando assim de que massa é feito .   E  do que é capaz sem uma onça de escrúpulos e de vergonha… Mas em geral, os média  sempre lhe  acharam graça e foram-se deixando instrumentalizar .   Até   por que ele passou a ser um grande fornecedor de histórias que lhes permitiam encher  facilmente  espaço e tempo de antena.  E já lá vão cinquenta anos que isso acontece.  Pelo que é pouco provável que agora o deixem cair . Aliás, n enhum tem suficiente autoridade  em termos de audiência e de prestígio  para poder  realmente  tomar tal atitude… A acumulação de caçarolas

Faz mesmo falta animar a malta?

J.-M. Nobre-Correia Num tempo de eleições partidárias e legislativas, seria desejável que a prática jornalística fosse para além das “opiniões” e das sondagens… Desde que o coautor e mesmo principal autor do golpe de Estado palaciano que o levou irresponsavelmente a dissolver uma vez mais a Assembleia da República, os nossos média andam num grande estado de excitação. Com as eleições internas do futuro secretário-geral do Partido Socialista. E com as anunciadas eleições legislativas de março. Porém, em vez de mandarem para o terreno jornalistas competentes em matéria política, para indagarem como se desenrola a campanha interna no seio do PS, o que pensam os seus militantes e como regem aqueles que participarão nas eleições do futuro líder do partido, as redações tomam sobretudo dois tipos de iniciativas. Põem uns “colunistas” (quantas vezes meros achistas) a pontificar sobre o “Carneiro” (apelido) e o “Pedro Nuno” (nome próprio) — ignorando assim uma regra elementar do jornalismo. E,

Os nossos “brandos costumes”

J.-M. Nobre-Correia Os média portugueses ditos “nacionais” vão mudando de proprietários e de direções perante a indiferença geral dos “meios dirigentes”…   As grandes fortunas estão muitas vezes envoltas em mistérios. E era o caso da dos irmãos gémeos ingleses David e Frederick Barclay que, entre muitas outras atividades de negócios, tinham tomado o controlo em junho de 2004 de  The Daily Telegraph  e  The Sunday Telegraph , célebres diário e semanário middle-market conservadores, propriedade até então do milionário canadiano Conrad Black. Entretanto David Barclay faleceu, as dívidas da família Barclay foram-se acumulando. Pelo que o banco credor, Lloyds Bank, pôs à venda o grupo de imprensa. E entre os interessados surge RedBird IMI, de que são acionistas o fundo estado-unidense RedBird Capital e o fundo de Abu Dabi IMI (controlado de facto pelo sheik Mansour Ben Zayed), detendo este 75% do capital. Em 29 de novembro, 18 deputados conservadores publicam uma carta aberta na qual afirma