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A mostrar mensagens de abril, 2022

Cova da Beira tão linda !

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J.-M. Nobre-Correia “Cova da Beira tão linda / nem rosa num roseiral” (Adolfo Portela) Um pouco abaixo do Monte de São Braz, na encosta norte da Serra da Gardunha, quase mesmo à beira do Fundão, a Pedra d’Hera (com um “H”, senhores do Google Map !), representa para os fundanenses um sítio de certo modo mítico. Um sítio em todo o caso com uma visão inigualável da Cova da Beira, do Fundão, do Tortosendo, da Covilhã e de diversas outras localidades, assim como da majestosa Serra da Estrela, das suas Penhas da Saúde e da sua Torre. Um sítio que deveria merecer muito mais atenção da parte dos responsáveis do turismo local/regional, da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal do Fundão… Começando por instalarem uma sinalética elementar, quando apenas uma única indicação existe perto da estação de tratamento da água. Quando, por aí acima, por caminhos muitas vezes bastante íngremes, as bifurcações são numerosas e as oportunidades para um caminhante/turista se perder são também manifestamente

Decididamente, nada muda nesta RTP

J.-M. Nobre-Correia Uma vez mais, como há já dois meses, o telejornal das 13h00 de hoje na RTP 1 abriu com a Ucrânia, hoje durante 25 minutos !  Mais do que a duração do telejornal da pública alemã ARD e quase tanta como a dos telejornais da pública belga RTBF (que só abordou a Ucrânia muito rapidamente a meio do jornal) e da pública francesa France 2… E eu a pensar que os critérios de seleção dos factos de atualidade e de alinhamento destes factos num jornal davam a prioridade aos que têm uma incidência na vida quotidiana imediata dos cidadãos a que se endereça !…    

Que jornalismo é este ?!

J.-M. Nobre-Correia Veem-se coisas nos média portugueses absolutamente inacreditáveis em termos editoriais !… O texto publicado hoje pela deputada Mariana Mortágua no  Jornal de Notícias  é absolutamente inqualificável. E eu teria perfeitamente compreendido que o  Jornal de Notícias  tivesse muito simplesmente decidido não o publicar : não se devem impor aos leitores querelas pessoais de alguém que se acolheu ou convidou como cronista. Se a deputada Mariana Mortágua tinha problemas de princípio com a entrada de Marco Galinha no capital do jornal em que colaborava (o que seria perfeitamente compreensível), deveria pura e simplesmente ter deixado de escrever no dito jornal. Este texto lembra-me o de Baptista-Bastos quando, se não me engano, os seus serviços como cronista foram dispensados pelo  Diário de Notícias  e passou a escrever no  Correio da Manhã  (ou no  Jornal de Negócios  do mesmo grupo deste ?) e resolveu atacar sordidamente o diretor do precedente jornal. O que achei perfeit

Qual 25 de Abril, qual quê ?!

J.-M. Nobre-Correia Viram o telejornal das 20h00 da RTP 1 ? Abriu com a cerimónia na Assembleia da República largamente consagrada ao inquilino de Belém (porque, como é sabido, para os média, é ele que decide de tudo), mais uma passagem rápida pela residência do primeiro-ministro, mais umas declarações de líderes partidários. O que, no total, durou exatamente seis minutos. Viram os festejos que houve um pouco por toda a parte no país ? Ou viram mais alguma “peça” de caráter histórico e de análise sobre a data histórica ? Qual quê ?!… Depois, claro, veio a inevitável e original Ucrânia. O que passou a ser o-pão-nosso-de-cada-dia que nos dão há mais de dois meses. E o que durou até às 20h25 : dezanove minutos ! As eleições presidenciais em França chegaram depois, com especial atenção dada às manifestações violentas… Interpretações sociológicas e políticas dos resultados ? Qual quê ?!… Haja paciência ! E não esqueçamos que há sempre canais estrangeiros de informação para saber como vai a

A democracia vai mal…

J.-M. Nobre-Correia Que num país essencial no concerto europeu como a França — com o que ela representa em termos históricos e culturais, mas também em termos geopolíticos no plano internacional atual — haja, segundo as estimativas dos resultados da segunda volta das eleições presidenciais de hoje, • 28,20% de cidadãos que tenham decidido não ir sequer votar nesta segunda volta, quando se tratava no fim de contas de escolher realmente a forma de sistema político que dirigirá a França, entre uma democracia liberal (seja ela formal) e uma democratura iliberal, • 41,20% de cidadãos que tenham decidido apesar de tudo votar por uma candidata néo-fascista, anunciadora de uma sociedade claramente autoritária e repressiva, ferozmente anti-União Europeia e velha aliada de personagens pouco recomendáveis como Viktor Orbán e Vladimir Putin, • que a maior parte dos cidadãos dos departamentos e territórios do ultramar, maioritariamente não-“brancos”, de ascendência não-europeia, tenha votado maiori

Conceções de telejornais…

J.-M. Nobre-Correia Já não há paciência para ver um telejornal da RTP 1 ! Hoje, às 20h00, como há praticamente dois meses, o telejornal abriu durante 27 minutos com a Ucrânia ! Depois de ove minutos de publicidade ( ! ), chegaram enfim as eleições presidenciais de amanhã em França. Um país que vai ter que escolher entre um candidato de centro direita e uma candidata de extrema direita. Um país onde vivem largas de centenas de milhares de portugueses… Não vou falar dos telejornais franceses dada a atualidade no país. Mas no telejornal das 13h00 de ontem da pública belga RTBF 1, que durou 29 minutos, a Ucrânia chegou aos 13 minutos e foi tratada em duas peças que duraram dois minutos no total !…    

