Na morte de Mário Mesquita

J.-M. Nobre-Correia

Que horror! Estou profundamente estupefacto!…

Nestes últimos tempos, falava ao telefone duas, três e até mais vezes por semana com o Mário Mesquita.

Sabia já há poucas semanas que ele iria ser submetido a uma intervenção cirúrgica ontem. Na quarta-feira de manhã cedo, dia em que ele entraria para o hospital, tentei falar com ele para desejar que tudo corresse bem. Mas ele já tinha desligado o telemóvel.

Ontem à noite falei com a filha, de quem tinha acabado de descobrir o número de telemóvel, e numa breve conversa antes de deitar a Cecília, que festejava o seu primeiro aniversário, disse-me que ainda não tinha falado com o pai, mas que a mãe, Clotilde, tinha falado com ele e que a intervenção tinha corrido bem. Pelo que a notícia que irrompeu agora no meu computador me causa horror e tristeza…

Conheci o Mário Mesquita, que era então diretor do “Diário de Notícias”, por ocasião da receção na Embaixada de Portugal em Bruxelas, quando o presidente António Ramalho Eanes foi em visita oficial à Bélgica.

Mais tarde, quando ele foi estudar para a Université Catholique de Louvain, frequentámo-nos um pouco. E ele passou a ser até um assíduo frequentador da minha biblioteca privada em matéria de média e de informação jornalística.

Depois, frequentámo-nos quando eu vim, durante cinco anos, dar aulas à Universidade de Coimbra, onde ele também ensinava.

A agora que eu regressei a Portugal, o nosso contacto passou a ser bastante regular desde há dez anos. E falávamos das nossas vidas privadas (ele que era bastante reservado neste campo) e dizíamos todo o mal que pensávamos da evolução da prática jornalística, sobretudo em Portugal!…

Mário Mesquita era um homem muito inteligente, extremamente culto, com “uma memória de elefante” (dizia eu, embora ele não estivesse de acordo), com um sentido de humor muito singular e um notável sentido da educação no relacionamento social.

A área dos média, da comunicação e da informação jornalística em Portugal perde um brilhante docente e um grande senhor…

Vai um abraço cheio de ternura para a Clotilde, para a Ana e para a Cecília.

  

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