Quinze anos de um combate inglório

J.-M. Nobre-Correia


Como vejo pouco a televisão portuguesa, só ontem à noite fui alertado para o magazine "É ou não é" da RTP 1 sob o tema "A crise do jornalismo".

Vi ontem à noite a primeira parte e esta manhã a segunda parte (depois da interrupção publicitária, o que é legalmente proibido fazer em diferentes países da Europa nas emissões de informação).

Embora tenham sido feitas algumas propostas concretas, que deveriam ser devidamente estudadas, foi pena que, boa parte das vezes, o debate tenha caído em intervenções sem conteúdo preciso e especializado…

Deixem-me então recordar aqui que

• em setembro de 2007 — vivia eu então em Bruxelas há 40 anos — tomei a iniciativa de redigir um longo relatório intitulado "Para uma informação regional em Portugal" que enderecei a diversas instituições e personalidades ligadas ao meio mediático português. Daí resultaram apenas dois encontros : um com a direção do Gabinete para os Meios de Comunicação Social e outro (após um encontro fortuito num avião para Lisboa) com um administrador da Fundação Gulbenkian,

• devidamente adaptado este documento foi publicado no trimestral do Clube de Jornalistas, "Jornalismo e Jornalistas", n° 37, de janeiro-março de 2009,

• este texto foi depois retomado no meu livro "Média, Informação e Democracia" (Almedina, fevereiro de 2019, pp. 209-219),

• formulei novas propostas no capítulo intitulado "A urgente necessidade de uma política dos média" do meu mais recente livro "Média e Jornalismo em Portugal" (Almedina, setembro de 2023, pp. 79-86)

Isto para não alinhar aqui os diversos artigos sobre o assunto que fui publicando em diversos jornais e sobretudo no "Público".

Depois do meu regresso a Portugal, vai para 12 anos, tive a ocasião de abordar o assunto com todos os ministros ou secretários de Estado com a tutela dos média, com uma única exceção, e quase sempre por iniciativa deles próprios.

Já lá vão portanto mais de 16 anos de um combate inglório. Mas não me venham dizer que a "crise da imprensa e do jornalismo" data de agora e que não tem havido propostas concretas para superar a(s) crise(s). Tem é havido demasiada gente que não tem querido ver !…


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