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As incertezas da evidência

J.-M. Nobre-Correia Política : Sob a influência de sondagens e de “comentadores”, boa parte da opinião pública está convencida que o PS ganhará as próximas eleição e formará o novo governo. Há porém razões para dúvidas… A ler e ouvir sondagens que por aí se anunciam, parece uma evidência. Impressão reforçada pelas “análises” dos numerosíssimos “comentadores” que se atropelam nos média. É pois certo, ou pelo menos muito provável, que o Partido Socialista ganhe as próximas eleições legislativas e venha a formar o novo governo. Mas esta evidência será assim tão evidente ? Eleitores e socialistas fariam bem em duvidar de tal evidência. Por duas razões principais. Primeiro, porque o governo atual ainda não disse a última palavra. E uma série de “prendas” de última hora poderão embelezar grandemente a perceção pública das medidas tomadas durante a legislatura. Depois, PSD e CDS poderão muito bem propor uma imagem de entendimento e serenidade, a contrastar com as tradicio

A deusa enviesada

J.-M. Nobre-Correia Justiça : Teoricamente, com os olhos vendados, adota um tratamento igual com todos. Mas, muitas vezes, espreita sorrateiramente por baixo da venda e age segundo os humores que o indiciado lhe suscita… Nas bancas do jornais, nos cafés, um pouco por toda a parte, a maioria das pessoas tem uma opinião já feita. Até porque o sentido da “nuance” não é propriamente uma especialidade do “bom povo português”. Quando, no tema que domina a atualidade dos últimos dez dias, a atitude razoável, serenamente racional, aconselha a não ter ainda uma opinião assertiva, dada a total ausência de dados fatuais sobre o assunto, devidamente confirmados. Para além desta “opinionite” aguda, duas outras afirmações acenam regularmente na boca daqueles a quem os média dão o direito de dizerem o que pensam. A primeira é a que consiste em confiar na “independência da justiça”. E a segunda a que declara que as instituições democráticas estão a “funcionar normalmente”. Ora,

Qualificativos dispensáveis

J.-M. Nobre-Correia Média : Na sua habitual página dominical, o provedor do diário Público transcreve integralmente a carta de um leitor não identificado (o autor deste bloco-notas), nenhuma explicação sendo no entanto dada às críticas formuladas… "No melhor pano cai a nódoa", dirão alguns. Mas há "nódoas" que são dificilmente aceitáveis da parte de um jornal que se quer "de referência". Sobretudo se nessas "nódoas" sentimos relentos de teorias rácicas totalmente intoleráveis. Assim, no Público datado de segunda-feira 24 pôde ler-se num dos subtítulos do título principal da primeira página que "João Araújo, o advogado de defesa goês do ex-primeiro-ministro, trabalha sozinho". E, da mesma maneira, pôde ler-se no texto da página 3, 8a e 9a linhas : "João Araújo — natural de Goa e agora advogado de José Sócrates". Algum dia passaria pela cabeça de um jornalista escrever a propós

A inconfessável conivência

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J.-M. Nobre-Correia Média : Ambições diversas da “classe judiciária” levam-na a praticar “fugas” em série para jornalistas “amigos”. Fazendo de “segredos de justiça” uma literatura que pouco tem a ver com o “jornalismo de investigação”… Diz a teoria que, em democracia, coexistem três poderes : o legislativo, o judiciário e o executivo. Cada um deve ser autónomo em relação aos dois outros. Só esta “separação dos poderes” é de natureza a preservar o desejável bom funcionamento da democracia. A esta teoria datando de há mais de dois séculos e meio, vem depois juntar-se outra que pretende existir um “quarto poder” : o “poder da imprensa”, designado hoje por “poder dos média”. “Poder” contestado até porque não instituído como tal nas estruturas de um Estado de direito. Havendo mesmo quem prefira chamar-lhe “contrapoder”. Na realidade, nas democracias de pacotilha, o poder executivo domina claramente o poder legislativo e o poder judiciário. Nas democracias