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A mostrar mensagens de janeiro, 2022

Um fim de partida possível

J.-M. Nobre-Correia Com as eleições legislativas de ontem, há um grande derrotado de que ninguém fala: o locatário de Belém! Sim!, um grande derrotado: aquele que anda há anos a ultrapassar largamente as funções que a Constituição realmente lhe confere. Que apoiou descaradamente um candidato às eleições internas do seu partido e perdeu. Que não via muito, mito bem como dar a volta para que o governo pudesse ser composto por gente da sua área política e mais particularmente do seu partido. Que, chegada a ocasião, ignorando a situação de grave pandemia, ameaçou irresponsavelmente com a dissolução da Assembleia da República, quando o Orçamento de Estado ainda nem sequer tinha sido votado. Que passou então a sonhar com a reviravolta que o deixaria na história de Portugal. Residente desde sempre entre Lisboa e Cascais, o locatário de Belém foi incompreensivelmente votar ontem noutro distrito, no Norte do país (o que seria totalmente impossível e ilegal em países europeus de velha democracia

O falhanço dos média “de referência”

J.-M. Nobre-Correia O que rádios e televisões anunciaram hoje às 20h00 foram as estimativas dos resultados eleitorais: foi isso pelo menos que nos foi dito… Porém, o que não foi anunciado foi a derrota dos média portugueses que se pretendem “de referência”. Não só tinha sido mais ou menos visível a maneira como fizeram eles próprios campanhas “engagés” e levaram até “ao colo” certos personagens e partidos. Mas mais grave ainda foi a maneira como propagaram “sondagens” que as eleições de hoje provaram ser muitíssimo pouco fiáveis. Como grave foi a maneira como as interpretaram sem a devida distância e o indispensável sentido crítico, falando nestes últimos dias de “empates” que finalmente nem de longe se verificaram. Põe-se desde logo, uma vez mais, a questão de saber se a missão de um média de referência é de informar os seus leitores, ouvintes ou espectadores com factualidade, inteligência e serenidade. Ou, ao contrário, de provocar neles sensações fortes, emotivas e largamente despro

Quando a espuma dos dias se desfizer…

  J.-M. Nobre-Correia Um dia, no futuro, quando a espuma dos dias se desfizer, os portugueses tomarão consciência de quão nefasta foi a atual presidência da República. A que ponto ela baralhou os dados de base do Estado de direito e fez perder as mais elementares referências constitucionais na matéria. E a que ponto, no fundo, ela fez seriamente perder prestígio à função!…

Quando o fosso se torna manifesto

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J.-M. Nobre-Correia A pandemia fez que a campanha eleitoral se passe quase só nos média e que “o interior” do país seja ainda mais ignorado… Quem decidiu convocar eleições antecipadas não avaliou as consequências. Porque, em pandemia, não vivemos tempos normais e quase nada se passa como habitualmente. Assim o que diz respeito à campanha eleitoral. Houve quem tenha feito reparar que a participação no voto será muito problemática. E que corremos o risco de termos uma abstenção mais elevada do que nunca. Mas o que foi pouco ou nada assinalado é que a campanha eleitoral se está a desenrolar de maneira totalmente diferente do habitual: com raros comícios, sessões de esclarecimento, arruadas… Esta quase ausência “no terreno” deu lugar a uma novidade: a campanha passa-se quase unicamente nos média. É claro que, nas eleições precedentes, partidos e candidatos já prestavam especial atenção aos média, procurando uma visibilidade maior do que a permitida pelo contacto físico com eleitores. Mas,

Um espantoso silêncio

J.-M. Nobre-Correia Já repararam que o locatário de Belém anda calado como um rato metido na sua toca? Ele que adora exibir-se pluri-diariamente nos média e que tem sempre que dizer a propósito de tudo e de nada, e sobretudo sobre matérias que não são da sua competência constitucional. Será que ele teve um súbito acesso de lucidez e anda envergonhado por ter sido ele o primeiro a ameaçar, muito excitado, com a dissolução da Assembleia da República e a convocar eleições legislativas antecipadas, sem medir as consequências de tal ameaça e de tal decisão? Coitado do agitado do bocal! Na sua grande excitação, esqueceu-se ou esteve-se borrifando para o facto de nos encontrarmos em séria pandemia. Pelo que as eleições de domingo poderão muito bem transformar-se num grave fiasco em termos de abstenções, com pesadas repercussões na ordem constitucional do Estado democrático… Mas haverá por aí políticos e/ou jornalistas que ousem fazer-lhe notar a situação que irresponsavelmente criou?…