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Il y a 58 ans, mon premier jour d'exil !

Il y aura ce soir 58 ans, le 28 décembre 1966 je suis arrivé à Bruxelles : vers 20h40, il faisait noir, il faisait froid et il pleuvinait. Je n'y connaissais strictement personne, personne ne m'attendait et je ne savais même pas où je pourrais aller dormir ce soir-là !… J'avais avec moi une adresse que j'avais découvert dans un quotidien de Lisbonne du 10 décembre. Dans cet article sur les "Étudiants latino-américains en Belgique" (faux sujet de nature à surmonter l'interdiction de la Censure préalable !), le "Diário de Lisboa" fournissait manifestement des adresses …aux nombreux jeunes portugais qui cherchaient à sortir du Portugal du salazarisme et des guerres coloniales ! Au Centre international des Étudiants, 26 rue de Parme, la directrice m'a cependant dit qu'elle n'avait aucune chambre disponible ! Seule l'intervention d'étudiants haïtiens, faisant remarquer qu'une étudiante se trouvait en vacances de Noël chez ses p...

Os anacronismos de um proclamado "progressista"

Em setembro, Jorge Mario Bergoglio (que tem o pseudónimo de Francisco para os católicos) foi à Bélgica a armar em parvo em matéria de pederastia do clero, de interrupção voluntária de gravidez, de estatuto das mulheres na Igreja… E agora achou por bem lançar o processo de beatificação de Baudouin de Saxe-Cobourg-Gotha, o falecido rei dos Belgas… Conclusão : mais de 14 mil belgas requereram ser eliminados dos registos batismais da Igreja Católica ! E aposto que este número aumentará quando Baudouin for declarado santo !… É por estas e por outras reações da dinâmica sociedade civil belga que eu gosto deste meu outro país !… Uma página inteira é consagrada ao assunto na edição de hoje do diário madrileno "El País"…  

A grande diferença entre dois mundos !

Sou profundamente republicano, 100% republicano ! Acabo porém de ver a mensagem de Natal do rei dos belgas, o chefe de Estado do meu outro país… Se não me engano, é a segunda vez no ano em que o chefe de Estado dos belgas (e não "rei da Bélgica", segundo a Constituição) fala na televisão. Mas que diferença em relação ao Golpista Incontinente, multi-bocas quotidiano sobre as maiores inépcias, mas que "esquece" de se pronunciar sobre acontecimentos essenciais da atualidade ! Que sorte têm os belgas de terem um chefe de Estado discreto e respeitador do Estado de direito ! E que tristeza os cidadãos deste velha nação chamada Portugal terem um incompetente fútil e manobreiro, incapaz de assumir dignamente as funções que a Constituição lhe atribui !…  

As simpatias de extrema direita do PSD

Um pouco por toda a parte na Europa, a extrema direita avança e uma boa parte da direita tradicional partilha cada vez mais os discursos e as práticas da extrema direita… Em Portugal, um partido que ridiculamente decidiu chamar-se "social democrata" (PSD, em vez de PPD), e que nunca o foi, envereda agora no poder por práticas de natureza a nos meter medo : o que aconteceu ontem no Martim Moniz, em Lisboa, com relentos de práticas fascistas, é absolutamente intolerável ! Esperemos pois da parte dos média e dos cidadãos o desejável e mesmo indispensável sobressalto !…  

A má avaliação do grande acontecimento

Leio por aqui pelo Facebook que os "quatro principais jornais" portugueses de hoje (sexta-feira 20) não falavam sequer na primeira página do gravíssimo acontecimento de ontem no Martim Moniz, em Lisboa. Eu limitei-me a ler os dois diários ditos de referência (de que sou assinante) e fiquei igualmente surpreendido com tal ausência. E mais particularmente com a ausência do tema em editorial, quer de um quer do outro, com as desejáveis tomadas de posição. Quer isto dizer que os mais elementares critérios de seleção dos factos de atualidade não foram devidamente avaliados e postos em aplicação nos alinhamentos escolhidos pelas direções editoriais. Admiremo-nos depois que os potenciais compradores e leitores de jornais não sintam verdadeiramente necessidade de os comprar e de os ler !… ADENDA : …e nas edições deste sábado 21 (do dia seguinte portanto), os esperados editoriais de tomada de posição perante o acontecimento são igualmente inexistentes !…   

Acertar sem mérito

Antes de começar o telejornal das 13h00 da RTP 1 digo à A., minha companheira de almoço : vais ver : INEM ou ministra da Saúde, Trump e Putin, e o inevitável futebol. Não sairemos dos clássicos três títulos. Acertei, mas não tenho mérito nenhum : é a clássica falta de originalidade do jornalismo que por cá se pratica !...  

