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A mostrar mensagens de junho, 2022

Era uma vez a agência Reuters

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J.-M. Nobre-Correia Alguém tinha posto hoje no Facebook uma curta inserção a propósito da agência de informação Reuters. Eu expliquei então que a agência Reuters já não era verdadeiramente britânica, mas sim controlada por um grupo de capitais canadianos sediado em Nova Iorque… Em seguida, a acompanhar o texto no Facebook, pus uma fotografia minha em Londres, há uma vintena de anos, junto ao monumento a Reuter. Depois o texto de origem e as minhas duas inserções desapareceram misteriosamente… Ponho então aqui de novo a dita foto e aproveito para dizer que Paul Julius Reuter era de facto o nome cristão adotado em 16 de novembro de 1845 por Israël Beer Josaphat, filho de um rabino, que tinha trabalhado antes na agência parisiense Havas, fundada em 1835, antepassada da Agence France Presse. Mas poderão encontrar outros dados de informação sobre Reuters na minha recente “História dos Média na Europa” (nomeadamente na p. 105), publicada pela Almedina.  

Coisas de somenos e longínquas…

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J.-M. Nobre-Correia Uma página da edição de hoje do vespertino parisiense “Le Monde”… Compreende-se que os média portugueses estejam há quatro meses a dar a prioridade absoluta à Ucrânia, à Ucrânia, à Ucrânia. Até porque a Espanha, a Itália e a Alemanha, para não falar do próprio país de “Le Monde”, a França, são países que ficam geográfica e culturalmente demasiado longe de Portugal e nem sequer fazem parte da mesma União Europeia de que Portugal é membro!!!

Estes países aqui perto que ficam tão longe!…

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J.-M. Nobre-Correia Ucrânia!, Ucrânia!, Ucrânia! Digo-lhes eu: nada ou pouco mais existe do que a Ucrânia nos média portugueses em matéria de política internacional desde há quatro meses… Lembram-se da maneira perfeitissimamente insuficiente de como foi e está a ser tratada a atualidade política francesa? Isto quando se sabia que as eleições provocariam uma convulsão importante em França e na União Europeia. E a convulsão final até foi muito mais forte do que previsto… Agora a Itália, onde se assistiu à implosão do Movimento 5 Estrelas, partido vencedor das últimas eleições legislativas. E partido que ocupa uma posição importante no governo presidido por Mario Draghi. O que quer dizer que a fratura interna do M5S poderá não apenas provocar uma crise política governamental como até anunciar uma recomposição da arquitetura partidária na Itália… Ora, como é sabido, a Itália é o país da terceira economia mais importante da União Europeia e foi, com a Alemanha e a França, um dos três países

Quem foi e como foi?…

J.-M. Nobre-Correia Só quem for ingénuo acredita que esta “crise” dos serviços de obstetrícia dos hospitais públicos durante tantos dias seja pura coincidência… E se fosse feita a devida investigação pela Justiça (já que os média não a fazem, …antes pelo contrário!) para averiguar  por quem  e  como  foi desencadeada esta operação mediático-jornalística de que tantos média e tantos jornalistas são irresponsavelmente cúmplices?…  

Primeiras constatações

J.-M. Nobre-Correia Tudo parece levar a crer que os resultados provisórios (anunciados há menos de uma hora) das eleições legislativas de hoje em França anunciam um futuro de grandes incertezas e de uma provável instabilidade… Esquematicamente: 1. a taxa de abstenção (54%) põe em evidência a crise de uma democracia e da sua representação eleitoral, 2. Emmanuel Macron, que governou a França durante cinco anos, decidindo soberanamente como um homem só (regularmente comparado a Júpiter), recolhe um claro fracasso com os seus apoiantes de Ensemble, cujo resultado é bem inferior a tudo o esperado ou mesmo prognosticado, 3. o sucesso de Jean-Luc Mélenchon e do seu Nupes é evidente, dado o ponto de partida da sua La France Insoumise. Mas o resultado da sua coligação (LFI, socialistas, comunistas, ecologistas) fica também aquém do esperado. E, o que é significativo, a sua própria formação LFI obtém possivelmente ligeiramente menos eleitos do que a extrema direita, 4. embora sendo apenas a terc

A França vai mal…

J.-M. Nobre-Correia Se as estimativas das abstenções nas eleições legislativas em França feitas às 17h00 locais, duas ou três horas antes do fecho das mesas de voto (segundo as localidades), de 54% se confirmam, isso quererá dizer que a crise da democracia francesa é grande. Que o descrédito dos cidadãos em relação ao mundo da política é enorme. O que não deixa de antever, num futuro mais ou menos próximo, novas movimentações sociais e violentos reações à imagem do que foi o movimento dos “gilets jaunes”, seja qual for em definitivo o resultado das eleições de hoje…  

O grande assunto de abertura!

