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Une sorte de nostalgie

J.-M. Nobre-Correia Puis-je faire un aveu?… Je cherche tous les jours à voir le journal télévisé (le jité) de 13h00 de la RTBF 1!… D'abord parce que, du fait de la différence d'heure, le JT de la RTBF arrive à 12h00 portugaise et donc avant les principaux journaux des télévisions généralistes portugaises… Ensuite, j'ai quand même vécu peut-être beaucoup plus longtemps dans mon autre pays, la Belgique (45 ans et 3 mois), que dans celui où je suis né, le Portugal. Et j'ai donc envie de savoir ce qui se passe dans ce pays qui est aussi le mien et où je connais tant de gens dont parle le JT et j'ai mes meilleurs amis… Puis, il me plait d'être informé par un journal conçu autrement, qui aborde l'actualité dans une démarche et un ton bien plus sereins que par les télévisions portugaise. Enfin, last but not least, j'y vois et entends chaque fois d'anciens étudiants, 12, 20, 30, 40, 50 ans après. Et, très curieusement, je me souviens toujours d'eux, de l

As gémeas brasileiras de novo

J.-M. Nobre-Correia Depois das eleições e da entrada em funções do novo governo, a maneira como os média voltam agora a tratar o assunto das gémeas brasileiras deixa claramente transparecer a omnipresença do golpista incontinente de Belém na filtragem da informação a que temos direito… Assim se vai afundando a credibilidade do jornalismo em Portugal: pobres de nós, simples cidadãos!… ADENDA: uma hora depois de ter escrito estas linhas, chega-me às mãos a edição de hoje do  Expresso  que põe particularmente em evidência uma série de intervenções dos serviços de Belém neste dossiê: aleluia!…  

Fatores claramente determinantes

J.-M. Nobre-Correia Inicia-se hoje uma nova etapa da vida política portuguesa. Como seremos doravante informados pelos média?… Num artigo publicado hoje na edição do diário parisiense  Le Monde  sobre a situação dos média na Hungria de Viktor Orban e aquela que corre o risco de se afirmar em França, por iniciativa do multimilionário Vincent Bolloré, é citado o diretor de gabinete do primeiro: “Aquele que controla os média de um país decide quem controla o pensamento deste país e, assim, quem controla este país”. Uma afirmação que deveria fazer refletir sobre a situação em Portugal… Que se saiba, os média são há longos anos dominados em Portugal por gente próxima da direita e mesmo da extrema-direita. E são-no em termos de propriedade, de direções da informação e da programação, como de jornalistas com um certo peso na hierarquia das redações para não falar sequer da chusma omnipresente de “comentadores” de todo o tipo. O que não quer dizer que boa parte deles sejam de modo algum milita

O plano de urgência que se impõe

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J.-M. Nobre-Correia Fala-se muito do futuro do grupo proprietário do  Diário de Notícias  e do próprio jornal, quando as razões para os salvar são por demais evidentes… Iremos nós ficar ainda mais pobres? É que a paisagem da imprensa de informação geral em Portugal é já singularmente mísera. Sobretudo a da imprensa diária. Com a área e a demografia que são as suas, Portugal conta inacreditavelmente menos diários generalistas do que países europeus até mais pequenos como a Bélgica, a Suíça, a Áustria, por exemplo. Ora os dois primeiros contam populações de diferentes línguas. E, se excetuarmos o romanche suíço ultraminoritário, nenhum deles dispõe de língua própria, recorrendo à(s) de países limítrofes. Pelo que o potencial de difusão da imprensa nas diversas regiões linguísticas é limitado. Não impede que neles haja diários com por vezes centenas de milhares de exemplares de difusão paga, apesar de os seus cidadãos poderem preferir ler os dos grandes vizinhos e não os do próprio país.

