Da genial privatização dos CTT…

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J.-M. Nobre-Correia

Não me digam que a privatização dos CTT não foi uma iniciativa genial do governo do não menos genial Pedro Passos Coelho, …o agora professor catedrático da pública Universidade de Lisboa (…embora sem percurso académico nem dossiê científico)?…

Tal iniciativa foi tanto mais genial que, se estou bem informado, os CTT até davam então lucro. E o que é certo é que funcionavam incontestavelmente muito melhor do que agora que são propriedade privada…

Antes, eu recebia o correio vindo de Bruxelas, por exemplo, dois ou três dias depois da expedição. Agora o mesmo correio leva geralmente duas ou três semanas a chegar!

Esta segunda-feira 2 de maio recebi, cinco dias depois, um semanário regional português posto no correio na quarta-feira 27 de abril!

Na terça-feira 26 de abril, expedi um correio do Fundão para Alpedrinha e outro para Paris. Tenho o recibo com a indicação da data e da hora (12h34). O correio para Alpedrinha, aqui a uns 12 quilómetros de distância, chegou hoje, quarta-feira 4 de maio, quer dizer: oito dias depois!

Antes, os destinatários tinham que assinar para confirmar a receção de um correio registado. Agora o correio registado é posto na caixa do correio, por vezes com longos dias de atraso! Como provar então que o correio registado foi recebido ou que foi recebido em tal data, quando se trata de correios oficiais ou até de comunicações de datas (já ultrapassadas) para, por exemplo, consultas médicas ou para efetuar pagamentos?

Espantoso! Mas o que mais me espanta é a maneira como tudo isto se passa sem protestos da sociedade civil, das instituições públicas ou dos mandatários públicos.

Quando estive na terça-feira 26 de abril nos Correios do Fundão, estavam exatamente dez utentes à espera de serem atendidos, uma só senhora atendia o utente que chegara antes deles. Quando eu educadamente fiz reparar à senhora que estavam ali dez pessoas há bastante tempo à espera e que os outros guichés não tinham ninguém a atender, ela respondeu-me muito simplesmente que “isto hoje está complicado”! Só que não era nem a primeira nem a segunda vez que a situação estava “complicad[a]”!…

Aguentamos tudo! E haveria muito a dizer sobre as razões históricas desta passividade…

 

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