Um fim de partida possível

J.-M. Nobre-Correia

Com as eleições legislativas de ontem, há um grande derrotado de que ninguém fala: o locatário de Belém!

Sim!, um grande derrotado: aquele que anda há anos a ultrapassar largamente as funções que a Constituição realmente lhe confere. Que apoiou descaradamente um candidato às eleições internas do seu partido e perdeu. Que não via muito, mito bem como dar a volta para que o governo pudesse ser composto por gente da sua área política e mais particularmente do seu partido. Que, chegada a ocasião, ignorando a situação de grave pandemia, ameaçou irresponsavelmente com a dissolução da Assembleia da República, quando o Orçamento de Estado ainda nem sequer tinha sido votado. Que passou então a sonhar com a reviravolta que o deixaria na história de Portugal.

Residente desde sempre entre Lisboa e Cascais, o locatário de Belém foi incompreensivelmente votar ontem noutro distrito, no Norte do país (o que seria totalmente impossível e ilegal em países europeus de velha democracia consolidada). E no regresso a Cascais ou a Belém descobriu, pela noite fora, que, ele também, perdeu as eleições de ontem: o governo passa a dispor de uma maioria absoluta, deixando desde logo de precisar da sua benevolência para sobreviver…

Esperemos agora que o novo governo saiba meter o locatário de Belém na ordem, fazendo-o respeitar os limites que a Constituição lhe impõe. E que o dito locatário deixe de brincar pluri-quotidianamene ao puto vivaço reguila que, com a conivência de demasiados jornalistas, passa boa parte do tempo a fazer partidas a uns e outros, e a procurar impunemente instrumentalizar os cidadãos…

  

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