Interrogações escamoteadas

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J.-M. Nobre-Correia As eleições legislativas provocaram vagos sobressaltos em meios políticos e mediáticos. Aspetos há porém totalmente “esquecidos”… Ao que parece, estamos em tempo de reflexão. É pelo menos o que políticos e editorialistas dizem por aí. Proclamando que há que procurar compreender o que está na origem do abanão provocado pelas eleições legislativas. Há mesmo quem avance já que é na conduta de políticos, partidos e governo que serão encontradas as razões. E é de facto plausível que seja num contexto sociopolítico singular que tais movimentações tenham tendência a operar-se. É pena que os mesmos editorialistas ou analistas não se interroguem sobre o papel que poderão ter tido os média para o que aconteceu. Houve um diretor de informação que propôs “um caldo de cultura” como explicação para a origem do abanão. Esquecendo que são precisamente os média (tradicionais ou novos), e mais especialmente a televisão, socialmente dominante, que sobretudo fornecessem os ingredientes

O residente de Belém ganhou mesmo?

J.-M. Nobre-Correia Com o golpe de Estado palaciano de 7 de novembro, quis alargar os poderes que se foi atribuindo para além do que estipula a Constituição. Como irresponsável congénito, pouco lhe importa o caos de que acendeu a mecha… Sabíamos que o atual residente em Belém foi dispensado de prestar serviço militar nas colónias porque o papá era ministro salazarista e o “padrinho”   in petto   era presidente do Conselho. Como sabíamos que, por ocasião do Congresso da Oposição de 1973 em Aveiro, escreveu ao “padrinho” para denunciar as manobras comunistas (quando a sorte que a Pide reservava aos comunistas era particularmente dolorosa). Como sabíamos ainda que passou uma boa quarentena de anos a intrigar e a instrumentalizar os cidadãos, do   Expresso   à   TVI   (e Francisco Pinto Balsemão como Paulo Portas que o digam), em intervenções a que chamava “comentário político”. Não impede que esta omnipresença em jornais, em rádio e em televisões lhe deu uma tal notoriedade que o dispenso

Um exemplo para Portugal?

J.-M. Nobre-Correia O Conselho de Estado francês, a mais alta jurisdição administrativa do país, após recurso de Reporters sans Frontières (RSF), acaba de impor à Arcom (Autoridade de Regulação da Comunicação Audiovisual e Digital) a obrigação de exigir que CNews, televisão do grupo Bolloré, respeite as suas obrigações em matéria de pluralismo. Dando-lhe seis meses para que o pluralismo seja devidamente respeitado pelo conjunto dos participantes nas emissões, nomeadamente pelos “comentadores, animadores e convidados”. E o cálculo no que diz respeito a este pluralismo deverá doravante ser mais qualitativo do que quantitativo, sem que as contas referentes ao tempo de antena sejam no entanto postas em questão. A televisão CNews pratica cada vez mais uma informação ostensivamente militante de extrema direita. Mas a Arcom tinha recusado anteriormente dar seguimento ao recurso de RSF, considerando não ter poderes para intervir. O Conselho de Estado impõe-lhe agora que exija da CNews que resp

Uma estranha emissão

J.-M. Nobre-Correia Viram aquela emissão que passou hoje à noite na RTP1 entre as 21h00 e as 21h30? A primeira constatação espantosa foi ver como autora de uma emissão de política nacional uma jornalista que nestes últimos meses aparece frequentemente em ligações diretas do estrangeiro. Ligações que nos são anunciadas como “reportagens” (e foi aliás o caso hoje no telejornal das 20h00), embora pouco tenham de reportagens: as imagens próprias produzidas de acontecimentos e de situação são raras. Trata-se antes do mais, de facto, de correspondências pouco sintéticas e bastante editorializadas… Pois hoje, após o telejornal, a dita “repórter” em matérias estrangeiras propôs-nos uma emissão inacreditável. Inacreditável porque num estilo de perguntas previamente escritas sobre política nacional e sem que fosse ela a formulá-las na emissão. Sendo a mesma pergunta feita sucessivamente aos líderes dos partidos com representação na Assembleia da República. E depois mais uma segunda pergunta aos

