Pequena recordação do que mudou…

J.-M. Nobre-Correia

Do antigo e do atual Primeiro de Maio dos jornais, cá e lá fora…

No tempo da ditadura salazarista, uma só profissão (que eu saiba) fazia feriado no dia 1 de maio : a dos tipógrafos. Uma profissão que foi durante longos decénios a de um raríssimo proletariado que sabia ler e escrever, por vezes até com uma boa cultura de base, tendo assim uma consciência social e política que lhe permitira conservar esta celebração do 1° de Maio que o salazarismo recusava aos outros trabalhadores.

Em consequência deste feriado do 1° de Maio, nos tempos da ditadura não se publicavam jornais em Portugal neste dia.

Em países como a Bélgica e a França, por exemplo, ainda hoje os diários não são publicados. Nem sequer as edições digitais deles.

Para além deste feriado, no Portugal da ditadura, os diários eram publicados todos os sete dias da semana. Depois do 25 de Abril, uma decisão absurda fez que os diários tivessem deixado de ser publicados aos domingos, como se a atualidade parasse e como se a rádio e a televisão não existissem…

Depois, os diários voltaram a ser publicados sete dias na semana. E agora até já nem feriado do 1° de Maio há para os que trabalham nas tipografias (um meio profissional que, é verdade, mudou fundamentalmente em muitos aspetos desde os anos 1970).

Perdeu-se o simbolismo de uma data nos meios da imprensa. E claro está que há quem lamente a ausência de tal simbolismo…

 

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