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A mostrar mensagens de fevereiro, 2024

Um exemplo para Portugal?

J.-M. Nobre-Correia O Conselho de Estado francês, a mais alta jurisdição administrativa do país, após recurso de Reporters sans Frontières (RSF), acaba de impor à Arcom (Autoridade de Regulação da Comunicação Audiovisual e Digital) a obrigação de exigir que CNews, televisão do grupo Bolloré, respeite as suas obrigações em matéria de pluralismo. Dando-lhe seis meses para que o pluralismo seja devidamente respeitado pelo conjunto dos participantes nas emissões, nomeadamente pelos “comentadores, animadores e convidados”. E o cálculo no que diz respeito a este pluralismo deverá doravante ser mais qualitativo do que quantitativo, sem que as contas referentes ao tempo de antena sejam no entanto postas em questão. A televisão CNews pratica cada vez mais uma informação ostensivamente militante de extrema direita. Mas a Arcom tinha recusado anteriormente dar seguimento ao recurso de RSF, considerando não ter poderes para intervir. O Conselho de Estado impõe-lhe agora que exija da CNews que resp

Uma estranha emissão

J.-M. Nobre-Correia Viram aquela emissão que passou hoje à noite na RTP1 entre as 21h00 e as 21h30? A primeira constatação espantosa foi ver como autora de uma emissão de política nacional uma jornalista que nestes últimos meses aparece frequentemente em ligações diretas do estrangeiro. Ligações que nos são anunciadas como “reportagens” (e foi aliás o caso hoje no telejornal das 20h00), embora pouco tenham de reportagens: as imagens próprias produzidas de acontecimentos e de situação são raras. Trata-se antes do mais, de facto, de correspondências pouco sintéticas e bastante editorializadas… Pois hoje, após o telejornal, a dita “repórter” em matérias estrangeiras propôs-nos uma emissão inacreditável. Inacreditável porque num estilo de perguntas previamente escritas sobre política nacional e sem que fosse ela a formulá-las na emissão. Sendo a mesma pergunta feita sucessivamente aos líderes dos partidos com representação na Assembleia da República. E depois mais uma segunda pergunta aos

Estamos tristemente assim

J.-M. Nobre-Correia Faço uma ida e volta até à que chamo “a capital do império” (porque muitos dos seus naturais ainda estão convencidos que assim é). Desço na estação de Lisboa Oriente e entro no primeiro carro da fila de táxis. Tínhamos andado apenas uns dez metros quando oiço a motorista dizer: “oh pá!, se pusesses os piscas-piscas era melhor !”. E de acrescentar depois para mim: “estes tipos vêm de lá onde não há regras e pensam que aqui é o mesmo!”. Digo que não reparei no que acontecera. E ela: “era um chamusca”… Achei muito estranho que a motorista pudesse dizer que se tratava de alguém da Chamusca, dado que as placas dos automóveis em Portugal não permitem saber a origem geográfica do proprietário, contrariamente ao que acontece em França ou na Suíça, por exemplo. O meu mal-entendido foi porém rapidamente esclarecido pela motorista: “estes chamuças vêm para aqui, mas não querem trabalhar. Só querem tirar proveito das nossas regalias sociais”. Vejo-me então naturalmente levado a