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A mostrar mensagens de fevereiro, 2017

Estes significativos alheamentos

J.-M. Nobre-Correia Fundão : Quando individualidades e dirigentes das instituições públicas e privadas, ausentes numa homenagem a um ilustre cidadão, mostram que estão atingidos pela perda de memória. Ou por uma triste falta de cultura… É claro que há explicações. A primeira é de caráter demográfico : nestas últimas dezenas de anos, a população do Fundão mudou substancialmente. Não só porque novas gerações constituem hoje naturalmente boa parte dos seus habitantes. Mas também, consequência clássica das movimentações de populações, muitos dos habitantes de hoje vêm de outras partes do país e até mesmo, um pouco, do estrangeiro. Desde logo, a memória da terra que agora é a sua não faz espontaneamente parte da memória coletiva deles. Mas há ainda uma segunda razão que é até certo ponto consequência da primeira : as principais instituições públicas ou privadas do Fundão têm hoje à cabeça gente que não nasceu cá. Gente que, portanto, na meninice ou na adolescência, alturas em que

Este nauseabundo tempo que passa

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J.-M. Nobre-Correia Política / Média : A história da Caixa Geral de Depósitos põe em evidência o estado da vida política e do jornalismo em Portugal. Com “altos responsáveis” incapazes da mais elementar altura de vistas e do indispensável dever de reserva… A grande política como o grande jornalismo supõem altura de vistas e recuo em relação às minudências. E nestas duas matérias, andamos neste país muito ao rés dos malmequeres [ 1 ] , como dizem os francófonos. Isto é : a arrasar indigentemente bem perto o nível do solo. É disto de facto que se trata quando se veem políticos e jornalistas tratar a história recente da Caixa Geral de Depósitos. Atardando-se a pecadilhos e evacuando o essencial. Com os tenores da oposição executando uma guerrilha cerrada e permanente ao ministro das Finanças. Esquecendo quão deficiente foi a sua governação e a animosidade, para não dizer o ódio, que ela suscitou na população. Esquecendo a contradição total das promessas que fez em campanha eleit

Promessas e incertezas

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J.-M. Nobre-Correia Política : A atual conjuntura europeia e internacional apresenta aspetos de que a União Europeia poderia tirar proveito para se reforçar. Mas há outros aspetos nesta conjuntura que assombram seriamente o horizonte… A Europa (o continente europeu como a União Europeia) vive atualmente uma fase da história decisiva. Depois do referendo na Grã-Bretanha que decidiu da saída da União Europeia, outros países poderiam ser levados a idênticas decisões. Sobretudo se a decisão dos eleitores britânicos vier a ter consequências económicas notoriamente positivas. Diga-se em abono da verdade que esta redução do número de países membros teria até grandes probabilidades de favorecer um sério reforço, uma real consolidação da União Europeia. Até porque os últimos alargamentos foram feitos em função de considerações geopolíticas puramente anti-russas e não termos socioculturais e históricos [ 1 ] … As circunstâncias favoráveis Mas há outras circunstâncias de natureza a

Esta ortografia sem rei nem roque

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J.-M. Nobre-Correia Sociedade / Política : Vinte e seis anos depois, a Academia das Ciências acorda de uma longa letargia e faz “sugestões para o aperfeiçoamento” de um acordo. Mas previne que o processo “pode ser moroso” : valha-nos o deus Tot !… Esta história do Acordo Ortográfico é uma triste ilustração do funcionamento da sociedade portuguesa. Ou melhor : a história de um “acordo ortográfico” que data de 1990, que é posto em aplicação em 2011, e que agora, 26 ou 6 anos depois, segundo os cálculos, é objecto de “sugestões para o aperfeiçoamento do acordo ortográfico da língua portuguesa”. E isto por parte de uma Academia das Ciências de Lisboa que deve ter andado ocupadíssima estes anos todos (sem que os miseráveis cidadãos de base se tenham dado conta disso) e que agora acorda e vem relançar a discussão. Uma história miserável, profundamente miserável !… Se não vejamos. Vive um cidadão português há quase 45 anos no estrangeiro, num país onde a sua vida social e a sua acti

Por uma 'autoridade' credível e eficaz

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J.-M. Nobre-Correia Média : Com três meses de atraso, a Assembleia da República vai provavelmente nomear por estes dias os novos membros da ERC. Depois de manobras nada prestigiantes e promissoras de operacionalidade para a instituição… O balanço do último (…e ainda atual) Conselho Regulador da ERC não é muito positivo. Sobretudo porque a sua atitude global perante o que aconteceu de menos glorioso nos médias se caracterizou largamente pela indiferença e a inação. Mas as atuais manobras destinadas a nomear os novos membros estão longe de estar marcadas prioritariamente por critérios de independência e competência. Até porque são as considerações de maior ou menor alinhamento com as posições dos dois principais partidos do “centrão” que são manifestamente dominantes. Este lado profundamente insatisfatório e claramente partidarístico é fruto mesmo do “processo de designação”. Com efeito, como estipula o artigo 15° dos Estatutos da ERC, “a Assembleia de República designa quatro do