Neste
verão de São Martinho (l’été indien, como dizem os francófonos…) — cheio de céu
azul, sol e calor — no Parque Verde, à beira do Mondego, ao fim da manhã…
Nestes tempos de internet, a informação parece cair do céu como maná. Terá um periódico regional ainda espaço próprio para se afirmar?… Na era da internet e da chamada globalização, terá ainda sentido publicar um semanário regional? Quando hoje em dia, desde os anos 1970-80, com a desmonopolização do audiovisual, temos rádios e televisões de informação que funcionam 24 horas por dia, durante sete dias da semana? E agora que a internet, no dealbar do novo milénio, permitiu o lançamento de um sem número de rádios e de televisões regionais e locais, para não falar já de blogues e demais podcasts?… Não confundamos tudo e procuremos distinguir situações fruto de momentos diferentes da História. Antes da informação escrita impressa, os homens (…e as mulheres, claro está!) eram sobretudo informados oralmente. Depois, quando um célebre Gutenberg inventou em meados do século XV os carateres móveis e o prelo para compor e imprimir textos (a não ser que tenha sido antes Coster ou Waldvogel, e que...
J.-M. Nobre-Correia Quando os média esquecem que o seu futuro e até a sua sobrevivência estão intimamente ligados aos da democracia plural… Historicamente, a função de emoção sempre coexistiu com a de razão. Os “ocasionais” parajornalísticos, aparecidos em finais do século XV por essa Europa fora, relatavam factos de atualidade com incidência na vida dos meios dirigentes. Mas, um pouco mais tarde, os “canards”, para um público mais popular, falavam de sobrenatural, de milagres, de crimes, de catástrofes naturais mais ou menos excitantes. Com a industrialização da imprensa no século XIX eclodiu também a prática jornalística propriamente dita. E, progressivamente, foram-se decantando dois tipos de imprensa de informação geral. A que dava a prioridade à exposição e interpretação serenas dos factos, a que se dedicará a chamada imprensa de referência. E a que privilegiaria o que era de natureza sensacional, mais preocupada com ingredientes bem condimentados e que se chamará imprensa ...
J.-M. Nobre-Correia Os média portugueses inventaram o estatuto e até a profissão de “comentador” que bota “opinião” em regime de concessão… O jornalismo português sofre de enfermidades que o impedem de se situar ao nível do que de melhor se faz no resto da Europa. E uma dessas enfermidades é a que reúne duas estranhas anomalias : a superabundância dos “comentadores” todo-o-terreno em regime de concessão e a entronização de políticos profissionais como “comentadores”. Os “comentadores” titulares (“residentes” !) dos média portugueses são de facto uma espécie de concessionários de espaço em papel ou em linha, ou de tempo de antena. Espaço com periodicidade e enquadramento preestabelecidos. E até, pasme-se, com variações de “escrita” autorizadas e adornos da intervenção do “comentador” estabelecidos por este… Nesse espaço concessionado, o “comentador” escreve ou fala sobre o que lhe apetece. Sem sequer se concertar previamente com a redação que o acolhe. Ou então, no audiovisual,...
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