J.-M. Nobre-Correia Viram qual foi o assunto de abertura do telejornal das 20h00 da RTP1? O “fait divers” referente ao facto de o trem de aterragem de um avião espanhol em partida de Lisboa para Cuba não ter fechado e ter sido, por isso, obrigado a andar às voltas no céu português para “queimar combustível” e poder assim aterrar de novo em Lisboa. O avião aterrou bem, sem problemas, mas deu lugar a dois “repórteres” da RTP enviados para o aeroporto de Lisboa, um no exterior, outro no interior do aeroporto. Qual a incidência de tal assunto na vida quotidiana dos portugueses? Nenhuma!… Mas foi o primeiro assunto e passou antes de todo o resto da atualidade (começando, claro, pelo novo folhetim diário das urgências e da obstetrícia dos hospitais públicos). E durou oito minutos!…  

Mudaram o tema dominante da atualidade…

J.-M. Nobre-Correia Já repararam? A Ucrânia já não está a dar para aquilo que é a prática jornalística globalmente generalizada nos média portugueses. Quais serão as razões jornalísticas que explicam esta perda de interesse? A não ser que haja razões políticas para explicar tal perda de interesse… Agora o que está a dar é a “crise” dos serviços de urgência e de obstetrícia nos hospitais públicos. Até porque, muito naturalmente, o que se passa em matéria médico-hospitalar interessa particularmente os cidadãos, aqui como em qualquer outro país. Depois, como sabem, este tema volta regularmente aos média. É que as corporações de médicos e enfermeiros (ordens, sindicatos,…) têm importantes serviços de assessoria que conseguem pôr regularmente o assunto na agenda dos média e que facilitam grandemente a vida dos jornalistas fornecendo-lhes comunicados, dossiês e propostas de profissionais prontos-a-entrevistar… Mas não sejamos ingénuos: o ativismo destas corporações visa antes do mais promove

Obsessões e desertos da atualidade

J.-M. Nobre-Correia Sabem uma coisa? Depois de amanhã terá lugar a primeira volta das eleições legislativas em França. E as sondagens falam de uma situação altamente problemática e até explosiva. Numa França que é um país chave do Conselho de Segurança da ONU e da União Europeia, e um país onde vive a maior comunidade portuguesa na Europa… Sabem outra coisa? No telejornal das 20h00 da RTP1 houve três assuntos sobre a atualidade estrangeira: a guerra na Ucrânia, o ataque ao Congresso dos Estados Unidos por ocasião da última eleição presidencial, e a visita de Bolsonaro a Biden. A França? Onde fica a França? Que importância tem a França? Para a direção da informação da RTP Televisão: pouquíssima, para não dizer nenhuma! A atualidade no mundo gira desde há mais de três meses em torno da Ucrânia e, claro, como sempre, permanentemente, em torno dos Estados Unidos!…  

Duas conceções do jornalismo de referência

J.-M. Nobre-Correia O antigo primeiro secretário geral do Partido Socialista francês (1997-2008) e antigo presidente da República francesa (2012-2017), François Hollande, casou no sábado com a atriz Julie Gayet, com quem partilha a vida há mais de oito anos. Nem uma linha sobre o assunto no maior e mais importante diário de referência francês, “Le Monde”. Dois terços de coluna com ilustração no maior e mais importante diário de referência espanhol, “El País”. Duas conceções diferentes do que é a informação em dois dos melhores diários de referência europeus. Duas conceções perfeitamente discutíveis e aceitáveis. Mas nesta matéria, “Le Monde” continua fiel aos princípios do seu fundador, Hubert Beuve-Méry: propor ao leitor os factos de atualidade socialmente significantes; deixar no domínio privado o que é de natureza privada…    

O correio postal uma vez mais

  J.-M. Nobre-Correia Isto em matéria de correio postal está mal, muito mal, perante a total indiferença (pelo menos parece) das autoridades públicas… Ontem, 31 de maio, recebi uma carta oficial de Bruxelas, com carimbo dos correios de 20 de maio, que chegou pois onze dias depois… Hoje, 1 de junho, recebo uma carta de uma instituição sediada em Paris, com carimbo dos correios de 13 de maio, que chegou dezanove dias depois… E dizer que Bruxelas e Paris são duas capitais da mesma União Europeia de que, nós portugueses, até fazemos parte!…