A rádio parente pobre da televisão

J.-M. Nobre-Correia

Conhecendo as situações das rádios e das televisões públicas na Europa, tenho, no entanto, tendência a considerar que a melhor situação para a rádio é a de uma instituição autónoma. Só assim ela depende do seu próprio orçamento, dos seus próprios equipamentos técnicos, do seu próprio pessoal, de modo a decidir da sua própria programação e do seu tratamento específico da informação. Quando ligada na mesma instituição à televisão, esta tem claramente tendência a absorver em seu proveito os meios teoricamente atribuídos à rádio.

A entrevista de duas páginas do presidente da RTP no Público de hoje é significativa. Para além de considerações gerais sobre a instituição, tudo, absolutamente tudo o que é perguntado e respondido diz respeito à televisão e unicamente à televisão. Numa das respostas, o entrevistado faz referência a “todo o universo da rádio”, nestas cinco palavras apenas, sem nada explicitar sobre o assunto. E na penúltima pergunta é finalmente abordado “o futuro da rádio pública”, o que dá lugar a uma resposta de princípio no mínimo vaga, nada concreta, de apenas vinte e uma palavras, em seis linhas!

A rádio pública em Portugal encontra-se há longos anos em fase de estiolamento avançado. Mas quem é que se preocupa com tal quase-ausência no panorama mediático nacional?!…

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Deixem-me fazer uma confissão

Como é possível?!

O residente de Belém ganhou mesmo?