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Dos termos e das noções

J.-M. Nobre-Correia Nos meus escritos (textos de imprensa grande público, artigos académicos ou livros), sempre tive a preocupação de não recorrer a chavões de natureza política. E isto quando existem termos específicos que caraterizam mais concretamente uma situação ou um personagem. Por isso preferi sempre  salazarismo  ou  franquismo  a  fascismo , até porque cada um destes termos correspondente de facto a situações históricas, socioculturais e políticas particulares, específicas, não diretamente assimiláveis ao fascismo italiano. É no entanto verdade que, se procurarmos um termo genérico para globalizar estes diferentes regimes na Europa e até no mundo, é o termo  fascismo  que permite esta inclusão de todos nas suas variantes. A singularidade do  nazismo  nos anos 1930-40 fez que tal terminologia seja praticamente reservada ao regime nascido na Alemanha. E raramente seja utilizado para, desde então, definir outras situações políticas. Si...

Da nova razão de ser

Nestes tempos de internet, a informação parece cair do céu como maná. Terá um periódico regional ainda espaço próprio para se afirmar?… Na era da internet e da chamada globalização, terá ainda sentido publicar um semanário regional? Quando hoje em dia, desde os anos 1970-80, com a desmonopolização do audiovisual, temos rádios e televisões de informação que funcionam 24 horas por dia, durante sete dias da semana? E agora que a internet, no dealbar do novo milénio, permitiu o lançamento de um sem número de rádios e de televisões regionais e locais, para não falar já de blogues e demais podcasts?… Não confundamos tudo e procuremos distinguir situações fruto de momentos diferentes da História. Antes da informação escrita impressa, os homens (…e as mulheres, claro está!) eram sobretudo informados oralmente. Depois, quando um célebre Gutenberg inventou em meados do século XV os carateres móveis e o prelo para compor e imprimir textos (a não ser que tenha sido antes Coster ou Waldvogel, e que...

Habituámo-nos a isto tudo ?…

Da parte de quem instrumentaliza permanentemente os média e a informação, o encontro, o grande abraço e os sorrisos do Golpista Incontinente de Belém com o chefinho facho perante as câmaras da RTP para o telejornal das 20h00, é um verdadeiro escândalo ! Que o tivesse feito com outro líder partidário seria absolutamente intolerável, sobretudo agora em plena campanha eleitoral. Mas esta irresponsabilidade do Golpista Incontinente para com o « duce » caseiro é absolutamente escandalosa e de lesa-Constituição ! Como é que os portugueses se habituaram a isto tudo sem se indignarem ?!…  

Assim vai o país e o mundo

Os meus Leitores já perceberam que os telejornais da RTP obedecem a cinco caraterísticas   principais : • dar a preferência a um tema dominante que possa ocupar pelo menos uns 20-30 minutos do telejornal e melhor até se for mais do que isso, • escolher um tema que possa dar lugar a uma folhetinização durante vários dias, • privilegiar a partidarice política, o futebol e os faits divers, • construir o telejornal à base de declarações deste, daquele e de aqueloutro (chamando depois a isto "reportagens"), • quando se tratar de um tema político, estender o micro e a câmara aos representantes de cada um dos partidos políticos presentes na Assembleia da República (chamando a isto "informação pluralista"). Assim, o que estava atualmente a dar na alta conceção da não mesmo alta direção da informação da RTP Televisão desde segunda-feira de Páscoa era a morte de Jorge Mario Bergoglio (o papa Francisco). E a RTP mandou para Roma nada menos de 9 pessoas, das quais 4 jornalistas...

Uma vez mais a indigência habitual !

Pois é : aqueles "enviados especiais" da RTP a Roma continuam a propor-nos sequências antes do mais de diversão com a indispensável dose de emoção e de futilidades, num todo que sabe enfastiadamente a cozinha requentada. Com imagens repetidas um sem número de vezes, de modo a poderem preencher hoje uns 14 minutos na abertura do chouriço das 20h00… Os pobre franceses, eles, no telejornal das 20h00 (19h00 em Portugal) da France 2, tiveram direito à atualidade vaticana só já a meio da primeira parte do jornal (a segunda parte sendo num estilo magazine, hoje sobre as origens e a história de um ator de cinema), durante apenas exatamente 4 minutos e 50 segundos, com um primeira sequência de 2m30s sobre a atualidade do dia e uma segunda de 2m20s de vaticanologia com um especialista da matéria. Vemos e ouvimos a diferença entre duas televisões públicas. E há que ficar profundamente arrepiado com a indigência jornalística (se assim se pode chamar) da "nossa" RTP 1…  

Jornalismo e diversão

Tenho-me abstido voluntariamente de escrever sobre a maneira como o telejornal da "RTP", estação pública de um Estado laico, tem tratado o falecimento de Jorge Mario Bergoglio (dito Francisco). Hoje porém, deixem-me dizer o seguinte : no telejornal da pública "France 2" o tema só apareceu por volta das 20h18 (19h18 em Portugal) e ocupou 2 minutos. No telejornal da RTP 1 o tema foi uma vez mais a abertura do jornal e ocupou uns 18 minutos, com imensos bordados de futilidades e de nada, absolutamente nada de fundo sobre o personagem e sobre a atualidade e o futuro da Igreja católica. Para encher o chouriço quotidiano, a "RTP" mandou para lá (…para uma agradáveis férias em Roma !) nada menos de três jornalistas que manifestamente nenhuma competência têm em matéria de vaticanologia e de religião. Um trio que grosso modo até poderia dizer o que diz tendo ficado em Lisboa, a partir dos despachos da agências e do que dizem diários, rádios e televisões sobretudo i...

Isto não é jornalismo !…

Criaram-se hábitos em Portugal absolutamente inimaginável noutro país da Europa ocidental : em pleno telejornal das 13h00 da RTP 1 (absolutamente miserável hoje em termos técnicos), o primeiro-ministro decide fazer uma longa declaração de pura propaganda pessoal e partidária. E os chamados jornalistas servem-lhe a sopa fazendo interromper o curso do telejornal e transmitir a declaração em "direto"... Nada, absolutamente nada disto resulta de uma adequada prática jornalística ! Trata-se de simple canalização instrumentalizadora !...