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O empecilho falante

J.-M. Nobre-Correia É bem conhecido o egocentrismo exibicionista do residente em Belém. Mas a sua irresponsabilidade torna-se também cada vez mais evidente nestes últimos tempos. Hoje disse assim que tenciona deslocar-se nos próximos dias a hospitais que conhecem atualmente problemas para se inteirar da situação. À parte a necessidade obsessiva que ele tem de se pôr constantemente em evidência perante os média, o que é que lá vai fazer?! Permito-me transcrever aqui um parágrafo das pp. 185-186 do meu livro  Teoria da Informação Jornalística , publicado pela Almedina: “Esta preocupação de se pôr em valor, em bicos dos pés, de estar omnipresente lá onde, como consequência da atualidade, se encontram as câmaras de vídeo, suscita práticas dos meios políticos que passaram a ser correntes:  « Não há falecimento que não seja preciso saudar com um elogio lacrimoso. Nem uma libertação de reféns que não exija uma presença presidencial ou governamental na pista de aterragem. Nem um crime que não

Estas manifestas insuficiências

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J.-M. Nobre-Correia Os jornais portugueses estão confrontados a dificuldades decorrentes dos meios humanos, técnicos e financeiros de que dispõem… Leitor, ouvinte, espectador ou internauta, tem-se demasiadas vezes o sentimento que o jornalismo praticado em Portugal é globalmente insuficiente. E até que, de certo modo, não evoluiu com as necessidades do tempo presente. Que, exagerando um pouco, continua a fazer-se jornalismo como em fins do século XIX ou, pelo menos, como até aos anos 40 do século XX. Isto é: anunciando factos recebidos na redação ou, na melhor das hipóteses, cuidadosamente recolhidos por jornalistas da redação. A que se juntavam tomadas de posição ideológicas consideradas indispensáveis. Só que o jornalismo de há uns 70-80 anos para cá evoluiu. E evoluiu sob a pressão mesmo da extensão da paisagem mediática e da progressiva proliferação dos atores que nela intervêm. Porque a entrada em cena decisiva da rádio no território da informação jornalística no após Segunda Guer

Um agradável bálsamo para o coração / Un agréable baume au cœur

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Quando, há pouco mais de dois anos, foi aberta a campanha eleitoral para a Reitoria da Université Libre de Bruxelles (ULB), recebi uma mensagem da Professora Annemie Schaus. Mensagem que deu lugar a um curto diálogo concluído então com a promessa de que, se ela fosse eleita, iria cumprimentá-la à Reitoria, em Bruxelas. Quando, por essa altura, eu não tinha voltado a Bruxelas há já oito anos… A pandemia do covid veio retardar durante mais de dois anos a concretização da promessa. E pequenos contratempos recentes fizeram que só agora, neste final de outubro, fosse possível ir a Bruxelas. Quando anunciei a apenas uma pequena vintena de amigos belgas que iria estar uma semana em Bruxelas, recebi imediatamente um convite da Senhora Reitora da ULB: receber-me-ia na Reitoria e iríamos jantar em seguida. E, dada a sobrecarga da sua agenda, o convite era para o próprio dia da minha chegada a Bruxelas. Dada a minha experiência três semanas antes com um atraso da TAP de 13h05 na ligação Lisboa- M

O jornalismo num tempo de promessas e incertezas

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J.-M. Nobre-Correia *   A entrada em cena de internet provocou uma explosão do sistema mediático. Mas há princípios de base do jornalismo que se mantêm…   Em matéria de informação, os nossos antepassados viveram um tempo de certezas ou de quase certezas. Com jornais que lhes anunciavam as notícias com o colorido ideológico que lhes convinha, a eles, antepassados. Depois, quando, já no século XX, a rádio, primeiro, e a televisão, depois, passaram a anunciar a atualidade no mundo, esses nossos antepassados deram-se conta que, afinal, imprensa, rádio e televisão não falavam dos mesmos assuntos de atualidade nem os tratavam da mesma maneira. No entanto, as divergências eram de certo modo relativas, até porque a rádio como a televisão, na quase totalidade dos países europeus viviam em regime de monopólio público, mais ou menos numa maior ou menor proximidade com o poder político do momento em cada um dos Estados do continente. Uma novidade importante era o facto de as populações que viviam

Comment les médias reconfigurent la démocratie

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J.-M. Nobre-Correia Professeur émérite d’Information et Communication à l’Université Libre de Bruxelles Durant quelques longues décennies, ils ont joué un rôle d’insertion des individus dans la vie de la cité. Mais cela a bien changé… Le média est le message, disait Marshall McLuhan. Une affirmation que suppose diverses implications. Par exemple : quand le média change de nature, on assiste également à une redéfinition des contenus. Ainsi qu’à une redéfinition de la relation du média avec son public. Et encore à une redéfinition des liens que les citoyens établissent entre eux, ainsi qu’entre eux et les structures sociopolitiques dans lesquelles ils s’insèrent. En d’autres termes : l’évolution technologique, économique et sociologique des médias a inévitablement des répercussions sur la conception de l’information et des contenus des médias, et, par conséquent, sur le fonctionnement socioculturel et politique de la vie quotidienne et de la démocratie. Et les six grands moments qui ont