Aos que ainda se lembram dela…

Pela leitura da edição de hoje do diário "Le Soir" de Bruxelas, tomo conhecimento da falecimento da etnomusicóloga Anne Caufriez (1945-2024)… Tenho várias recordações de Anne. A primeira das quais é a de que ela frequentava muito os estudantes portugueses no restaurante da Université Libre de Bruxelles em finais dos anos 1960-início dos anos 1970, quando a grande maioria de nós era exilada. Lembro-me depois que, quando a Anne soube das minhas origens no Fundão e que eu tinha trabalhado no "Jornal do Fundão", falou-me com muito entusiasmo do Fundão, de António Paulouro e do Padre António Morão, que ela tinha frequentado com Michel Giacometti (1929-1990), etnomusicólogo corso, formidável estudioso da música popular portuguesa que era na altura seu namorado. Giacometti a quem ela consagrou um livro concluído recentemente e ainda não publicado. Tive o seu irmão Philippe e o seu futuro marido Michel Plumley como alunos : que eles aceitem o meu abraço de solidariedade, ca...

Como é possível esta tragédia ?!…

Formidável peça de jornalismo de investigação no telejornal das 20h00 da pública France 2 (de quarta-feira 16, 19h00 em Portugal) provando que o exército israelita, depois de ter largamente destruído hospitais, escolas e demais infrastruturas de base em Gaza, pôs-se agora a destruir as instalações hidráulicas, criando problemas trágicos no que diz respeito à alimentação da população em água não só para beber como para as mais elementares utilizações no que diz respeito à higiene, por exemplo… Como é que um país nascido depois da Segunda Guerra Mundial, no seguimento da história trágica do povo judeu, é capaz agora de praticar um tal terrorismo genocidário brutal em relação aos povos vizinhos ? Como é possível que as nossas belas democracias ocidentais fechem os outros perante este genocídio arrogante que a extrema-direita no poder em Israel anuncia e pratica sem o menor escrúpulo ?! Inquietantes tempos que vivemos ! Inquietantes tempos em que as nossas democracias se permitem ignorar e...

Média e jornalismo em democracia

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J.-M. Nobre-Correia   Será a informação a que temos direito de natureza a nos permitir ser cidadãos no mais amplo sentido do termo?…   É preciso ler, ouvir e ver média de países da nossa própria área geográfica e cultural para nos darmos conta até que ponto a informação jornalística vai mal no “país à beira-mar plantado”. Ou melhor: não espreitá-los apenas de raspão, mas frequentá-los assiduamente com a devida atenção crítica. E procurar então compreender o porquê da situação em Portugal. Oh!, as insuficiências da informação jornalística vêm de longe, consequência de um velho país cedo ultracentralizado, vivendo durante séculos num analfabetismo largamente enraizado e naturalmente desprovido de preocupações culturais. A sua paisagem mediática nasceu assim disforme, praticamente circunscrita a uma estreita faixa do litoral Centro-Norte, tendo como ponto de apoio Lisboa e muito acessoriamente o Porto. Acrescentemos a tais dados de base o facto de os mecanismos de controlo da cri...

Conceber uma ambição para a Lusa - 3

No seguimento da publicação aqui (em 16 de agosto) do meu artigo publicado no "Expresso" de 15 de agosto e do texto de um Leitor (não identificado, mas do meu conhecimento, em 19 de agosto), recebi de Afonso Camões (que foi administrador não executivo da Lusa entre 2005 e 2009, e presidente e administrador executivo entre 2009 e 2014) um longo texto que já tem alguns anos mas que continua a ter grande interessante para compreender a importância da Lusa no contexto mediático nacional e lusófono… ••••• […] Cheguei à Lusa no outono de 2005, nomeado como administrador não executivo, em representação do acionista Lusomundo Média, designação do maior acionista privado da agência, que mudou posteriormente para Controlinveste e, depois ainda, para Global Media Group. Em princípios de 2009, fui eleito pela primeira vez presidente e administrador executivo, pela unanimidade dos acionistas, em assembleia geral, tendo sido reconduzido para novo mandato em 2012. Quando em outubro de 2014 ...

Conceber uma ambição para a Lusa - 2

Um Leitor altamente conhecedor do funcionamento da agência Lusa endereçou-me uma reação ao artigo que publiquei no "Expresso" de quinta-feira 15 de agosto. Porque considero o seu texto extremamente interessante, pedi-lhe para o poder publicar aqui no meu blogue, limitando-me a suprimir, com o consentimento dele, dois curtos parágrafos iniciais e outro final de caráter mais pessoal, e a não indicar o nome do Autor. Aqui fica esta importantíssima contribuição para um debate sobre o futuro da agência de informação em língua portuguesa… ••••• "[…] não posso deixar de lhe dizer o seguinte:   Do meu ponto de vista fez o Estado muito bem em comprar a quase totalidade do capital da Lusa. E só não é a totalidade porque há acionistas que estão desaparecidos em combate, faliram ou pura e simplesmente desapareceram.   E porque fez bem o Estado? Porque pura e simplesmente os privados não vêem qualquer interesse em manter-se como acionistas da Lusa e, para a Lusa, esses acionistas não...

