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A mostrar mensagens de setembro, 2020

Estes tais outros "comentadores"

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  J.-M. Nobre-Correia Comparar os futeboleiros aos políticos? “Intolerável!”, dizem estes. Talvez não tanto. E significativo de uma situação… Foi um alarido nos bastidores doirados do poder. Ousarem compará-los a “comentadores” futeboleiros! O que essas más-línguas querem é acabar com a liberdade de expressão e desencadear uma nova fase da antipolítica, do antipartidos. Como se eles, militantes, mandatários públicos e mesmo altos dignitários do aparelho de Estado, não fossem capazes de análises políticas totalmente independentes!… Que má-fé, com efeito. Alguém viu os políticos “comentadores” irem com os cachecóis dos partidos ao pescoço? E alguém os viu a insultarem-se aos gritos? Aí está a prova que não se podem confundir os “comentadores” todos! Só que, no fundo, no fundo, a natureza do serviço prestado aos cidadãos é relativamente idêntica: levá-los a partilhar a fé no partido/clube e naquilo que representa. Possa embora haver umas divergenciazitas com a direção do partido/clube. E

A incerteza de uma aposta

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  J.-M. Nobre-Correia Lançado há duas semanas, o mais recente diário italiano constitui uma novidade editorial. Fará ele data na história ?… Nunca há certezas nesta matéria. Muito menos quando o projeto marca uma clara rotura em relação ao habitual. Até porque o potencial sucesso de um jornal depende sempre de uma série de fatores internos e externos. Em termos editoriais, de organização e de gestão, como de distribuição, de contexto sociocultural, de reação dos anunciantes e até de uma atualidade inesperada. O novo diário romano  Domani  (Amanhã), lançado fará amanhã duas semanas, constitui manifestamente uma incógnita. Uma enorme incógnita mesmo, tenha ele um financiamento inicial assegurado por Carlo De Benedetti, que doou 10 milhões de euros à sociedade de edição constituída para a circunstância. E, após a fase de lançamento, o capital da empresa será transferido para uma fundação encarregada de garantir a autonomia do jornal. A leitura dos primeiros 13 números de  Domani  põe em e

Dois exemplos vindos de Itália

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J.-M. Nobre-Correia Numa paisagem impressa e digital bastante prolífica, nasce um novo diário, partindo de algumas ideias inspiradoras… Há países onde, uns atrás dos outros, os jornais vão morrendo (em Portugal, por exemplo) e outros onde continuam a ser lançados novos jornais (na Itália, no caso em apreço). Nasceu assim ontem em Roma o novo diário  Domani  (Amanhã). E duas notas são a reter no editorial de apresentação. Diz a primeira: “Os jornais imparciais não existem, os honestos declaram as próprias preferências”. Contrariamente ao que pretendem todos os “grandes” jornais portugueses que se dizem independentes e pluralistas, e são no fim de contas  melting pots  (caldeirões, misturas) incapazes de afirmar opções claras em momentos decisivos da vida nacional ou dos tempos incertos que vivemos. E, por isso mesmo, bastante incapazes de suscitar adesão por parte de potenciais leitores e sobretudo de potenciais compradores. Diz outro parágrafo do editorial: “ Domani  nasce da

Um retrato ainda bastante habitual

J.-M. Nobre-Correia Numa sociedade corroída por clivagens sociais monstruosas e uma hipocrisia despreocupada, o combate cruel e determinado de uma mulher… Estes tempos de pandemia não são nada convidativos para assistir a espetáculos. Sejam eles em espaço fechado ou em recinto aberto. Só gente irresponsável aí vai de ânimo leve. Mas havia pelo menos três razões para ir ver  Ordem moral  de Mário Barroso, nas salas de cinema desde quinta-feira 10. A primeira: Mário Barroso é um amigo, antigo companheiro de exílio em Bruxelas. A segunda: imaginava que, dado o tema, devia falar-se do  Diário de Notícias  nos primeiros decénios do século XX e talvez até antes de isso. A terceira: dado o personagem central do filme, Maria Adelaide Coelho, filha do fundador do jornal, era inevitável que fosse também evocado o seu marido, Alfredo da Cunha, que deu o nome a uma das principais praças do meu Fundão, cidade que o viu nascer. À parte o título do filme, que me parece pouco imaginativo, pouco