Assim vai o país e o mundo
Os meus Leitores já perceberam que os telejornais da RTP obedecem a cinco caraterísticas principais :
• dar a preferência a um tema dominante que possa ocupar pelo menos uns 20-30 minutos do telejornal e melhor até se for mais do que isso,
• escolher um tema que possa dar lugar a uma folhetinização durante vários dias,
• privilegiar a partidarice política, o futebol e os faits divers,
• construir o telejornal à base de declarações deste, daquele e de aqueloutro (chamando depois a isto "reportagens"),
• quando se tratar de um tema político, estender o micro e a câmara aos representantes de cada um dos partidos políticos presentes na Assembleia da República (chamando a isto "informação pluralista").
Assim, o que estava atualmente a dar na alta conceção da não mesmo alta direção da informação da RTP Televisão desde segunda-feira de Páscoa era a morte de Jorge Mario Bergoglio (o papa Francisco). E a RTP mandou para Roma nada menos de 9 pessoas, das quais 4 jornalistas grandes especialistas de religião, da Igreja Católica e do Vaticano (embora a especialização deles não se notasse),
Uma semana depois, na segunda-feira 28, houve o chamado "apagão". E então, a RTP 1 é formidável. Hoje, por exemplo (…sem eu ter cronometrado os tempos, como geralmente faço), o apagão ocupou praticamente os primeiros 43 minutos do telejornal das 13h00. Com um curioso longo debate pelo meio, em pleno telejornal, entre representantes do PSD e do PS, quase unicamente centrado sobre o apagão (com uns brevíssimos minutos finais sobre a dissolução da Assembleia da República).
Em seguida vieram uns 10 minutos de "palha" sobre o Vaticano, tão vazio de novidades e de substância foi tal sequência (mas é preciso rentabilizar a custosa estadia dos "enviados especiais" a Roma !).
Tivemos então direito a 7 minutos de publicidade (o que é pura e simplesmente proibido em vários países europeus, nas televisões públicas como nas privadas quando se trata de emissões de informação).
No recomeço, falaram-nos do debate de hoje à noite entre o primeiro-ministro PSD e o candidato a primeiro-ministro do PS. Com o eterno diretor da informação a confundir alegremente esta sua função com a de analista, para, sem sentido de síntese algum, fazer afirmações globalmente desprovidas de interesse…
Veio em seguida uma segunda dose de apagão ! E uma sequência sobre o inevitável Donald Trump ! Terminando é claro o telejornal com a dose diária indispensável de futebol, hoje entre o francês PSG e o britânico Arsenal.
1h20 depois, o telejornal estava concluído : sem mais nada sobre o resto do mundo, sem cultura e sem verdadeiramente aspetos sociais e económicos. Teremos nós ficado assim suficiente informados sobre como vai o país e o mundo ? Que acham, caros Leitores ?…
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