Conceber uma ambição para a Lusa

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Portugal não pode contentar-se em dispor de uma agência de informação tão limitada no seu perímetro de ação…   J.-M. Nobre-Correia No último dia de julho, o Estado compra participações de acionistas privados na agência  Lusa  e passa a deter 95,86% do seu capital. Notícia que cai na indiferença geral de um país em férias. E até mesmo numa relativa distração dos média, quando  Lusa  dispõe em Portugal de um estatuto de monopólio de facto como agência de informação geral. Quando em boa parte dos países vizinhos, a grande agência nacional de informação conta com uma ou mais concorrentes que lhe disputam clientes, propondo abordagens diferentes da atualidade. Que esta alteração de fundo não tenha “provocado ondas”, traduz bem a inconsistência de um meio político que, na sua maioria, prefere média canalizadores de comunicação oficiosa e não vigilantes atentos e críticos da atualidade. Mas é também o reflexo de um panorama mediático nacional particularmente pobre. Com...

Uma questão de princípios

J.-M. Nobre-Correia Nunca tive alma de militante político! Ou mais exatamente: ser militante de um partido político nunca foi “ma tasse de thé”. Pela simples razão que sempre quis pensar pela minha cabeça e não alinhar em posições adotadas por instâncias dirigentes de um partido e seguir disciplinadamente o que elas decidiram. Mas, para que seja bem claro, até tenho uma certa admiração e respeito pelos militantes que se investem desinteressadamente na vida da “polis”. Dito isto, a vida política sempre me interessou como observador exterior, como leitor de jornais e livros na matéria e como cidadão “engagé” em questões que considero fundamentais em termos de Democracia pluralista, de Estado de direito e de Justiça social. O que explica que uma das minhas formações académicas seja precisamente em ciências políticas.  Não impede que, apesar de viver agora em Portugal, após uma vida académica como estudante e como profissional, inteiramente desenrolada prioritariamente no estrangeiro, ...

Os discretos talentos de um homem

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nova versão ligeiramente ampliada J.-M. Nobre-Correia Na brutalidade clássica das chamadas redes sociais, surge a notícia: faleceu o Diamantino Gonçalves! Assim: de maneira totalmente imprevisível, como só a Morte tem a ousadia e a cobardia de fazer. Quando até ainda há poucos dias o sereno sorriso (quase) permanente do Diamantino iluminava sempre os nossos encontros programados ou imprevistos… Diamantino Gonçalves era um ser magnífico. Um apaixonado pela história local que o levava muito longe, bem para lá dos contornos naturais da Cova da Beira. Uma história sobre a qual pesquisava, dando-nos a conhecer documentos particularmente originais e de manifesto interesse, fazendo-nos descobrir lugares, personagens e momentos singulares. Mas era também e sobretudo um brilhante fotógrafo, pelos temas, os enquadramentos e a luminosidade que tinha o talento de escolher na sua captação das imagens, quantas vezes, de uma formidável e delicada beleza… Diamantino Gonçalves era também um homem de co...

Os discretos talentos de um homem

J.-M. Nobre-Correia Na brutalidade clássica das chamadas redes sociais, surge a notícia: faleceu o Diamantino Gonçalves! Assim: de maneira totalmente imprevisível, como só a Morte tem a ousadia e a cobardia de fazer. Quando até ainda há poucos dias o sereno sorriso (quase) permanente do Diamantino iluminava sempre os nossos encontros programados ou imprevistos… Diamantino Gonçalves era um ser magnífico. Um apaixonado pela história local que o levava muito longe, bem para lá dos contornos naturais da Cova da Beira. Uma história sobre a qual pesquisava, dando-nos a conhecer documentos particularmente originais e de manifesto interesse. Mas era também e sobretudo um brilhante fotógrafo, pelos temas, os enquadramentos e a luminosidade que tinha o talento de escolher na sua captação das imagens. Diamantino Gonçalves era também um homem de convicções fortes e afirmadas sem rodeios, perante o ceticismo e as opiniões eventualmente divergentes do seu interlocutor. Diamantino Gonçalves fará falt...

Das cortinas de fumo como estratégia

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J.-M. Nobre-Correia Na atualidade dos últimos meses, há assuntos realmente importantes e os que só têm como razão de ser fazê-los esquecer…  É possível que o assunto faça objeto de conversas entre profissionais à mesa de café, em cenáculos menos restritos ou até em salas de redação. Nada porém transpira, que se saiba, para fora destes possíveis círculos. Estamos no entanto há meses perante uma situação altamente preocupante em termos políticos como jornalísticos. Quando até é bem conhecido este mecanismo de distorção da informação que procura atenuar ou escamotear factos realmente importantes…   A teoria é clara: um pseudoacontecimento é criado por um ator ou instância de poder, de modo a atenuar o impacto de uma informação desfavorável (é a primeira hipótese) ou a escamotear o verdadeiro acontecimento com incidências bastante negativas (segunda hipótese). E os exemplos têm abundado em diversos países, nas mais diversas situações. Quando em finais dos anos 1960, os Estados Uni...