Uma desgraça nacional

J.-M. Nobre-Correia
Nestes anos de democracia, foi criado um sem-número de ordens. Há que nos interrogarmos sobre a sua verdadeira função…
Há uma desgraça, uma horrível desgraça que descobri no meu regresso a Portugal, depois de ter vivido toda a minha vida profissional no estrangeiro: as chamadas “ordens profissionais”.
E há ordens para toda e qualquer profissão (ou quase)! Sem que se saiba por vezes o que poderá bem ser a função de tais ordens em tais profissões. E pior do que isso: há profissões que só podem ser exercidas se o candidato a um posto de trabalho tiver o indispensável reconhecimento pela respetiva ordem. E sobretudo, claro, se pagar as exigidas quotas. Dois verdadeiros escândalos nacionais!…
Depois há os bastonários, personagens que fazem algumas vezes carreira na política partidária ou que ambicionam entrar futuramente na vida política. Enquanto vão tomando iniciativas que são clara e prioritariamente de caráter sindical. E alguns deles, pelo menos, vão levando vidas mais ou menos fastuosas …à custa das ditas quotas!
Em resumo: há uma proliferação de ordens em Portugal (a Wikipedia enumera nada menos de 18 e não estão lá todas: falta, por exemplo, a dos geólogos) que não têm sentido nenhum e que mais não são do que a continuação das antigas corporações de má memória.
Um sério funcionamento democrático da sociedade portuguesa exige que se meta urgentemente ordem nesta matéria. Que se defina clara e estritamente no plano legislativo a noção de ordem, delimitando as suas competências e o seu funcionamento…

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