Em que mundo vivem eles?

J.-M. Nobre-Correia

Vimos e lemos aqui e além nos jornais portugueses ditos “nacionais” que faleceu a primeira mulher de Donald Trump. Reparem que ela já não era a esposa do ex-presidente. E que, no fim de conta, só existia jornalisticamente porque se fazia ou fizera chamar Trump (neste horrível hábito de fazer as mulheres substituir o seu próprio apelido pelo do marido, menorizando-as. Mas não o contrário, reparem!).

Ora, em princípio, o desaparecimento da dita senhora “Trump” não tem consequência nenhuma no plano internacional, nem mesmo, supõe-se, no plano interno estado-unidense. E claro, não tem incidência absolutamente nenhuma sobre a vida quotidiana dos portugueses. O que não impediu os nossos jornais “nacionais” de acharem por bem de anunciarem o acontecimento.

Agora, entre nós, faleceu anteontem a esposa de Mário Centeno. Quer dizer do ex-ministro das Finanças e do atual governador do Banco de Portugal, uma figura pública nem conhecida. Procuro nos jornais de referência portugueses e constato com estranheza não haver uma linha sobre o assunto!

Poder-se-á argumentar que tal acontecimento é de ordem privada. Mas então por que dar uma e mesmo duas notícias sobre o falecimento de Ivana Trump? E o falecimento da esposa de Centeno, Maria Margarida, não nos dirá mais diretamente respeito?

Por vezes, o jornalismo português tem manifestamente razões que a razão não compreende, como diria Blaise Pascal!…

 

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