Fatores claramente determinantes

J.-M. Nobre-Correia

Inicia-se hoje uma nova etapa da vida política portuguesa. Como seremos doravante informados pelos média?…

Num artigo publicado hoje na edição do diário parisiense Le Monde sobre a situação dos média na Hungria de Viktor Orban e aquela que corre o risco de se afirmar em França, por iniciativa do multimilionário Vincent Bolloré, é citado o diretor de gabinete do primeiro: “Aquele que controla os média de um país decide quem controla o pensamento deste país e, assim, quem controla este país”. Uma afirmação que deveria fazer refletir sobre a situação em Portugal…

Que se saiba, os média são há longos anos dominados em Portugal por gente próxima da direita e mesmo da extrema-direita. E são-no em termos de propriedade, de direções da informação e da programação, como de jornalistas com um certo peso na hierarquia das redações para não falar sequer da chusma omnipresente de “comentadores” de todo o tipo. O que não quer dizer que boa parte deles sejam de modo algum militantes ou mesmo simplesmente aderentes de formações políticas situadas na direita e na extrema-direita.

Só que, manifestamente, são-no em termos de sensibilidade à vida no país e no mundo. E são-no sobretudo em termos de cultura mediática. Pelas conceções que têm da informação como do divertimento. Pelas seleções dos factos de atualidade a que procedem. Pela importância que lhes dão e o alinhamento que depois praticam. Pela maneira como constroem a narrativa destes factos. Pela terminologia e a adjetivação a que recorrem para os expor.

Neste dia em que é inaugurada uma nova etapa da vida política em Portugal, será particularmente interessante tomar nota das evoluções possíveis, se não prováveis, do que nos dirão doravante jornais (em papel ou em linha), rádios e televisões…

  

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