Primeiras constatações

J.-M. Nobre-Correia

Tudo parece levar a crer que os resultados provisórios (anunciados há menos de uma hora) das eleições legislativas de hoje em França anunciam um futuro de grandes incertezas e de uma provável instabilidade…

Esquematicamente:

1. a taxa de abstenção (54%) põe em evidência a crise de uma democracia e da sua representação eleitoral,

2. Emmanuel Macron, que governou a França durante cinco anos, decidindo soberanamente como um homem só (regularmente comparado a Júpiter), recolhe um claro fracasso com os seus apoiantes de Ensemble, cujo resultado é bem inferior a tudo o esperado ou mesmo prognosticado,

3. o sucesso de Jean-Luc Mélenchon e do seu Nupes é evidente, dado o ponto de partida da sua La France Insoumise. Mas o resultado da sua coligação (LFI, socialistas, comunistas, ecologistas) fica também aquém do esperado. E, o que é significativo, a sua própria formação LFI obtém possivelmente ligeiramente menos eleitos do que a extrema direita,

4. embora sendo apenas a terceira formação em termos de eleitos, o Rassemblement National é o vencedor surpresa das eleições de hoje. Com um ponto forte: o de ser uma formação única e não uma coligação de diversas formações como o são Ensemble e Nupes, por exemplo, que poderão vir a desagregar-se durante a legislatura,

5. tudo leva a crer que, muito naturalmente, Macron procurará aliar-se à direita do LR-UDI-DVD para poder governar, 

6. a questão que ficará em suspenso será a de futuras movimentações sociais perante a política de um governo que será muito provavelmente levado a uma orientação mais à direita do que antes…

  

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