Quando os tudólogos escrevem sobre tudo…

J.-M. Nobre-Correia Folheio o  Expresso , que só agora comprei (com o velho hábito do antigo sábado), e vejo a página 3 de Miguel Sousa Tavares, que ainda não li. Vejo no entanto que, para preencher a página, Sousa Tavares escreveu um texto “2”, um texto “3” e um texto “4”. E começa o texto “2” dizendo : “A linha da Beira Baixa vai para obras de beneficiação (findas as quais não se ganhará nem um minuto a menos nas viagens) e, em consequência disso, fecha durante nove meses — mais os inevitáveis atrasos”. Ora, a linha que “vai para obras” e a da Beira  Alta  e não a da Beira  Baixa , segundo li já há alguns dias noutros jornais. Mas, como não sou minimamente especialista em matéria ferroviária, é possível que alguma coisa me tenha escapado. Mas penso que Sousa Tavares, que também não é especialista na matéria, confundiu duas das três Beiras ! O que não o impediu de escrever sobre o assunto, como reconhecido tudólogo todo-o-terreno que é ! Há no entanto que lamentar também que o secreta

L’Europe et être Européen

J.-M. Nobre-Correia Je viens de terminer la lecture d’um ouvrage collectif (sous la direction d’Olivier Guez),  Le Grand Tour  (Grasset, mars 2022, 456 p.) dont les auteurs sont 27 écrivains des 27 pays de l’Union européenne. Deux citations qui me plaisent : • du lituanien Tomas Venclova : « Ce qui fait l’unité de l’Europe, c’est qu’elle est un alliage composite de principes culturels qui ne se ressemblent pas, des principes séparés eistant dans des espaces différents, dans des temps différents, dans des langues différentes, mais qui ont un dénominateur commun ». • du suédois Björn Larsson : « Jusqu’à nouvel ordre, je dirais donc qu’un Européen, un “vrai”, est une personne qui peut s’imaginer sérieusement vivre, travailler, entretenir des amitiés, faire des enfants et aimer dans plus d’un pays européen ; quelqu’un prêt à apprendre une ou plusieurs langues européennes ; autrement dit, quelqu’un disposé à laisser derrière lui sa nationalité d’origine et à en adopter une autre, voire à la

Esta nossa Europa que está em jogo…

J.-M. Nobre-Correia A acreditar nas estimativas dos resultados eleitorais em França, • a esquerda tradicional (PCF + PS + grupos trotskistas) faz apenas 6,3% do eleitorado. O que dá o sentimento de uma espécie de “canto do cisne” destas formações e dos seus projetos políticos mais ou menos tradicionais, • os ecologistas (corrente que já tem uma certa idade) não vai além dos 4,4%. Quando a presença desta corrente é importante na Alemanha e na Bélgica, por exemplo, • os Insoumis (corrente de esquerda relativamente recente) atingem os 20,1%. Mas conseguirão eles impor-se nas próximas eleições legislativas? O quadro político francês encontra-se manifestamente em profunda fase de restruturação. Como já foi antes o caso na Itália e noutros países europeus (na Bélgica, por exemplo) aos quais os média portugueses estão infelizmente menos atentos… Por razões profundamente diferentes, essencialmente diferentes, é todo o futuro da Europa, da Ucrânia à França, que se encontra atualmente em jogo…  

As reportagens a que temos direito…

J.-M. Nobre-Correia O que há de formidável com estes “enviados especiais” da televisão portuguesa à Ucrânia é que …falam, falam, falam durante longuíssimos minutos, com uma imagem fixa que os mostra apenas a eles ! São “enviados especiais” que não mostram aquilo que dizem que viram : estranha conceção da reportagem em televisão que deveria sobretudo, sobretudo fazer precisamente ver e que não fazem ver quase nada realmente filmado por eles… É aliás significativo ver estes “enviados especiais” falar …deixando muitas vezes ver atrás deles cidadãos que levam uma vida “normal” num país em guerra, invadido por um vizinho !…    

Comment devient-on un bon petit Français ?

J.-M. Nobre-Correia Dans la grosse caisse de livres en français que j’ai reçu ce matin, il avait  Les Portugais , une bande dessinée d’Olivier Afonso et Chico publiée au début de cette année-ci par Les Arènes. Je l’avais commandée parce que j’ai lu il y a quelques jours une recension de cet ouvrage dans le quotidien  Le Monde . À vrai dire, je ne suis pas un fan de ce type de dessin. Mais le scénario, sans être particulièrement original, est un bref aperçu en 131 pages de ce qu’a été l’émigration/immigration portugaise dans la France des années 1960-1970. L’histoire de ces dizaines, centaines de milliers de Portugais illégaux pour la plupart, vivant dans de misérables bidonvilles et devenus bien souvent du jour au lendemain des travailleurs du bâtiment et des travaux publics (les bien connus BTP). Des travailleurs acharnés, discrets, qui se sont peu à peu insérés dans la société française. L’histoire se termine d’ailleurs avec la naissance d’un enfant dont les parents portugais déclare