Estamos tristemente assim

J.-M. Nobre-Correia Faço uma ida e volta até à que chamo “a capital do império” (porque muitos dos seus naturais ainda estão convencidos que assim é). Desço na estação de Lisboa Oriente e entro no primeiro carro da fila de táxis. Tínhamos andado apenas uns dez metros quando oiço a motorista dizer: “oh pá!, se pusesses os piscas-piscas era melhor !”. E de acrescentar depois para mim: “estes tipos vêm de lá onde não há regras e pensam que aqui é o mesmo!”. Digo que não reparei no que acontecera. E ela: “era um chamusca”… Achei muito estranho que a motorista pudesse dizer que se tratava de alguém da Chamusca, dado que as placas dos automóveis em Portugal não permitem saber a origem geográfica do proprietário, contrariamente ao que acontece em França ou na Suíça, por exemplo. O meu mal-entendido foi porém rapidamente esclarecido pela motorista: “estes chamuças vêm para aqui, mas não querem trabalhar. Só querem tirar proveito das nossas regalias sociais”. Vejo-me então naturalmente levado a

Superar uma debilidade congénita

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J.-M. Nobre-Correia Seria um engodo resolver a crise atual de um grupo, sem adotar medidas de fundo capazes de relançar o pluralismo da imprensa… De repente, jornalistas e políticos dão-se conta que a imprensa em Portugal se encontra em crise! Como se os sinais de crise não datassem logo dos primeiros anos após o 25 de Abril. Para não ir mais longe e ver na situação da imprensa um subdesenvolvimento histórico que a autoestima corporativista dos jornalistas preferia não ver e que dava muito jeito a políticos que não tinham assim que dar satisfações aos cidadãos. E claro, descoberta agora a crise, aparecem logo, à boa maneira nacional, uma série de tudólogos espontaneamente competentes em matéria de média… Ora, a crise tem razões históricas longínquas que fizeram que a imprensa nunca tenha tido em Portugal um desenvolvimento à altura da dimensão demográfica e geográfica do país. Porque o analfabetismo foi sempre bastante elevado. Porque o poder de compra da maior parte dos cidadãos foi r

Quinze anos de um combate inglório

J.-M. Nobre-Correia Como vejo pouco a televisão portuguesa, só ontem à noite fui alertado para o magazine "É ou não é" da RTP 1 sob o tema "A crise do jornalismo". Vi ontem à noite a primeira parte e esta manhã a segunda parte (depois da interrupção publicitária, o que é legalmente proibido fazer em diferentes países da Europa na s  emissões de informação). Embora tenham sido feitas algumas propostas concretas, que deveriam ser devidamente estudadas, foi pena que, boa parte das vezes, o debate tenha caído em intervenções sem conteúdo preciso e especializado… Deixem-me então recordar aqui que • em setembro de 2007 — vivia eu então em Bruxelas há 40 anos — tomei a iniciativa de redigir um longo relatório intitulado "Para uma informação regional em Portugal" que enderecei a diversas instituições e personalidades ligadas ao meio mediático português. Daí resultaram apenas dois encontros : um com a direção do Gabinete para os Meios de Comunicação Social e outro

Estes nossos telejornais tão invejados

J.-M. Nobre-Correia Estava a começar o jornal da televisão pública belga francófona (RTBF) quando vi que o assunto dos aviões no aeroporto de Tóquio era para aí o quinto título do sumário. Depois, a assunto apareceu só aos 17 minutos do jornal e foi tratado em breves segundos.  Disse eu à A.: queres apostar que o assunto será a abertura dos jornais das três televisões generalistas portuguesas?! E vais ver: depois de longos minutos sobre esta história de aviões, vamos ter direito às ações diárias das corporações de médicos e de enfermeiros em favor das clínicas e hospitais privados. Ou então à homilia de ontem do golpista incontinente de Belém. Qual será o segundo assunto e o terceiro? Disso não estou certo, mas será um destes dois, seguido do outro. Prognostiquei também que o assunto japonês seria tratado pelas nossas queridas televisões durante longos, longos minutos… Só é pena que eu não seja tão perspicaz com o Euromilhões (que muito rarissimamente compro) como a adivinhar os menus