Assim vamos andando…

 J.-M. Nobre-Correia

Deixem-me que lhes diga duas coisas a propósito do que se passa atualmente no meio televisivo português.

Primeiro: se as televisões generalistas privadas procederam como procederam estes dias em termos de programação, no seguimento da morte de uma jovem num acidente de viação, só porque a jovem tinha como origem uma família ligada à música popular, é porque os legisladores e os antecessores da ERC não tiveram a lucidez prospetiva e a coragem de estabelecer previamente, antes da atribuição das licenças de emissão às ditas televisões, cadernos de encargos suficientemente precisos de modo a impedir tal tipo de derrapagens, derrapagens aliás bastante frequentes, embora tomando aspetos diferentes. Mas é também porque, atualmente, a ERC continua a preferir quase sempre uma atuação que não “faz ondas”, pelo que os média faltosos continuam a fazer o que lhes dá na real gana…

Segundo: o meu conhecimento das televisões europeias e mais particularmente das televisões belgas, luxemburguesas e francesas (aqueles que eu frequentei diariamente durante toda a minha carreia profissional e que continuo a frequentar regularmente), a que vêm juntar-se as minhas atividades de investigador e professor na área dos média, levam-me a afirmar categoricamente que as declarações recentes de um jornalista e escritor em vista sobre o holocausto teriam provocado reações violentas da parte de meios jornalísticos e das respetivas associações. E teriam, muito provavelmente, implicado uma suspensão imediata das suas atividades na instituição que o emprega e até, possivelmente, levado a um afastamento compulsivo “por falta grave”…

“Mas não se esqueça que estamos em Portugal”, dizem-me. Pois, ao que parece. E neste caso: tristemente, perante a indiferença quase geral…

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