Quando uma antiga e sólida democracia exclui os fachos!

J.-M. Nobre-Correia

A Bélgica é um país complexo, com formações políticas que se foram separando nos últimos decénios segundo as suas alas linguísticas: só o relativamente jovem PTB-PVDA (Partido do Trabalho da Bélgica), de origem maoista, cada vez com mais peso eleitoral, continua a afirmar-se nacional.

O quadro eleitoral é também ele contrastado, com uma extrema direita bastante forte no norte, na Flandres, e relativamente inexistente no sul, na Valónia e em Bruxelas.

No outro dia o presidente do partido liberal francófono, o MR, ousou romper o tradicional “cordão sanitário” e debater com o representante do flamengo Vlaams Belang (VB), de extrema direita. Caiu-lhe estrondosamente o céu em cima da cabeça! Com os vivos protestos do mundo político e até do mundo mediático francófonos!…

Consequência deste episódio: todos os partidos políticos francófonos acabam de assinar uma “Carta da democracia” em que é reafirmado o ‘cordão sanitário” (cuja primeira versão sara de 1993: há quase trinta anos). Só o PTB-PVDA não o assinou, considerando não poder, como partido nacional, respeitar o princípio na Flandres, onde encontra permanentemente confrontado ao VB, afirmando o seu presidente estar porém de acordo com a sua aplicação no sul do país.

Aqui fica este texto publicado hoje pelo diário Le Soir de Bruxelas. Um texto que deveria fazer refletir os partidos políticos portugueses nas suas relações com o facho local, assim como os média sobre a importância desmedida que foram dando à empresa unipessoal do dito facho, assim como ao espaço e ao tempo que continuam a consagrar-lhe…

Ou quando uma jovem democracia e os jovens livres média nacionais deveriam refletir na experiência de uma velha democracia e de média que, em quase duzentos anos de independência, nunca souberam o que era censura…




Comentários

Mensagens populares deste blogue

Deixem-me fazer uma confissão

Como é possível?!

O residente de Belém ganhou mesmo?