Novidades na continuidade

J.-M. Nobre-Correia

Há uma grande novidade no telejornal das 20h00 da RTP1: hoje o jornal não abriu com a eternamente permanente Ucrânia, mas sim com o F.C. Porto, “campeão” em futebol. O que durou nada menos de 25 minutos!!!

O inquilino de Belém, exibicionista umbigo-centrista totalmente desprovido do ridículo, fez longos comentários sobre este Benfica-Porto. E, claro, houve quem não tivesse vergonha de recolher tão “importantes” declarações. Como conclusão da sequência, tivemos direito a dois “comentadores” a dissertar longamente sobre matéria tão fundamental!…

Depois de uns oito minutos de publicidade (o que é totalmente ilegal noutros países da União Europeia), a apresentadora prometeu que o telejornal acompanharia mais tarde os festejos dos adeptos do Porto (…que alívio para os drogados da bola: ainda haverá mais!). E surgiu enfim a Ucrânia. E eu desliguei…

Antes disso, vi o telejornal das 20h00 (19h00 em Portugal) da pública France 2 que abriu muito naturalmente com a cerimónia da entrada em funções do segundo mandato de Emmanuel Macron como presidente da República.

Logo em seguida, o jornal propôs uma reportagem no Afeganistão sobre a nova imposição da burka às mulheres e a interdição em muitas localidades da frequentação das escolas pelas raparigas, nove meses depois da chegada dos talibãs ao poder.

Seguiu-se uma reportagem sobre as eleições na Irlanda do Norte e os resultados potencialmente favoráveis à integração na República de Irlanda (do sul).

A Ucrânia foi evocada aos 17 minutos, em menos de um minuto, com rápidas imagens de um desfile militar que terá lugar amanhã em Moscovo, comemorando o fim da Segunda Guerra Mundial.

Veio depois uma reportagem sobre a Índia como produtor de trigo. Dada a guerra na Ucrânia, a Índia passa a ser o principal exportador mundial deste cereal.

E não vale a pena continuar a lista de assuntos para que possamos constatar a grande diferença entre as públicas RTP1 e France 2.

Ao longo dos anos, a pobreza da informação televisiva a que temos direito em Portugal é por demais confrangedora. Resta saber que equipa jornalística terá sido constituída ao longo dos anos para que nunca assistamos a um vento de revolta interno de quem não suporta mais esta situação degradante para verdadeiros profissionais do jornalismo…

ADENDA: tendo tido necessidade de ir à sala onde se encontra um televisor, constatei às 21h28 …que estavam de novo a dar um “direto” com adeptos equipados “à Porto”!!!

  

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